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Capital

Ações despertam a curiosidade e população realiza exames preventivos

Flávia Lima | 12/03/2015 14:20
Atividades de orientação e exames chamaram a atenção da população. (Foto:Marcos Ermínio)
Atividades de orientação e exames chamaram a atenção da população. (Foto:Marcos Ermínio)
Médica Aparecida Arroyo enfatiza a importância da prevenção. (Foto:Marcos Ermínio)
Médica Aparecida Arroyo enfatiza a importância da prevenção. (Foto:Marcos Ermínio)

Quem passou na manhã desta quinta-feira (12) pela praça Ari Coelho, no centro de Campo Grande, foi surpreendido com uma ação alusiva ao Dia Mundial do Rim, organizada pela Abrec (Associação Beneficente dos Renais Crônicos de Mato Grosso do Sul) e SBN (Sociedade Brasileira Nefrologia), que em parceria com profissionais da saúde, levaram orientações e realizaram diversos exames que visam o diagnóstico de alguma doença renal.

Pega de surpresa pelo convite dos profissionais que faziam as abordagens a população aceitou o convite e lotou os estandes para a realização dos exames e aferição de pressão arterial. Antes do final da manhã, quase mil pessoa já tinham passado pela triagem e feito entrevistas com os acadêmicos da Uniderp Anhanguera e UFMS. Nutricionistas e assistentes sociais também participaram da ação, totalizando cerca de 100 profissionais.

Um dos que atendeu prontamente ao convite foi o aposentado Francisco Antonio da Silva, 81. Diabético e hipertenso, ele integra o grupo de pessoas propensas a desenvolver uma doença renal, caso não façam um controle rigoroso da saúde. Ele conta que passava pelo local e decidiu aproveitar a oportunidade para fazer um check up.

Apesar de afirmar que segue à risca as ordens médicas, tomando diariamente os remédios administrados, Francisco confessa que às vezes comete extravagâncias. “Tem dia que como uma gordurinha a mais, mas acredito que meus exames vão dar certo. Se der alguma coisa errada vou procurar um médico com certeza”, disse otimista enquanto aguardava na fila para fazer o teste de IMC (índice de Massa Corpórea), também disponibilizado pelos médicos na praça.

A dona de casa Ermelinda Diniz, 62, que também aguardava na fila para fazer o mesmo exame, disse que tinha ido ao centro para pagar contas e quis saber o que era a movimentação. Após ter aferido a pressão, que se mostrou alta, ela mostrava uma certa preocupação. “A médica disse que ela pode ter alterado porque estava andando rápido, mas é sempre bom prevenir. Cuido todos os dias porque sou hipertensa”, explicou.

O zelo pela saúde é tanto que ela faz parte de um grupo especial que atende pacientes hipertensos no posto de saúde do bairro Tijuca. “Sei da importância dos exames periódicos, por isso estou tranquila com os testes que fiz hoje aqui na praça”, ressalta.

A funcionária autônoma Graziele Gomes, 34, revela que não tem nenhum problema de saúde que a coloque no grupo de risco de desenvolver alguma doença renal, porém acredita que é importante cuidar da saúde antes de chegar a terceira idade.”Não tem época para ficar doente, por isso sempre busco orientações e essa ação aqui hoje é muito boa, deveria ter mais vezes”, diz.

Apesar de a maioria das pessoas ter aceitado o convite para realizar os testes, alguns ficaram receosos,mas logo eram convencidos pelo almoxarife João Everaldo da Silva, transplantado há 22 anos. Diagnosticado com uma inflamação em um dos rins, logo seu problema se agravou e ele precisou sair de Bataguassu para se tratar na Capital. Foi quando conheceu a médica Aparecida Arroyo, que viabilizou seu transplante, na época feito na própria Santa Casa pela médica Taís Vendas.

João teve sorte e conseguiu receber um dos rins da irmã. Ele conta que fez diálise apenas por nove meses e mesmo sabendo que seu caso não é uma regra, ele procura participar de atividades como as de hoje para incentivar quem possa estar passando pelo problema.
“Sei que muitas pessoas não podem passar por um transplante ou esperam anos na fila, mas o importante é saber que hoje é possível viver com qualidade de vida se a doença for descoberta precocemente”, afirma.

O depoimento de João é endossado pela médica nefrologista e fundadora da Abrec, Aparecida Arroyo. Ela afirma que o objetivo dos exames é justamente detectar o início de uma possível doença. “Tem pessoas hoje que vivem mais de 20 anos fazendo diálise. Com uma alimentação adequada e acompanhamento é possível continuar vivendo normalmente”, ressalta.

Testes

Segundo Aparecida, os exames de sangue realizados na praça foram feitos em parceria com um laboratório particular da Capital, com o apoio também da Cassems. Os resultados devem sair em uma semana e os que apresentarem alteração, especialmente na taxa de açúcar e no nível de creatinina terão uma atenção especial da equipe da Abrec. “Vamos entrar em contato com a pessoa e encaminhar a um nefrologista. O SUS disponibiliza todo o atendimento e tratamento”, explica Aparecida.

Hoje a Abrec acompanha 850 pacientes em todo o Estado e há seis anos desenvolve as atividades de orientações e exames no Dia Mundial do Rim. Mesmo sem ter dados oficiais, a entidade acredita que 3 mil pessoas fazem tratamento com hemodiálise nos 12 hospitais e clínicas credenciados de Mato Grosso do Sul. Desse total, seis ficam em Campo Grande e o restante no interior.

A doença renal crônica atinge 10% da população mundial e afeta pessoas de todas as idades e raças. A estimativa é que a enfermidade afete um em cada cinco homens e uma em cada quatro mulheres com idade entre 65 e 74 anos, sendo que metade da população com 75 anos ou mais sofre algum grau da doença. Diante desse cenário, a médica destaca a importância da prevenção, especialmente pelos diabéticos e hipertensos. Ela alerta que por ser silenciosa, 80% dos pacientes que chegam aos consultórios ficam surpresos quando recebem o diagnóstico de doença renal, pois geralmente não sentem qualquer tipo de dor. Os sintomas consistem em perda de peso, falta de ar, inchaços, náuseas e vômitos.

Como são sintomas aliados a outros problemas, nem sempre merecem atenção dos pacientes. "Quando descobrem já não dá para fazer muita coisa", lamenta a médica. A Sociedade Brasileira de Nefrologia defende que a creatinina sérica e a pesquisa de proteína na urina façam parte dos exames médicos anuais. Para prevenir as doenças renais, o conselho dos profissionais é o de manter hábitos alimentares saudáveis, controlar o peso, praticar atividades físicas regularmente, controlar a pressão arterial, beber água, não fumar, não tomar medicamentos sem orientação médica, controlar a glicemia quando houver histórico na família e avaliar regularmente a função dos rins em casos de diabetes, hipertensão arterial, obesidade, doença cardiovascular e histórico de doença renal crônica na família.

Transplantado há 22 anos, João Everaldo afirma que leva uma vida normal. (Foto:Marcos Ermínio)
Transplantado há 22 anos, João Everaldo afirma que leva uma vida normal. (Foto:Marcos Ermínio)
A dona de casa Ermelinda Diniz controla a pressão diariamente, mas quis fazer mais exames. (Foto:Marcos Ermínio)
A dona de casa Ermelinda Diniz controla a pressão diariamente, mas quis fazer mais exames. (Foto:Marcos Ermínio)
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