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Capital

Após "notoriedade" em briga com médicos, mulher dá uma força a Dilma

Bruno Chaves | 03/08/2013 10:23
Mulher imprimiu matéria do Campo Grande News e colheu assinaturas em 14 páginas do texto (Foto: Marcos Ermínio)
Mulher imprimiu matéria do Campo Grande News e colheu assinaturas em 14 páginas do texto (Foto: Marcos Ermínio)

A resposta da sociedade contra o Ato Médico, realizado em Campo Grande na semana passada, que teve a adesão de cerca de 500 profissionais, veio de forma singela e isolada por parte de uma mulher. Ela quase perdeu a vida na fila de um hospital em 2009. Maria José Pinheiros, que ficou conhecida no último dia 23 ao se desesperar, chorar e defender o programa “Mais Médicos”, da presidente Dilma Rousseff (PT), decidiu sair às ruas para provar que a sociedade é a favor do programa federal.

Protesto de uma só pessoa. Essa foi a atitude tomada por Maria, que é presidente da ONG Associação de Amparo a Mãe Precoce e à Família Fragilizada. Nas horas vagas de seus últimos dias, a mulher percorreu as ruas da Capital para colher assinaturas em um abaixo assinado a favor do programa que pretende levar médicos para atuarem durante três anos na atenção básica à saúde em regiões pobres do Brasil.

Maria conta que tomou a decisão depois que se viu na matéria “Mulher chora, defende Dilma e constrange médicos durante protesto”, veiculada pelo Campo Grande News. “A matéria teve uma grande repercussão. Fui vendo ali os comentários dos internautas e tive uma ideia: quero ouvir a sociedade e saber o que ela realmente quer sobre o assunto. Quero saber se as pessoas estão conscientes e se querem mais médicos”, afirmou.

Pensado e realizado. Maria imprimiu a matéria do jornal com os comentários dos leitores – 14 páginas de texto –, saiu às ruas da cidade e conseguiu colher 344 nomes e telefones de pessoas que apoiam o programa de Dilma. As assinaturas foram postas nas próprias folhas onde a matéria e os comentários estavam impressos.

“Percebi que o povo quer médico, independente de onde venham. É claro que a prioridade é que sejam médicos brasileiros. Mas se vierem de fora, porque não?” indagou. Maria completo dizendo que além de quererem mais profissionais atuando na saúde pública, a sociedade também anseia por um sistema que funcione melhor: com remédios a disposição da população e instrumentos de trabalho para os profissionais.

“Não adiante ter só o médico porque ele não vai fazer milagre”, opinou a militante. Ela também disse que durante sua peregrinação encontrou pessoas que não pensavam da mesma forma. “Elas foram contra porque são parentes e amigos dos médicos. É claro que não conhecem a realidade da população que sofre no SUS (Sistema Único de Saúde)”, garantiu.

Para que seu trabalho não tenha sido em vão, Maria disse que pretende encaminhar o “documento” às autoridades competentes que possam fazer com que os papéis cheguem até à presidente da República. “Quero que ela não desanime com as críticas recebidas por parte dos médicos”, disse. “Também quero encaminhar ao CFM (Conselho Federal de Medicina) e ao CNJ (Conselho Nacional de Justiça) para que eles saibam que a população é a favor do programa e quer mais médicos”, prometeu.

Ao todo, foram 344 assinaturas recolhidas (Foto: Marcos Ermínio)
Ao todo, foram 344 assinaturas recolhidas (Foto: Marcos Ermínio)
No dia do protesto, Maria constrangeu os médicos (Foto: Marcos Ermínio)
No dia do protesto, Maria constrangeu os médicos (Foto: Marcos Ermínio)

Engano, desabafo, constrangimento e notoriedade – “Quando vi todo mundo de branco, eu me animei e pensei: é pela paz”, disse Maria sobre o protesto médico ocorrido na semana passada em Campo Grande. A mulher disse que estava sentada na Praça Belmar Fidalgo quando viu a concentração das pessoas.

“Quando eu cheguei lá, descobri que me enganei. Foi grande o choque, foi grande o impacto porque eu tava ali vendo uma situação de paz, todo mundo de branco. Aquilo me doeu muito porque a gente sabe o quanto temos visto pessoas sofrerem e morrerem nas filas dos hospitais. Olhei e não acreditei”, revelou.

Depois de descobrir a verdadeira intenção do manifesto, Maria contou que ficou indignada e tratou logo de entrar no meio das pessoas para dar um “puxão de orelha” em que estava ali. Ao expor seus argumentos, a mulher constrangeu os médicos do protesto.

“Fiquei desesperada. Lembrei de quando eu quase morri de dengue com minha filha na fila de um hospital. Eles estavam protestando contra o direito de a gente ter mais médicos. Eles estão protestando contra a população”, afirmou.

Maria contou que ficou muito revoltada. Para ela, os profissionais da saúde deveriam ir às ruas para brigarem “pelo dinheiro roubado dos hospitais, pela máquina que deveria ter vindo para cá (aceleradores nucleares recusados pela Santa Casa e Hospital Regional), protestarem contra essa badernação (sic) e contra a falta de leitos”.

Enquanto isso, “as pessoas que pagam seus impostos e têm seus direitos garantidos estão morrendo a míngua”, opinou.
Para Maria, a matéria sobre seu desabafo teve uma grande repercussão e ela tinha como obrigação buscar o lado da sociedade sobre a questão.

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