Após 6 anos sem saber causa, garoto faz cirurgia e se livra de problema na articulação da boca

Um dos desejos do menino, segundo a mãe, é voltar à escola e comer pipoca. Por causa da doença, ele mal conseguia se alimentar

“Estou muito contente e feliz”, disse Maria Aparecida de Morais, 41 anos, mãe de Lucas Ortiz de Morais, 12 anos, que fez uma cirurgia na tarde de ontem (7) na Santa Casa de uma doença chamada Anquilose – uma rigidez na articulação que atrapalha na alimentação, compromete a arcada dentária e leva a deformidade da face. Lucas não vê a hora de voltar à escola e satisfazer um desejo, comer pipoca.

Mãe de 12 filhos, Maria Aparecida mora no assentamento Itamarati em Ponta Porã. Ela conta que Lucas começou a apresentar dificuldade para comer e deformidade na face a partir dos seis anos de idade.

“Eu morria de dó dele, Lucas tinha muita dificuldade para comer”, disse Maria. Segundo ela, para se alimentar o garoto colocava a comida na boca e empurrava os alimentos com o dedo. A mãe disse que sempre procurou tratamento do filho na cidade, mas os médicos não diagnosticavam a causa.

Cirurgia - A cirurgia durou três horas e contou com uma equipe médica de 10 profissionais, entre anestesista, médicos e cirurgiões dentistas. O cirurgião dentista Frederico Miguel Garlipp, especialista buco-maxilo-facial, disse que o procedimento foi demorado porque o garoto não conseguia abrir a boca. “Foi necessário usar um aparelho chamado de bronco fibroscópio”.

O cirurgião explica que a Anquilose não é tão comum. Conforme ele pode ser uma doença, congênita, ou adquirida por algum tipo de trauma. No caso de Lucas, o dentista acredita que a disfunção ocorreu por uma lesão na infância. “Tem muito paciente sofrendo com este mesmo problema sem saber”.

O médico disse que a cirurgia foi bem sucedida, mas que o garoto terá que fazer um tratamento multidisciplinar. “Ele vai ter que fazer uma cirurgia para reconstituir a deformidade da face, trabalho com fonoaudiólogos e fisioterapeutas”.

Técnica nova - O cirurgião dentista Alberto Novelli Assef, especialista em distúrbio da articulação temporomandibular , é de São Paulo e trouxe uma técnica nova de cirurgia que é minimamente invasiva.

Na manhã desta sexta-feira a paciente Gisele Mortiz de Freitas, 27 anos, fez uma cirurgia para reconstituição e posicionamento do disco articular. De acordo com o médico, este tipo de trauma ocorre em pacientes que sofreu um acidente e tem limitação da abertura da boca.

O tratamento como o de Lucas e da Gisele é feito na Santa Casa pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Gisele terá alta hoje no final da tarde, já Lucas não tem previsão de alta.