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Capital

"Achei que era brincadeira", diz irmão de garoto encontrado morto em freezer

O corpo de José Eduardo Alves, 15 anos, foi encontrado pelo primo, que o procurava desde cedo; família descarta suicídio

Silvia Frias e Bruna Marques | 12/01/2021 10:26
Na casa da avó da criança, a fita deixada pela perícia da Polícia Civil (Foto: Henrique Kawaminami)
Na casa da avó da criança, a fita deixada pela perícia da Polícia Civil (Foto: Henrique Kawaminami)

O técnico de refrigeração, Leonardo Alves, 26 anos, saiu com o pisca alerta do carro ligado, transtornado, quando soube da morte do irmão, José Eduardo Alves Gonçalves Rosa, 15 anos, encontrado dentro do freezer, no quintal da avó materna, em Campo Grande. “Achei que era brincadeira”.

José Eduardo estava sendo procurado pela família desde início da manhã de segunda-feira (11), quando faltou ao compromisso com o irmão, com quem trabalhava, fazendo bico.

“Achei estranho, senti falta dele desde cedo, liguei para todo mundo e ninguém sabia”, conta o rapaz. Leonardo pediu ajuda para o primo, Carlos Magno Gonçalves Rodrigues, 20 anos.

Leonardo (esq) e Carlos (dir), irmão e primo de José Eduardo, respectivamente (Foto: Henrique Kawaminami)
Leonardo (esq) e Carlos (dir), irmão e primo de José Eduardo, respectivamente (Foto: Henrique Kawaminami)

Carlos Magno resolveu passar na casa da avó, na Vila Adelina. O imóvel deveria estar fechado, pois ela havia viajado, mas foi uma das opções para buscar o garoto. Leonardo conta que a avó tinha o hábito de deixar chave escondida, o que era de conhecimento de José Eduardo.

Ontem à tarde, na casa da avó, Carlos chamou várias vezes pelo primo. Sem resposta, resolveu pular o muro. No quintal, encontrou o freezer desligado e, em um buraco, escorria filete de sangue. “Já estava cheiro ruim aí abri o freezer, me deparei com ele lá, só de cueca, sentado”, contou.

Carlos acionou PM (Polícia Militar) e, em seguida, perícia foi chamada. A equipe do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) foi chamada e atestou óbito.

No boletim de ocorrência, consta, preliminarmente, que não havia sinais evidente de violência.

No quintal, várias cadeiras dispostas em círculo, o que indicava que o adolescente não esteve sozinho. Leonardo lembra que o irmão havia pedido o narguilé para usar com alguém. “Só não sei com quem”.

Segundo relato da família à reportagem, os vizinhos ouviram vozes na manhã de ontem, mas acreditam que o adolescente já estava morto neste período, por conta do estado do corpo. Além das cadeiras dispostas em círculo, também viram mangueira jogada no quintal, que poderia ter sido usada para lavar o local.

No fundo da casa, as plantas estavam derrubadas, o que pode indicar que as pessoas que estavam com José Eduardo pularam o muro para fugir. Por conta desses indícios, a família descarta hipótese de suicídio.

No WhatsApp, a última visualização foi às 18h de ontem.

Na casa, família encontrou plantas derrubadas no quintal (Foto: Henrique Kawaminami)
Na casa, família encontrou plantas derrubadas no quintal (Foto: Henrique Kawaminami)

Tragédia – A família ainda se recupera de duas recentes perdas. Há 30 dias, o avô paterno morreu e, na semana passada, o tio. Quando soube da morte do irmão, não acreditou. “Achei que era brincadeira; cheguei transtornado, não me deixaram entrar”.

José Eduardo era o caçula de três irmãos e morava com a mãe, no bairro Serra Azul. O corpo será sepultado no cemitério Jardim da Paz, após rápida cerimônia de pouco mais de 30 minutos.

Leonardo diz que o irmão era uma pessoa carinhosa, que gostava de ajudar os outros. “Uma pessoa que não tinha problema, não tinha briga com ninguém, todo mundo gostava dele”.  O irmão lembra que no status do WhatsApp, José havia postado a foto com outro rapaz, mas não soube dizer quem seria a pessoa.

O caso foi registrado na Depac/Cepol (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) e será distribuída para ser investigada na 5ªDP (Delegacia de Polícia), na Vila Piratininga. Inicialmente, o boletim foi registrado como morte a esclarecer.

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