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Cidades

Após sonho de lucro fácil, investidores correm à Justiça contra prejuízos

Pagar R$ 2.660 para receber R$ 62 milhões a título de ajuda humanitária faz parte do enredo de quem busca indenização

Aline dos Santos e Anahi Zurutuza | 28/04/2018 11:21
Representada por deusa, Justiça é procurada por quem tenta escapar de prejuízos. (Foto: Alcides Neto/Arquivo)
Representada por deusa, Justiça é procurada por quem tenta escapar de prejuízos. (Foto: Alcides Neto/Arquivo)

Com duas operações contra golpes em cinco meses, investidores de empresa de mineração de bitcoins e em transações para reaver uma cifra trilionária agora recorrem à Justiça para tentar fugir do prejuízo.

Eles investiram na MinerWorld, investigada na Lucro Fácil, ação realizada pelo MP/MS (Ministério Público de Mato Groso do Sul); e em aportes em negociações alvos da Ouro de Ofir, deflagrada em novembro pela PF (Polícia Federal).

Pagar R$ 2.660 para receber R$ 62 milhões a título de ajuda humanitária. O grande negócio, apresentado por um “irmão de fé”, frequentador da mesma igreja, virou prejuízo e chacota para um morador de Cuiabá (Mato Grosso).

O músico, que terá o nome preservado pela reportagem, disse que só descobriu que a aposta se tratava de um golpe quando a PF realizou a Ouro de Ofir. Agora, ele entrou na Justiça em Campo Grande e pede indenização pelo valor pago, mais R$ 4 milhões por danos morais.

Na ação, que tramita na Primeira Vara Cível Residual de Campo Grande, o músico conta que ele e a esposa têm problemas de saúde e sacrificaram as finanças. Foram quatro depósitos entre os dias 5 de setembro e 11 de novembro do ano passado.

No primeiro, o aporte foi de R$ 500 na operação Mariah, desdobramento da Aumetal, com promessa de receber R$ 10 milhões de ajuda humanitária. No mês de outubro, foram mais R$ 550, desta vez na operação Olodoaldo, ligada à SAP, que também resultaria em R$ 10 milhões.

Ele afirma que no mês de novembro, efetuou mais dois depósitos: R$ 540 para receber R$ 22 milhões e R$ 620 que resultaria em R$ 20 milhões. De acordo com o denunciante, os valores seriam oriundos de negociação de vendas de ouro para o exterior. Para repatriação, 40% de uma altíssima soma de dinheiro ficaria com o governo federal, 40% doado como ajuda humanitária e 20% para a família Araújo.

Dinheiro apreendido na operação Ouro de Ofir. (Foto: Divulgação/PF)
Dinheiro apreendido na operação Ouro de Ofir. (Foto: Divulgação/PF)

“Com o surgimento dessas operações e apresentadas por um irmão de fé do requerente, este de pronto achou que tivesse surgido uma grande oportunidade e a solução para todos seus problemas”, diz a defesa do músico no processo.

A defesa também pede que o caso tramite em sigilo porque o denunciante foi expostos nas redes sociais e sofre intimidação. Ainda não houve decisão da Justiça.

Líderes - A ação é contra três pessoas, sendo uma delas Celso Eder Gonzaga de Araújo, preso em novembro de 2017 pela PF (Polícia Federal) e acusado de ser líder da operação Aumetal.

Conforme a investigação, o símbolo químico Au (que representa o ouro na tabela periódica) foi colocado para dar legitimidade a uma suposta extração em uma mina, cujo resultado seriam “trilhões de dólares” que seriam distribuídos. Também foram presos Anderson Flores de Araújo (apontado como líder da Aumetal) e Sidinei dos Anjos Peró.

Segundo a Polícia Federal, a predileção por cooptar pastores evangélicos se destaca na operação SAP, abreviação do nome Sidinei. Numa segunda etapa, em Brasília, foi preso Sandro Aurélio Fonseca Machado, que dava continuidade ao golpe. 

Foto de divulgação de evento da MinerWorld.
Foto de divulgação de evento da MinerWorld.

Cobrança em dólar - “Investidores” da MinerWorld, empresa que se apresenta como mineradora de bitcoins com sede no Paraguai e unidade em Campo Grande, acordaram no último dia 17 com a notícia de que a empresa era a principal alvo da Operação Lucro Fácil, deflagrada pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul para investigar a formação de pirâmide financeira.

Com a reviravolta, quem acreditava em ganhar muito dinheiro investindo nas criptomoedas tenta na Justiça recuperar o que desembolsou. Ao menos quatro pessoas, que agora se apresentam como vítimas do esquema, ingressaram com pedidos para fazerem parte da acusação na ação civil coletiva proposta pelo MP/MS contra a MinerWorld, Bit Ofertas e Bitpago.

Os prejuízos que três investidores tiveram variam de U$ 3.715 a U$ 32.691,76, conforme demonstraram o advogado deles na petição. Eles querem o ressarcimento em dobro, além de indenização de R$ 10 mil por danos morais.

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