Após perder casa e tudo no 3º incêndio seguido, idoso vira sem-teto

Depois de perder a casa no Bairro Universitário, na saída para São Paulo, e todos móveis, roupas e documentos em um incêndio na terça-feira (13), o aposentado Pedro Rodrigues, 86 anos, foi levado para um abrigo da prefeitura, o Creas (Centro de Referência Especializado de Assistência Social) Pop, no Parque dos Poderes. De dono de três imóveis, sendo dois alugados, ele virou sem-teto.
A informação é de um vizinho, o comerciante Elvio Dutra, um dos que ajudava o idoso financeiramente e com alimentos. "No mesmo dia do incêndio, por volta das 18 horas, veio um carro de prefeitura, questionei para onde o levariam, disseram esse abrigo e me deixaram um telefone para contato", conta.
Na quinta-feira, Dutra ligou no telefone e uma funcionária afirmou que Pedro passava bem. "Liguei para saber se ele precisava de alguma coisa, roupas, mas disseram que um filho adotivo passaria para buscá-lo e por isso não precisavam de mim", acrescenta.
Proprietário de uma loja de materiais de construção, Dutra tem planos de construir uma nova casa, de duas peças, para o vizinho. "Só preciso de uma máquina para tirar esses entulhos", explica.
Outra vizinha, a dona de casa Vera Lúcia de Jesus, que há 25 anos convive com seu Pedro, conta que, antes de partir para o abrigo, o idoso prometeu que passaria a ouvir os conselhos dela. "Ele é muito teimoso. Sempre tentei convencer que não dava para alugar casa para qualquer um. Ele teve um prejuízo enorme com inquilinos que não pagavam luz, água, aluguel, mas quando se despediu disse que tinha entendido e deixaria que eu cuidasse dele", lembra. "Espero que ele volte logo", resume.
Crime - O impasse com os inquilinos levou testemunhas a acreditarem que eles seriam os culpados pelo incêndio que fez seu Pedro perder tudo. Titular da 4ª Delegacia de Polícia, que investiga o caso, o delegado Devair Aparecido Francisco, não descarta nenhuma hipótese, mas explica que informações iniciais da perícia levam a crer que não se trata de crime.
"Tudo leva a crer que não. Na casa tinha um gato de energia, além de instalações elétricas bem precárias, e muitos materiais combustíveis, como madeira", afirma. "Os inquilinos suspeitos já foram ouvidos, assim como os vizinhos, e os depoimentos reforçaram que o incêndio não foi proposital'.
O inquérito será concluído com a emissão do laudo pericial, dentro de 30 dias.