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Capital

"O Conselho Tutelar que cuide", diz mãe de menina acorrentada pelo pai

A menina acorrentada pelo pai para não se encontrar com o namorado, também menor de idade, foi levada para um abrigo

Viviane Oliveira e Clayton Neves | 06/01/2020 12:27
"O Conselho Tutelar que cuide", diz mãe de menina acorrentada pelo pai
Mãe chorou durante toda a entrevista realizada na manhã desta segunda-feira (6) (Foto: Clayton Neves)

"O Conselho Tutelar que cuide". A fala é da mãe da adolescente que foi acorrentada pelo pai no último sábado (4) para não sair de casa. Diarista, 43 anos, a mulher declarou ao Campo Grande News "não aguenta" mais a filha de 12 anos e disse pretender abrir mão da guarda dela. “Já acionei o Ministério Público e o Conselho Tutelar para interná-la numa casa agrícola, mas não deu certo. Agora não tenho mais o que fazer. O Conselho Tutelar que cuide”, sentenciou.

Após o episódio, a menina foi levada para abrigo onde permanece até que a situação seja resolvida. O pai dela pedreiro de 32 anos, foi preso em flagrante por lesão corporal (violência doméstica) e maus-tratos qualificado, em razão de o crime ter sido cometido contra pessoa menor de 14 anos. Ele passou por audiência de custódia nesta manhã no Fórum. O resultado ainda não foi divulgado. 

Desde pequena - A mulher contou que além da garota tem mais quatro filhos, de 25, 23, 13, e 7 anos. A adolescente, segundo a diarista, começou "a dar problema" aos 9 anos, quando mentiu na escola que a mãe havia sofrido acidente de moto e estava na cadeira de rodas. “Minha filha mais velha que descobriu tudo. Ela só fez isso para matar aula e a coordenação não me chamar lá”, lamentou.

Por causa disso, ela levou umas “palmadas” do pai e a escola acionou o Conselho Tutelar. “Os conselheiros chamaram a gente lá e repreendeu o pai na frente dela. Depois disso, ela começou a fazer o que bem entendia e quando íamos corrigi-la, ela ameaçava a família dizendo que iria ligar para o Conselho. Ela não quer cumprir regras e pelas costas xinga a assistente social que vem para acompanhá-la”, afirmou.

"O Conselho Tutelar que cuide", diz mãe de menina acorrentada pelo pai
Alicate usado pela menina de 12 anos para fugir das correntes (Foto: Clayton Neves)

Segundo a mãe, a adolescente sempre foge de casa e vai parar em locais com características de "boca de fumo e de puteiro”. De acordo com ela, foi feito "de tudo para não chegar a esse ponto".

Ao desabafar, a mãe se diz vítima de doença psiquiática. "Eu sempre achei que depressão fosse frescura, mas agora eu entendo. Já pedi pra Deus me levar. Já pensei em tirar a minha vida. Não aguento mais essa situação. Pedi ajuda para o Conselho Tutelar, mas não fizeram nada. Sou mãe e trabalho duro para dar do bom e do melhor para os meus filhos”, contou.

Quanto ao fato de o marido ter acorrentado a adolescente, a mãe afirmou que a menina disse para a família estar grávida e deu o endereço do suposto namorado para que o pai fosse atrás dele. Antes de sair, relatou, o pai decidiu amarrá-la num pilar que tem no quintal. “Ela conseguiu se soltar utilizando um alicate. Quando voltou, encontrou todo aquele alvoroço em frente de casa”, disse. O pai da adolescente já respondia processo por maus-tratos contra a filha que na época tinha 8 anos. Esse caso foi registrado em maio de 2015.

Na ocasião, ao ser ouvida em depoimento especial na delegacia, a vítima relatou que ela e os irmãos sofriam agressões físicas e psicológicas tanto do pai alcoólatra quanto da mãe. 

O caso - Na noite do último sábado (4), o pedreiro foi preso em flagrante ao levar a filha adolescente acorrentada na altura do pulso direito até o pelotão da Polícia Militar do Bairro Coophavila II. Ele queria ajuda dos policiais para evitar que a menina se encontrasse com o namorado, também menor de idade. A adolescente já vinha sendo acorrentada e trancada na casa onde vive com os pais, mas mesmo assim havia conseguido fugir para ver o garoto. A menina, inclusive, apresentava hematomas na altura de um dos braços e pernas. Em razão do fato, o Conselho Tutelar foi acionado e o homem levado para a delegacia. 

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