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Capital

“Meu braço estava derretendo”, diz mulher que teve o corpo queimado pelo marido

crime aconteceu por volta das 6h no dia 10 de dezembro do ano passado, na Rua Olívio Lima, no Bairro Ramez Tebet

Viviane Oliveira e Bruna Pasche | 08/10/2018 11:37
Adriele prestou depoimento por videoconferência durante julgamento do ex-marido (de camisa listrada) (Foto: Henrique Kawaminami)
Adriele prestou depoimento por videoconferência durante julgamento do ex-marido (de camisa listrada) (Foto: Henrique Kawaminami)

Em depoimento por videoconferência, Adriele de Fátima Soares Silva, 28 anos, que teve parte do corpo queimado pelo ex-marido, Gilson Ferreira da Silva, 39 anos, preso há dez meses por tentativa de feminicídio, disse que no dia do fato, mesmo ferida, o ex ainda tentou a impedir que buscasse ajuda.

Ele é julgado desde a manhã desta segunda-feira (8) pela 1ª Vara do Tribunal do Júri, em sessão extraordinária. O resultado do júri será divulgado nesta tarde. O crime aconteceu por volta das 6h do dia 10 de dezembro, na Rua Olívio Lima, área de comodato do Bairro Ramez Tebet.

“Eu já estava cochilando quando senti um liquido escorrendo pelo meu corpo. Acordei. Era gasolina. Ele riscou o fósforo. Levantei e fui pra cima dele. Ele tentou apagar o fogo para não se queimar. Ai, eu tentei correr para pedir ajuda. Ele me segurou. Falei: olha meu braço. Está derretendo! Se você me ama deixa eu correr. Ele não queria deixar com medo da polícia. Jurei que não ia denunciá-lo. Ele só falava: olha o que você me fez fazer”. Adriele foi socorrida pelos vizinhos que ouviram os gritos. Gilson fugiu e se apresentou à Polícia Civil dois dias depois. 

A vítima ficou internada durante 57 dias na Santa Casa, já fez três cirurgias e vai passar por mais. O tratamento mínimo é de 3 anos. Ela perdeu o movimento do braço direito e não pode se expor ao sol. Os dois viviam há cerca de dois anos juntos. “Ele sempre me agrediu. Já tinha tentado quebrar meu pescoço e jogar uma geladeira em cima de mim. Não me deixava trabalhar nem usar minhas roupas porque eram justas”.

Gilson durante julgamento nesta manhã na 1ª Vara do Tribunal do Júri (Foto: Henrique Kawaminami)
Gilson durante julgamento nesta manhã na 1ª Vara do Tribunal do Júri (Foto: Henrique Kawaminami)

Gilson afirma que cometeu o crime em meio a um “surto”, pois estava “bêbado e drogado”. "Só lembro que peguei a gasolina e joguei. Assustei quando vi o fogo e apaguei as chamas. Ela saiu correndo e pediu socorro. Eu fugi. Me escondi assustado. Me arrependo muito. Era feliz com ela. A culpa foi minha. Não foi dela. Mas estávamos discutindo e eu surtei", relatou em depoimento.

Adriele afirma que a briga começou porque ela não quis manter relação sexual com ele. Os dois estavam em casa consumindo bebida alcoólica e usando droga. Ela queria sair. Ele não. Os dois estavam há dois dias sem dormir. Ele, então, a esperou cochilar para jogar gasolina e atear fogo no corpo dela. Gilson tem várias passagens pela polícia por ameaça e lesão corporal (violência doméstica). 

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