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Cidades

Veja criminosos de MS já submetidos a teste aplicado em Suzane von Richthofen

Um deles foi Jair Soares de Oliveira, preso em maio de 2020 por matar a facadas a ex-mulher e o namorado dela

Por Lucia Morel | 20/11/2025 10:36
Veja criminosos de MS já submetidos a teste aplicado em Suzane von Richthofen
Borrões do Teste de Rorschach que são apresentados à pessoa em análise. (Foto: Reprodução)

Pais que perderam a guarda da filha e um autor de feminicídio estão entre os criminosos de Mato Grosso do Sul submetidos ao Teste de Rorschach, exame que ganhou notoriedade após ser aplicado a Suzane von Richthofen e a outros presos da Penitenciária Doutor José Augusto César Salgado, o Tremembé. O exame, conhecido como “teste do borrão de tinta”, consiste em apresentar imagens abstratas ao avaliado para identificar traços da personalidade e a dinâmica psicológica do indivíduo.

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O Teste de Rorschach, conhecido como "teste do borrão de tinta", tem sido aplicado a diversos criminosos em Mato Grosso do Sul, assim como foi utilizado com Suzane von Richthofen. Entre os casos está o de Jair Soares de Oliveira, que matou a ex-mulher e o namorado dela, sendo considerado inimputável após o exame. O método, criado pelo psiquiatra suíço Hermann Rorschach em 1921, consiste na apresentação de dez imagens com manchas simétricas para análise da personalidade. Em MS, o teste também foi aplicado em casos de perda de guarda parental e em avaliações para progressão de regime prisional, sendo determinante nas decisões judiciais.

Um dos avaliados foi Jair Soares de Oliveira, hoje com 38 anos, preso em maio de 2020 por matar a facadas a ex-mulher, Marilei Ramos, e o namorado dela, Gilcione Rodrigues Martins, em Costa Rica, a 326 km de Campo Grande. O laudo produzido pelo psicólogo e perito Enver Merege Filho apontou inflexibilidade e grande dificuldade de adaptação a novas situações.

"Não apresenta problemas pertinentes à figura de autoridade. Não apresenta aptidão para modular suas descargas emocionais e controlar suas pulsões agressivas e sexuais. Os comportamentos irascíveis/agressivos não se fazem presentes como fontes primárias da ação, mas podem se expressar através de atitudes impensadas."

A realização do teste em Jair, segundo os advogados dele, Diego Francisco Alves da Silva e Cleidomar Furtado de Lima, ambos de Coxim, foi decisiva. "Livrou-o do júri", disseram. E foi ainda determinante para a sentença, que o declarou inimputável.

Em março de 2023, o juiz absolveu sumariamente o réu “diante da ausência de culpabilidade em razão de doença mental”. Jair foi diagnosticado com retardo mental leve e coeficiente de inteligência extremamente baixo.

O magistrado determinou sua internação em hospital de custódia por três anos, “devendo perdurar enquanto não cessada a periculosidade”. Segundo a execução penal, desde junho do ano passado, ele passou a receber acompanhamento ambulatorial no Caps (Centro de Atenção Psicossocial), ainda em curso.

Outro caso, de 2021, corre em segredo de Justiça. Por envolver criança, o Tribunal de Justiça determinou que os pais de uma menina vítima de maus-tratos também fossem submetidos ao exame. A sentença transferiu a guarda à tia materna e encaminhou os pais para tratamento contra álcool e drogas.

Embora os resultados do Rorschach não constem nas publicações oficiais, é possível inferir que subsidiaram a manutenção do afastamento. Em um dos recursos negados, o juízo destacou que a mãe “não reúne condições psicológicas e sociais para ofertar os cuidados necessários”, citando transtornos de personalidade e psicóticos, além de comportamento agressivo.

Veja criminosos de MS já submetidos a teste aplicado em Suzane von Richthofen
Jair Soares de Oliveira em reconstituição, no quarto onde o casal foi assassinado. (Foto: Divulgação/Polícia Civil/Arquivo)

O mesmo teste foi aplicado a outro casal que perdeu a guarda dos filhos e respondia a processo por abuso sexual. O conteúdo do laudo não é revelado, mas a sentença menciona três incisos do artigo 1.638 do Código Civil: atos contrários à moral (abuso sexual), castigo imoderado (maus-tratos) e abandono.

Já em 2014, o réu Diogo Renato de Oliveira foi condenado a 21 anos, 3 meses e 16 dias por homicídio qualificado, furto e porte ilegal de arma. Apesar do bom comportamento dentro da prisão, seus pedidos de progressão de regime têm sido negados. Ele com ajuda de mais duas pessoas, matou Robson Vieira Nunes, em outubro de 2012.

Em decisão de agosto deste ano, o juiz Alexandre Antunes da Silva reconheceu que o condenado já cumpriu o lapso temporal, mas destacou que o laudo criminológico, que também utilizou o Teste de Rorschach,  aponta risco para o retorno ao convívio social.

Segundo o laudo, Diogo “demonstra posicionamento individualista, com predisposição para priorizar suas próprias necessidades e perspectivas em detrimento de uma abordagem coletiva”, além de indícios de apatia e desinteresse pelo outro. Para o juízo, as características ainda comprometem sua reintegração, o que inviabiliza a ida ao regime semiaberto.

Veja criminosos de MS já submetidos a teste aplicado em Suzane von Richthofen
Teste voltou a ser assunto após a série Tremembé, onte Marina Ruy Barbosa interpresa Suzane. (Foto: Divulgado)

Teste de Rorschach - O Teste de Rorschach é um método projetivo de avaliação psicológica que busca entender a estrutura da personalidade, os processos de pensamento e a dinâmica emocional de um indivíduo. Ele consiste na apresentação de dez pranchas padronizadas com manchas de tinta simétricas e ambíguas (metade coloridas e metade em preto e branco/cinza).

O examinando é solicitado a descrever o que ele "vê" ou o que a mancha "parece". O que o indivíduo "projeta" nas manchas ambíguas é analisado. A interpretação não se baseia no conteúdo literal da resposta, mas sim em como a resposta foi formada (por exemplo: se usou a forma, a cor, o movimento ou apenas um detalhe da mancha).

O teste foi criado pelo psiquiatra e psicanalista suíço Hermann Rorschach, com a primeira publicação em 1921, no livro Psychodiagnostik. Um ano depois, Rorschach morreu. A confiabilidade em seus resultados, entretanto, começou na década de 70, após aperfeiçoamentos.

É considerado confiável para acessar aspectos profundos, inconscientes ou não verbais da personalidade, como a organização cognitiva, o controle do impulso e a percepção da realidade, fornecendo dados que outros testes (como questionários de autorrelato) não conseguem obter.

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