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Capital

“Baleado” nega participação em crime e diz temer “disciplina do presídio”

Um dos acusados de espancar vítima até a morte, Douglas é ouvido no Tribunal do Júri onde diz não contar o que aconteceu por medo

Izabela Sanchez e Clayton Neves | 25/09/2019 10:01
Douglas Aparecido Cardoso, o "baleado", durante Tribunal do Júri na manhã desta quarta-feira (25) (Foto: Henrique Kawaminami)
Douglas Aparecido Cardoso, o "baleado", durante Tribunal do Júri na manhã desta quarta-feira (25) (Foto: Henrique Kawaminami)

Douglas Aparecido Cardoso, um dos acusados pelo assassinato de Jennenffer de Almeida, 25 anos, é ouvido nesta quarta-feira (25) no Tribunal do Júri. Ele negou envolvimento com o crime, mas falou que sabe o que aconteceu. Jennenffer foi encontrada com sinais de espancamento na madrugada do dia 26 de março de 2018 no Bairro Nova Campo Grande e morreu na ambulância o ser socorrida.

Além de Douglas, conhecido como “baleado”, seria julgado, nesta quarta, Denis Henrique do Nascimento, o "ripiado". Este, ainda assim, conseguiu decisão favorável a um recurso em sentido estrito protocolado para adiar seu julgamento, modalidade que permite ao réu apresentar a justificativa depois da decisão do juiz.

“Baleado”, por sua vez, disse saber o que aconteceu na noite do crime e lamentou que nesta quarta-feira Denis contaria o que tinha acontecido, livrando o colega do envolvimento. Questionado, para revelar o que sabia, disse temer o que chamou de “disciplina do presídio”, represálias por revelar nomes de envolvidos em crimes. Douglas está detido no Presídio de Trânsito de Campo Grande e também negou ser membro da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).

Os dois vieram de São Paulo para Campo Grande e vendiam drogas. Jennenffer era usuária e junto ao corpo dela, já quase sem vida, foi encontrada uma bíblia e um cachimbo para consumo de drogas. Os dois moravam juntos no bairro onde a vítima foi encontrada.

Perante o júri, Douglas disse que estava bebendo em um bar no momento em que a vítima foi espancada e que Denis o chamou. Na casa onde viviam, o amigo teria confessado o crime. Douglas disse, então, que decidiu ficar em um hotel onde permaneceu “aproximadamente” 2 ou 3 dias até que Denis fosse preso.

Ao deixar o hotel, disse ter alugado uma casa no Bairro Jardim Canguru onde teria ficado por três meses até ser preso. “Baleado” chorou durante, praticamente, todo o depoimento, principalmente quando soube que Denis não seria ouvido nesta quarta. Insistiu para que o julgamento fosse reagendado, afirmando que o colega “iria confessar”.

Foi questionado para que contasse como o colega cometeu o crime e disse “não posso falar mais”. “Existe uma disciplina no presídio, porque se você dá qualquer nome lá dentro você é cobrado”, disse.

A promotora Aline Mendes Franco Lopes questionou, então, ao dizer que o “sistema de disciplina” é comum ao PCC e perguntou novamente ao réu se pertence à organização. Douglas negou e afirmou que há “disciplina no presídio”. “Não posso falar o que houve é minha integridade física que está em risco”, declarou. Ele é julgado por homicídio qualificado por meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa da vítima.

Entenda - A irmã de Jenenffer procurou a polícia e foi a responsável por identificar a irmã. Ela contou que soube do crime por conhecidos no Bairro Nova Campo Grande e foi até a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Santa Mônica para reconhecer o corpo da irmã. A morte de Jennenffer foi investigada pela 7ª Delegacia de Polícia Civil de Campo Grande.

A vítima foi encontrada na madrugada do dia 26 de março de 2018 em terreno baldio da Avenida Cinco, após moradores ouvirem gemidos. Jenenffer ainda estava com vida quando foi encontrada, reclamava de frio e apresentava sinais de espancamento, cortes pelo corpo e rosto. O socorro foi acionado, mas a mulher morreu dentro da viatura do Corpo de Bombeiros.

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