Alvo preferido dos ladrões, celular sai do seu bolso para virar “oferta” em site
Conheça os objetos campeões de roubos e furtos em Campo Grande
Fiação, carteira de identidade e celulares lideram o ranking de roubos e furtos em Campo Grande. O retrato da estatística da segurança pública é relativo ao primeiro semestre de 2025.
RESUMO
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Campo Grande enfrenta alta em roubos e furtos no primeiro semestre de 2025. Fiação, documentos de identidade e celulares lideram as ocorrências. Cabos de fibra óptica e fios de energia totalizam 1.786 registros, impactando até serviços essenciais como o SAMU. Já os RGs somam 971 casos, frequentemente subtraídos com bolsas e carteiras. Celulares e acessórios figuram em terceiro, com 895 ocorrências. Os crimes se concentram no Centro à noite e nos bairros durante o dia, com ladrões a pé ou de moto. Muitos roubos são praticados por dependentes químicos para sustentar o vício. Os aparelhos roubados são revendidos em bocas de fumo, por receptadores ou em plataformas online, dificultando a recuperação e perpetuando o ciclo do crime. A polícia alerta que a compra de produtos de origem duvidosa alimenta esse mercado ilegal.
Os cabos e fios são os campeões de registros. Entre roubos e furtos, foram 1.786 ocorrências. Os ladrões levaram cabos de fibra óptica, fios de energia e cabos de cobre para vender no mercado clandestino ou trocar por drogas.
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Quanto ao documento de RG, foram 971 casos de janeiro a junho. Do total, são 688 furtos e 283 roubos. A cédula de identidade é levada junto com mochilas, bolsas e carteiras. Em terceiro, aparecem celulares e acessórios. Foram 895 ocorrências, resultado de 588 furtos e 307 roubos. Trata-se de uma engrenagem do crime, que vai dos dependentes químicos às grandes plataformas de vendas.
Cobre vira “ouro” nas ruas
A epidemia de furtos de fiação em Campo Grande já se incorporou à rotina da cidade. No último domingo (dia 27), o atendimento emergencial pelo número 192 do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) chegou a ficar temporariamente indisponível em Campo Grande e Corumbá. A interrupção do serviço foi provocada pelo furto de cabos de fibra óptica.
Na tentativa de frear a onda de furtos, as empresas até colocaram cartazes na fiação, alertando que não há cobre e que os cabos são “sem valor”. Os fios são cobiçados porque, depois de furtados, os criminosos fazem a queima para a retirada do plástico que envolve o cobre. Em seguida, vendem o produto em lojas de sucatas, o que resulta nos crimes de furto e receptação qualificados.
Furto de celular: Sem hora nem lugar
Em Campo Grande, os crimes para levar celulares não têm hora nem lugar: os ladrões agem no Centro e nos bairros, a pé ou de moto, com ou sem arma. Mas o delegado Edgard Punsky, titular da Derf (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos e Furtos), identifica padrões.
“Na área central, principalmente no horário noturno, a gente nota vários roubos a celulares. Já nos bairros, especialmente na região Sul, acontece muito pela manhã ou na hora do almoço, quando as pessoas estão indo para o trabalho ou escola. Muitas vezes, são indivíduos em motocicletas fazendo menção de estarem armados”, detalha.
Nos bairros como Tijuca, Aero Rancho, Parque do Sol e Coophavila, os assaltos a pedestres são comuns. Na região central, a atuação se concentra em locais como a antiga rodoviária, Monumento da Maria Fumaça (Orla Ferroviária) e Barão do Rio Branco, com autores geralmente a pé. Segundo Punsky, muitos são usuários de droga em busca de recursos para manter o vício.
“Em locais onde há concentração de usuários ou bocas de fumo, acaba sendo comum esse tipo de crime. É um ciclo lógico: roubam para sustentar o uso.”
A rota do crime: para onde vão os celulares?
Logo após a subtração, os aparelhos roubados entram em circulação no mercado paralelo. Segundo o delegado, alguns são entregues diretamente em bocas de fumo, mas a maioria passa por receptadores profissionais, já identificados em investigações da Derf.
“Dois indivíduos apareceram com frequência em celulares recuperados. Eles foram alvos de operação neste ano. Um está preso, outro já foi solto. Eles formatavam, resetavam os aparelhos e revendiam”.
O delegado afirma que eles sabem da origem criminosa, mas compram mesmo assim. “Alguns ainda revendem, o que caracteriza a receptação qualificada. Outros alegam desconhecimento, mas compram por valores muito abaixo do mercado, o que pode configurar receptação culposa”, alerta Punsky.
Mercado digital
A última etapa do ciclo é a mais visível. Conforme o delegado, alguns desses aparelhos são encontrados em lojas no Centro, mas a grande maioria dos celulares roubados vai parar em plataformas online, com preços baixos que atraem compradores em busca de “ofertas”.
“Só existe o roubo porque tem quem compre. Infelizmente, algumas pessoas deixam a empatia de lado e compram objetos de origem duvidosa, achando que estão fazendo um bom negócio. Mas esse ganho acontece às custas de outra pessoa que teve o celular tomado à força”, afirma o delegado.
A revenda desses aparelhos não apenas perpetua o crime, mas também dificulta a recuperação dos bens. Segundo Punsky, a Derf consegue recuperar dezenas de celulares por mês, mas nem sempre consegue identificar os donos.
“Já tivemos operações que recuperaram até dez celulares de uma vez. Estimamos que, só em 2025, tenhamos resgatado mais de 100 aparelhos, mas não tenho um número fechado. Quando não localizamos o proprietário, o celular é enviado ao Judiciário, que decide se será leiloado ou destruído”.
Para o delegado, o combate a esse tipo de crime passa não só pela repressão aos ladrões, mas pelo enfrentamento direto ao mercado que recebe e lucra com esses produtos.
“A gente está falando de roubo, furto, estelionato.São todos crimes contra o patrimônio que alimentam um mercado paralelo. E isso só existe porque tem quem compre”.
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