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Cidades

“É melhor tentar do que não fazer nada... Se não, nada mudará”

Mobilização e arte são os instrumentos de mudança dos haitianos

Osvaldo Júnior | 11/10/2017 11:43
Jovem haitiano em oficina de audiovisual (Foto: Divulgação)
Jovem haitiano em oficina de audiovisual (Foto: Divulgação)
“É melhor tentar do que não fazer nada... Se não, nada mudará”

A palavra “rota” carrega a força semântica exigida pelas histórias dos haitianos. Significa caminho, rumo, mas também tem sentido de luta. E nessa rota, os haitianos se organizam para divulgar sua cultura, reduzir preconceitos e amenizar os problemas enfrentados no dia a dia. Para isso, estão criando uma associação, produzindo um filme e outros tipos de arte.

A solidariedade entre os haitianos terá peso institucional com a entidade denominada Associação para o Avanço dos Imigrantes Haitianos em Três Lagoas. O comitê executivo da associação, coordenado por Júnior Justi, já vem se reunindo e, no dia 2 de novembro, será realizada assembleia com maior número possível de haitianos residentes no município.

Júnior é o coordenador de associação, que dá os primeiros passos (Foto: André Bittar)
Júnior é o coordenador de associação, que dá os primeiros passos (Foto: André Bittar)

Júnior explica que a associação auxiliará os haitianos em tudo que for necessário para que possam ter seus direitos garantidos. “Por exemplo, vai ajudar haitiano no emprego, pra ser tratado melhor nas empresas”, ilustra.

A associação também contribuirá para reduzir ideias equivocadas sobre o Haiti, como forma de enfrentamento aos preconceitos. “Vamos divulgar nossa cultura e informações sobre o Haiti para que os brasileiros conheçam mais sobre o nosso país”, detalhou Júnior.

Outra frente de ação é relativa a criação de mecanismos de inclusão dos haitianos, através da educação, com estímulo e auxílio na retomada dos estudos. Outros meios para a inclusão serão cursos de português e profissionalizantes e ajuda na emissão de documentos.

Júnior comenta que a associação não vai trabalhar sozinha, mas com as entidades que são parceiras dos haitianos. “A Secretaria de Educação, por exemplo, é uma das entidades, que ajuda muito a gente”, menciona.

Participante do projeto "L'union fate la force” (Foto: Divulgação)
Participante do projeto "L'union fate la force” (Foto: Divulgação)

Filme – Como parte do projeto "L'union fate la force”, os haitianos participam de oficinas de produção audiovisual. O grande produto será um filme-documentário sobre discriminação. Para conhecer a página do projeto no Facebook, clique aqui.

O projeto conta com o apoio técnico da prefeitura, especificamente do coordenador do Núcleo de Audiovisual do Departamento de Cultura de Três Lagoas, Cadu Modesto Fluhr. Ele explica que, na oficina, há simulações de todos os processos tais como são realizados no mercado.

Como etapa de produção do filme, os haitianos estão desenvolvendo diversos trabalhos, como um vídeo com declamação da poesia “Nós, tal dia”, de Sergio Maciel, poeta haitiano, formado em Letras e Filosofia. Confira abaixo:

Fim da rota – Além dessas iniciativas coletivas, os haitianos também buscam, individualmente, contribuir para amenizar os problemas de seus conterrâneos. É o que fazem poetas e cantores diversos, como Makov Beneche.

“O único investimento que fiz em minha carreira foi comprar um violão velho”, contou Makov, que está no Brasil há quatro anos. Ele deixa, de forma direta, o recado: “Muitos falam dos haitianos, mas se esquecem de perguntar: 'o que você precisa?'”

O próprio Makov responde: o que os haitianos precisam é serem ouvidos. Assim, poderão revelar seres humanos muito além dos limites impostos pelos preconceitos. Está aí o fim desta rota e começo de tantas outras.

Makov deixou seu recado, sua contribuição para as rotas haitianas (Foto: André Bittar)
Makov deixou seu recado, sua contribuição para as rotas haitianas (Foto: André Bittar)
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