Ainda sem acordo, catadores dizem que vão esperar mais uma semana

Ainda sem previsão de voltarem a trabalhar no lixão de Campo Grande, os catadores afirmam que vão esperar mais uma semana para que o caso seja solucionado. Durante reunião realizada hoje (29), a Defensoria Pública e o prefeito Alcides Bernal (PP), teriam se comprometido a pedir a reabertura da área de transição do lixão.
“Vai depender do juiz deferir ou não o pedido. Queremos continuar trabalhando na área de transição, onde a gente já estava, porque na UTR (Usina de Triagem de Resíduos) simplesmente não tem material. Na visão dos catadores é a solução, porque ampliar a coleta seletiva não nos atende. Vamos esperar mais uma semana, acho que neste tempo vai estar tudo resolvido”, afirma Rodrigo Leão Marques, principal representante dos catadores.
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As reuniões, que aconteceram na manhã e no início da tarde desta terça-feira, resultaram em promessas da Defensoria e da Prefeitura, que mais uma vez afirmou que irá tentar reabrir o lixão. No início do mês a Justiça indeferiu o pedido da prefeitura de Campo Grande para prorrogar por 30 dias o fechamento do lixão. Na decisão, divulgada no dia 3 de março o juiz da 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, Marcelo Ivo de Oliveira, manteve a determinação que proíbe o acesso dos catadores de material reciclável na área de transição do lixão desde 28 de fevereiro.
A prefeitura, que fez solicitação no dia 29 de fevereiro, informou que o prazo era para criar um plano de ação, em atendimento aos catadores autônomos que perderam a fonte de renda. Contudo, a Defensoria Pública e o MPE (Ministério Público do Estado) foram contras o pedido para reabrir o lixão. Ambos alegaram o risco para a saúde dos trabalhadores e que o fechamento já era de conhecimento prévio.
Outros trabalhadores, que se autodenominam recicladores, dizem que foram mal tratados pelo defensor público do caso, Amarildo Cabral. “Tratou nós como cachorro. Gritou com a gente”, disse um catador, que pediu para não ter o nome divulgado.
“O Paulo Douglas (procurador do Trabalho) está advogado a favor da Solurb, ao invés ficar do lado dos catadores, defender a gente. Estão praticamente metendo uma arma na nossa cabeça e tirando o que é nosso. Nós sabemos ser agentes ecológicos, é o que somos, não queremos varrer rua, correr atrás de caminhão”, disse.
Marques também afirma que não tem interesse em trabalhar para a Solurb. “Desde quando essa empresa entrou eu luto contra ela. A única coisa que não vou fazer é trabalhar para a Solurb”.
Histório - Em 2012, a Defensora Pública entrou com ação civil pública e obteve liminar para permitir acesso dos catadores ao lixão, que poderiam fazer a coleta dos recicláveis no local denominado área de transição. A medida deveria valer até a inauguração da UTR (Usina de Triagem de Resíduos), que aconteceu em agosto do ano passado. Com a ativação da usina, o consórcio CG Solurb, que faz a coleta do lixo na cidade, solicitou a proibição do acesso, que foi concretizada no dia 28 de fevereiro.
Desde então catadores fizeram uma série de bloqueios na BR-262, em frente ao lixão, no bairro Dom Antônio Barbosa, como forma de protesto. Eles alegam que a usina, atualmente com 88 pessoas, não comporta as mais de 700 pessoas que têm o lixo como fonte de renda.
A Solurb informa que a UTR pode receber os autônomos, desde que se organizem em cooperativas. Conforme dados apresentados pela empresa no processo, são 727 catadores registrados no lixão. Contudo, somente 457 solicitaram o cadastro e têm carteira de acesso. Outros 180 cadastrados nunca trabalharam no local.