ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, SEXTA  26    CAMPO GRANDE 24º

Campo Grande 115 Anos

Com 100 anos, Ferrovia Noroeste ainda é orgulho de tripulação

Filipe Prado | 17/08/2014 11:00
Com 100 anos, Ferrovia Noroeste ainda é orgulho de tripulação
Em 2014 a Ferrovia Noroeste completa 100 anos (Foto: Marcos Ermínio)
Em 2014 a Ferrovia Noroeste completa 100 anos (Foto: Marcos Ermínio)

Há 100 anos Campo Grande comemorava a chegada da modernização, apenas 15 anos depois de se tornar município. Em outubro de 1914 a estrada de ferro, que começou em Corumbá, uniu-se com os trilhos de Bauru (SP) formando a Ferrovia Noroeste do Brasil (NOB). Mesmo com as mudanças na ferrovia, entre elas o fim do transporte de passageiros, ainda na década de 1990, os ex-tripulantes ainda se orgulham do trabalho realizado.

A Noroeste chegou a Campo Grande em maio de 1914, mas somente se tornou ferrovia após se unir com a estrada de ferro de Bauru, em outubro. O presidente da Afapedi (Associação dos Ferroviários, Aposentados, Pensionistas, Demitidos e Idosos), Valdemir Vieira, contou que a ferrovia chegou a fazer 70% do transporte do país.

“A ferrovia trouxe um grande desenvolvimento para Campo Grande. Havia cerca de 1800 habitantes no município, 10 anos depois da ferrovia, o número aumentou para 50 mil”, garantiu Vieira.

De Minas Gerais, o pai de Joaquim Nazareth do Carmo, 67 anos, chegou a Capital para ser um dos tripulantes da ferrovia. Ele contou que o pai sempre o incentivou a trabalhar na Noroeste. “Era uma honra começar a trabalhar na ferrovia e ir crescendo no trabalho”, enalteceu Joaquim.

Ele trabalhou no trecho entre Campo Grande e Corumbá por 34 anos, oito meses e 16 dias muito bem contados. “Não tenho dúvida, tenho muito orgulho”, revelou Joaquim.

Outro ex-tripulante que “nasceu” na ferrovia foi Nelson Araújo, 54. O sonho de trabalhar na Noroeste foi herdado do pai, que saiu da Bahia e veio morar em Campo Grande.

Valdemir afirmou que a ferrovia trouxe prosperidade para Campo Grande (Foto: Marcos Ermínio)
Valdemir afirmou que a ferrovia trouxe prosperidade para Campo Grande (Foto: Marcos Ermínio)
Gildo ainda lembra com orgulho do trabalho realizado (Foto: Marcos Ermínio)
Gildo ainda lembra com orgulho do trabalho realizado (Foto: Marcos Ermínio)

Com satisfação ele lembra dos momentos vividos no ferrovia, mas o que mais marcou foi a chegada do “trem pagador”. “Ele trazia o pagamento dos ferroviários. Era uma festa na cidade. Também o vagão do Papai Noel, que transportava os presentes para as crianças”.

A ferrovia percorreu seus 22 mil quilômetros por mais de 80 anos. Em 1996 ela foi privatizada. Vendida para uma empresa americana por R$ 62.5 mil divididos em 112 parcelas. A partir disso, de acordo com Vieira, a ferrovia perder a força. “Foi triste. Foi um choque para todos nós”.

Mas a história ainda é viva entre os ferroviários e trabalhadores da Noroeste. O índio terena Gildo Sobrinho, 57, fez parte da manutenção dos trilhos por quatro anos, de 1970 a 1974. Também ajudou na construção da ponte em Corumbá.

“É uma satisfação, um orgulho passar por ali e ver que eu ajudei a levantar tudo isso”, confessou Gildo.

A estrada de ferro ligou Bauru (SP) a Porto Esperança, em Corumbá (Foto: Marcos Ermínio)
A estrada de ferro ligou Bauru (SP) a Porto Esperança, em Corumbá (Foto: Marcos Ermínio)
Nos siga no Google Notícias