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Cidades

Tráfico é rotina, mas moradores dizem que polícia só aparece em dia de morte

Venda de drogas é risco no Anache, que já ganhou apelido em referência ao principal corredor gastronômico da cidade

Fernanda Palheta e Clayton Neves | 25/09/2019 09:34
Tráfico é rotina, mas moradores dizem que polícia só aparece em dia de morte
Marcas de sangue continua no local onde Jhonatan Estanley Caldas, 21 anos, foi morto com pelo menos dois tiros na cabeça (Foto: Henrique Kawaminami)

A Rua Belo Canto, no Jardim Anache, em Campo Grande, onde Jhonatan Estanley Caldas, 21 anos, foi morto com pelo menos dois tiros na cabeça, amanheceu sem movimento nesta quarta-feira (25). No bairro dominado pelo tráfico de drogas, os moradores evitam conversa e quando falam revelam que aprenderam a “conviver” com a criminalidade.

Morador da região há cinco anos, pedreiro, de 47 anos, que não quis se identificar, confirmou que a criminalidade existe, mas diz que "não pode nem comentar muito”.

Ele explica que a família já mora no bairro há mais de 10 anos e aprendeu a conviver com o problema. “Tem que ficar de boa, não dar moral para não ter problema. Não pode se entrosar no meio”, disse. “Tem que ficar cada um no seu quadrado”, completou.

O pedreiro conta que já viu Jhonatan no bairro. “Com os moradores ele era de boa, passava e conversava, mas já ouvi boatos que ele era envolvido com o tráfico”, relata.

Morador da rua onde o crime aconteceu, aposentado de 78 anos, também não quis se identificar, mas conta que estava em casa, recebendo visitas, quando ouviu barulhos que pareciam disparos. A rotina violenta parece ajudar os moradores até a identificar os estampidos. “Os barulhos eram diferentes de tiros de 38, por isso nem sai para ver”, relata, o senhor argumentando que pesnou ser algo sem gravidade . Com medo, ele diz que as visitas decidiram ir embora. Ao sair na porta de casa, o aposentado se deparou com a movimentação na rua.

Ele conta que, devido a criminalidade no bairro, “se prende dentro de casa” e evita sair. “O portão é todo trancado. Só saio quando é necessário, justamente para não me envolver”, disse. Segundo o aposentado, essa é uma das maneiras encontradas para tentar se proteger.

Mesmo se trancando em casa, o aposentado conta que já passou por sustos no bairro. Na semana passada um homem pulou o portão da casa para fugir da polícia. “Ainda tem a marca de pé no muro de casa”, afirma.

O jardineiro, de 55 anos, outro que prefere esconder o nome, também ouviu os barulhos dos disparos, mas só percebeu o que aconteceu quando viu as luzes de faróis de carro e da sirene da ambulância.

Morador do bairro há pouco tempo, o jardineiro aponta que a segurança na região só chega com o crime. “Só tem quando morre alguém e quando tem tiro. Isso aqui é uma verdadeira cracolândia”, afirma.

O bairro é identificado pela polícia como uma situação problema da Capital e garante que é uma das áreas que recebe atenção maior das forças policiais. Um dos policiais chegou a comparara o lugar como a “Bom Pastor do Tráfico”, em referência ao corredor gastronômico da Avenida Bom Pastor, no Bairro Vilas Boas. O posto da Polícia Militar que atende a região fica no Bairro Nova Lima, ao lado do Anache.

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