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Capital

Acadêmica de Direito se recupera em casa com ajuda da família e amigos

Catarina sonha em ser promotora e agora luta para viver após colisão de veículo, dirigido por um condutor embriagado, em um poste

Evelyn Souza | 14/09/2013 08:33
Jerson fala da esperança na recuperação da filha,  Catarina. (Foto: Marcos Ermínio)
Jerson fala da esperança na recuperação da filha, Catarina. (Foto: Marcos Ermínio)

É com o apoio da família, principalmente dos pais, que a jovem Catarina Mantovan, 19 anos, recupera-se em casa. De alta, há oito dias, alimenta-se através de uma sonda e carrega no corpo, marcas do acidente.

A jovem, que cursa o segundo ano de Direito, é a vítima mais grave do acidente que aconteceu no dia 3 de agosto, na rua Ceará. Ela e outras três pessoas voltavam de uma casa noturna, quando o motorista do carro  perdeu a direção do veículo e bateu em um poste.

Catarina, que sonha em ser promotora de Justiça, teve fratura exposta no braço direito e no joelho esquerdo. Ficou um mês internada no hospital e mesmo precisando de atendimento especializado, recebeu alta.

“Deixaram ela na porta do hospital, nem abrir o olho ela abria. Colocamos ela no meu carro e trouxemos pra cá. Ficamos preocupados porque não temos muita informação, nem equipamentos aqui em casa. Mas graças a Deus, estamos contando com a ajuda de muitos amigos”, diz o pai, Jerson Mantovan.

Segundo o pai, a menina fez o curso da Mirim e trabalhou na promotoria de Justiça. Pensa em ser promotora, gosta de trabalhos sociais.

Hoje, a família recebe com apoio de um grupo espiritual e do Hospital Nosso Lar. “Doaram os alimentos, fraldas, sondas e alguns produtos para curativo”, explica a mãe, Iraci Mantovan. Segundo ela, o vidro de alimento para sonda, custa R$ 20 e dura um dia.

A jovem também ganhou uma cadeira de rodas e outra para banho. “São de pessoas que um dia precisaram e hoje, cederam pra nós”, relata Iraci.

A mãe está afastada do Hospital Nosso Lar, onde trabalha como cozinheira. Já o pai, é vendedor de livros e serralheiro. Não abandonou o serviço, mas diminuiu o ritmo. O casal, que tem mais cinco filhos, não guarda rancor do que aconteceu.

“Eu não posso ficar com essa mágoa porque tenho que dar forçar pra ela melhorar. Mostrar que nós estamos bem, para que ela receba essa energia. Não quero julgar ninguém, a vida vai se encarregar disso. O motorista já é infeliz porque ele não tem equilíbrio. Colocou pessoas que ele se dizia amigo dentro de um carro e saiu em alta velocidade”, diz o serralheiro.

O pai explica que não teve contato com os amigos que estavam no carro com Catarina. Lucas Adriano Leite de Oliveira, 19 anos, quebrou o fêmur das duas pernas, fraturou o braço, a clavícula e teve cortes no rosto. Ele passou por três cirurgias e se recupera em casa. Otávio Cotte, todos de 19 anos, não teve ferimentos e o motorista, Aderivaldo de Souza Ferreira, 25 anos, está preso por dirigir embriagado.

Os colegas saíram mais cedo da faculdade e aproveitaram para sair. 

“Ela é muito competente como filha e como aluna. Qualquer tarefa ela assumia, por isso confiávamos. Foi um impulso de jovem, entrou no carro de um bêbado. Ela tinha consciência, sabia das coisas. Aprendeu em casa, na escola, no trabalho, vê na imprensa”, argumenta Jerson.

Quando indagado sobre como está o sentimento, o pai de família,  diz que espera que o acidente da filha, sirva de exemplo e reflexão. “ Espero que isso motive as famílias. Porque não adianta ter um carro moderno, uma casa moderna, se a pessoa não tem uma consciência moderna. Tem pais que incentivam os filhos a beberem, como tem jovens que dirigem embriagados, porque acham isso bonito”, desabafa.

Medicamento é disponibilizado no Posto de Saúde.
Medicamento é disponibilizado no Posto de Saúde.
Cadeiras foram doadas para família. (Foto: Marcos Ermínio)
Cadeiras foram doadas para família. (Foto: Marcos Ermínio)

Alta e Medicamentos – A estudante de Direito toma dois comprimidos de Fenitoina por dia, que é um anticonvulsivante. Al[em de dipirona, em casos de febre. Médicos também indicaram óleo de girassol para hidratar o corpo.

Mesmo com alta médica, a Santa Casa de Campo Grande, não entregou o laudo médico da paciente e segundo a mãe, a consulta com o ortopedista, foi marcada na data errada. “ Se precisar de outro médico, não sei dizer o que minha filha teve. Acho que os médicos foram ótimos, mas a administração falhou”, explica a mãe.

A consulta, que era pra ser marcada para o dia 25 deste mês, foi agendada o dia 25 do mês passado.

Uma enfermeira do posto de saúde do bairro onde a família mora, esteve na residência nessa semana, anotou os medicamentos necessários, mas disse que a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), não deve fornecê-los, antes de um mês.

“Estamos preocupados, ela precisa de um fisioterapeuta e de uma enfermeira pra acompanhar o caso. Eu achei que ela recebendo alta, eles fossem organizar isso pra gente”, fala a mãe.

Amigos da faculdade visitam a jovem que frequência e estão vendendo bombons na universidade para ajudar na recuperação.

Catarina, antes do acidente. (Foto: Reprodução/Facebook)
Catarina, antes do acidente. (Foto: Reprodução/Facebook)

Melhoras – Apesar da angústia de ver a filha em uma cama, sem poder falar e ainda inconsciente, os pais dizem que a jovem apresentou melhoras depois que voltou para casa. Hoje, ela já abre os olhos e mexe o braço esquerdo e a perna direita.

A cama em que ela passa todo o dia é baixa e desapropriada para a recuperação. Como fica muito tempo em uma posição, está com feridas nas costas, que estão sendo tratadas com pomadas.

Alguns amigos estão organizando para comprar a cama e o hospital Nosso Lar se colocou a disposição para ceder uma, se for necessário.

Voluntários pedem ajuda - Nesta quinta-feira (12), uma enfermeira voluntária se reuniu com a Comissão Permanente de Saúde, da Câmara Municipal de Campo Grande. Ela pediu apoio para a recuperação da estudante. A profissional de saúde esteve hoje de manhã na casa da Catarina e constatou que faltou assistência do hospital e da Secretaria de Saúde do Município.

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