Capital lidera ranking nacional de denúncias de violência contra mulher
Mulheres campo-grandenses vítimas de violência têm procurado fazer valer seus direitos. Pela propagação da informação e pela credibilidade da rede de enfrentamento à violência contra a mulher, Campo Grande lidera o ranking nacional de denúncias feitas pelo 180 – telefone destinado ao atendimento feminino.
Só em 2013, de janeiro a junho, foram 2.372 ligações denunciando as mais diversas agressões. Os dados colocam a Capital a frente de cidades como Brasília (DF) e Vitória (ES). Já em 2012, 65,67% das ligações de todo Brasil partiram da capital sul-mato-grossense.
A violência contra a mulher foi debatida nesta quinta-feira (7) durante a audiência pública “Onde há violência perde-se o respeito”, realizada na Assembleia Legislativa e proposta pelas deputadas estaduais Mara Caseiro (PT do B) e Dione Hashioka (PSDB).
De acordo com a subsecretária estadual da Mulher e da Promoção da Cidadania, Thai Loschi, o disque 180 mostra que as mulheres de Mato Grosso do Sul tem buscado ajuda no enfrentamento à violência.
“Em 2011, nosso estado estava na 18º posição do ranking de denúncias. Em 2012, subimos para o 5º lugar. Isso é surpreendente e preocupante, mas mostra que as mulheres estão saindo a frente nas denúncias”, opina.
Em casos extremos de violência, onde a mulher não possui condições de morar sob o mesmo teto que o companheiro, o Estado oferece uma rede de atendimento de auxílio. “São 12 centros de apoio à mulher e 12 delegacias especializadas, além de duas ‘Casas Abrigos’ que recebe as vítimas, uma na Capital e outra em Corumbá”, reforça.

De janeiro a setembro de 2013, 21 mulheres e 37 crianças foram encaminhadas para a Casa Abrigo de Campo Grande após denúncias de violência.
“Ao sofrer algum tipo de violência, a mulher pode procurar um Centro e Apoio. De lá, ela será encaminhada para um posto de saúde e para a delegacia. Se a delegada entender que é um caso extremo, a vítima é encaminhada para o abrigo, junto com os filhos menores de 14 anos, no mesmo dia”, explica.
Segundo a deputada Mara Caseiro, a questão da violência contra a mulher é cultural e só mudará com a educação.
Para ela, o preconceito nasce na própria casa quando, por exemplo, os pais ensinam a um filho que “homem não pode lavar louça, lavar banheiro ou lavar roupas”.
“Precisamos de um novo modelo de sociedade onde as pessoas não sejam preconceituosas e homens e mulheres tenham igualdade de direitos”, afirma a deputada.
Ao final da audiência pública, os presentes colocarão as reivindicações e pontos relevantes em um documento que será encaminhado para o Congresso Nacional, Ministério da Mulher e Secretaria de Direitos Humanos com o intuito de promover políticas públicas para o enfretamento à violência contra a mulher.