ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, QUINTA  25    CAMPO GRANDE 24º

Capital

Além do coração, agora longe, Hélio deixa jeito alegre para os filhos

Yarima Mecchi | 21/10/2016 11:46
Hélio em foto postada no Facebook; de pedreiro a DJ, com ele não tinha tempo ruim, dizem familiares e amigos (Foto: Reprodução / Facebook)
Hélio em foto postada no Facebook; de pedreiro a DJ, com ele não tinha tempo ruim, dizem familiares e amigos (Foto: Reprodução / Facebook)
à direita na imagem, a esposa abraçada ao filho mais velho, após o adeus a Hélio. (Foto: Yarima Mecchi)
à direita na imagem, a esposa abraçada ao filho mais velho, após o adeus a Hélio. (Foto: Yarima Mecchi)

"O jeito alegre de ver a vida" é o que a esposa de Hélio Nogueira diz que pretende deixar para os filhos. Aos 35 anos, o marido de Josimara dos Santos, motociclista, morreu em um acidente de trânsito, e seu coração, rins e córneas foram doados para salvar vidas no Rio Grande do Sul, Espírito Santo e Distrito Federal.

No velório de Hélio, na manhã desta sexta-feira (21), Josimara demonstrava estar muito emocionada, porém gratificada pelo destino dos órgãos do marido. Ela disse que o esposo era um exemplo para a família e filhos.

Com a missão de criar dois filhos, um de 9 e outro de 15 anos, ela ressalta que vai passar para os meninos a alegria que o pai tinha para ver a vida. "Com ele não tinha tempo ruim. Quando algo acontecia a gente sabia que ele não estava bem, porém ele não deixava de sorrir e ver o lado bom de tudo que acontecia".

Como uma pessoa que salvou vidas, Hélio teve um enterro simples. Sobre o túmulo, apenas uma coroa de flores.

Além de alegre, ele era conhecido como o 'verdadeiro Severino', porque, além de trabalhar em uma empresa prestadora de serviços, também fazia bicos como pedreiro, ajudante de DJ e tatuador. "Ele estava sempre disposto. Em seis anos de amizade eu já vi ele assentar tijolo meia-noite porque chamaram e ele só podia essa hora", relatou o amigo Valdemir Amorim.

Mesmo com a dor de ter pedido um ente querido o clima no sepultamento era de gratidão por todos que puderam conhecer Hélio. "Um cara muito bacana, a doação de órgãos foi o último ato de quem sempre se doou a vida toda para ajudar o próximo. Quem conheceu o Japa sabe que ele sempre olhou para o outro", afirmou Evandro Marcelino da Silva.

Sepultamento foi simples para homem que salvou vidas. (Foto: Yarima Mecchi)
Sepultamento foi simples para homem que salvou vidas. (Foto: Yarima Mecchi)

Indignação - Amigos e familiares ficaram indignados com o modo que foi feito o cortejo do corpo de Hélio. Ele foi velado em um cemitério próximo a UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) na região Sul de Campo Grande e suputado o no Cemitério São Sebastião - conhecido popularmente como Cruzeiro -, região Norte.

Com a falta de agentes de trânsito para controlar o trafego de veículos alguns familiares e a esposa de Hélio ficaram para trás durante o cortejo. "Na hora de levar os órgãos dele mobilizaram bombeiros e todo mundo, agora na hora de levar ele não teve nem duas motos de trânsito para ajudar", disse Valdemir.

Outros amigos se aproximaram da reportagem e enfatizaram o coro de que ele salvou vidas e poderia ter um cortejo e um enterro mais digno. "Nós vemos atletas sendo carregados em carros do Bombeiros, mas ele salvou vidas e merecia mais consideração", ressaltou a cunhada de Hélio, Rosângela Pereira.

Doação - Na tarde de ontem (20) o Corpo de Bombeiros acompanhou o carro que levava o coração de Hélio até a Base Aérea de Campo Grande para o órgão ser levado à Brasília (DF). Com a autorização da família, além do coração, os rins para Porto Alegre (RS) e Espírito Santo (ES) e as córneas vão permanecer no banco de olhos do hospital.

Nos siga no Google Notícias