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Capital

Ações judiciais não resolvem falta de vagas para internação na rede pública

Flávia Lima | 27/09/2015 09:33
Para evitar punições, direção do Hospital Regional busca agilizar atendimento de pacientes nos corredores. (Foto:Fernando Antunes)
Para evitar punições, direção do Hospital Regional busca agilizar atendimento de pacientes nos corredores. (Foto:Fernando Antunes)

Apesar dos pedidos feitos no primeiro semestre deste ano pelo MPE (Ministério Público Estadual), para que o governo do Estado cumprisse decisão judicial, providenciando a ampliação no número de leitos para internação na rede pública, o problema da lotação ainda continua evidente no Hospital Regional Rosa Pedrossian.

A questão é antiga e em setembro do ano passado a Promotoria de Justiça da Saúde Pública já havia ajuizado ação civil pública obrigando o Estado a ampliar os leitos. A prefeitura da Capital também foi solicitada, na ocasião, a não manter pacientes internados por mais de 24 horas nas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento)

No entanto, apesar da intervenção do MPE, a lotação nos hospitais da Capital permanece e durante a semana pode ser observada pela reportagem do Campo Grande News no PAM (Pronto Atendimento Médico) do Hospital Regional Rosa Pedrossian.

Com capacidade para 77 leitos, na manhã desta terça-feira havia 102 pessoas internadas no PAM. Um aviso logo na entrada da recepção alertava os pacientes que a unidade só está atendendo os casos de urgência que chegam com indicação médica de alguma unidade básica de saúde.

Uma das acompanhantes de pacientes ouvidas pela reportagem confirmou o grande número de macas nos corredores do PAM. As enfermarias também estão operando com capacidade total.

A dona de casa Kátia Cibele Pereira de Araújo conta que foi visitar o irmão de uma amiga, que está com pedra nos rins e aguardando cirurgia no corredor desde esta segunda-feira. “Um médico passou hoje cedo e disse que tentaria viabilizar um quarto, já que o irmão da minha colega é especial”, disse.

A aposentada Darci Fernandes acompanhava a filha, que é diabética, e aguardava internação devido a um ferimento no pé causado por uma garrafa de refrigerante. Apesar de já chegar ao hospital com indicação médica da UPA da Vila Almeida, ela acreditava que a filha não conseguiria um quarto com rapidez.

“Minha preocupação é que por ser diabética o ferimento está piorando e ela precisaria passar por cirurgia logo”, afirma.

Já a dona de casa Claudia de Souza, que acompanha o marido há uma semana na enfermaria do PAM, considera o fluxo de pacientes “normal” e disse que um dos médicos chegou a oferecer uma vaga em um quarto para o seu marido, que fará uma cirurgia na vesícula, mas ela recusou porque o sogro tem medo de elevador e não poderia subir para visitar o filho. “Acabei passando a vaga para outra pessoa. Tem bastante gente, mas não vi nenhum exagero”, destaca a dona de casa.

A assessoria do Hospital Regional informou que para evitar punições, a unidade procura agilizar a rotatividade dos pacientes, agilizando o atendimento para que eles não permaneçam mais de 24 horas nos corredores ou enfermaria. Mesmo nos corredores, os pacientes recebem o mesmo tratamento como se estivessem no quarto.

Ainda segundo a assessoria, cerca de 70% do público atendido no local são de moradores da Capital, que poderiam receber atendimento prévio nas unidades básicas de saúde do município, porém, não há como negar o atendimento para quem busca a unidade mesmo antes de procurar a rede municipal.

A lotação também persiste no maior hospital do Estado, a Santa Casa da Capital. De acordo com dados da assessoria, o hospital, que conta com 564 leitos ativos, opera com até 50% acima de sua capacidade. 

Na pré-ortopedia, por exemplo, onde há sete leitos, 19 pacientes aguardavam cirurgia na terça-feira. No total, o hospital tem 425 pacientes internados entre Pronto Socorro e enfermaria. Nas UTIs, 84 pessoas estão internadas

Conforme o próprio diretor do hospital, Wilson Teslenco, informou ao Campo Grande News, em alguns momentos do dia o Pronto Socorro opera até 100% acima da capacidade. "Isso é sazonal, porque as pessoas vão sendo atendidas e encaminhadas para os diversos setores", explica.

Como o hospital está sem contrato com a prefeitura e com repasses no valor de quase R$ 13 milhões em atraso, o diretor diz que é complicado atender as demandas do MPE. "Tem que se cobrar da rede como um todo e não só da Santa Casa", ressalta. 

No entanto, no Hospital Universitário o quadro é diferente, apesar do fluxo intenso de pacientes. Conforme a assessoria do hospital, a gerência da unidade adotou uma prática que vem sendo respeitada, na medida do possível, pelos órgãos reguladores de vagas.

Para evitar a superlotação, o hospital enviou documentação a todos os órgão públicos, relatando a situação da unidade, que enfrenta uma greve de quase três meses dos funcionários federais, o que acabou obrigando a reduzir o número de internações. Atualmente o hospital trabalha com 246 leitos, que estão no limite.

Segundo a assessoria, além da paralisação, a unidade passa por reformas e não tem condições de abrigar os pacientes em corredores por questões de segurança. Mesmo com a solicitação, a assessoria diz que não há como recusar todas as emergências, porém a direção procura manter um equilíbrio para não agravar o quadro da unidade.

Kátia Cibele diz que corredores do PMA estavam lotados na manhã desta terça-feira. (Foto:Fernando Antunes)
Kátia Cibele diz que corredores do PMA estavam lotados na manhã desta terça-feira. (Foto:Fernando Antunes)
A dona de casa Claudia de Souza ressalta que recusou vaga no quarto para o sogro não ter que subir pelo elevador. (Foto:Fernando Antunes)
A dona de casa Claudia de Souza ressalta que recusou vaga no quarto para o sogro não ter que subir pelo elevador. (Foto:Fernando Antunes)
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