ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram Campo Grande News no TikTok Campo Grande News no Youtube
JUNHO, SEGUNDA  16    CAMPO GRANDE 27º

Capital

Assassinato foi tragédia após "2 anos de pressão", diz ex-mulher de agrônomo

Irmã do assassino e ex-mulher da vítima, Ana Leonilda diz que até agora o filho não sabe que o pai morreu

Ângela Kempfer | 03/12/2020 11:23
Assassinato foi tragédia após "2 anos de pressão", diz ex-mulher de agrônomo
Arma usada no crime que, segundo irmã, "já está na família há anos". (Foto Divulgação)

Ana Leonilda Lo Pinto estava em São Paulo quando recebeu a ligação da família com a notícia: o ex-marido morreu, assassinado com 4 tiros pelo irmão dela, na porta de casa. Segundo  Ana, foi o fim trágico para quase 2 anos de "pressão e ameaças".

"A gente se separou tem 1 ano e meio. Desde então, nunca mais a minha família teve paz. Ele era violento, ameaçava todo mundo. Disse várias vezes que ia vir aqui matar meu pai. Um dia, tentou esganar a minha mãe", garante a advogada de 35 anos sobre o engenheiro agrônomo Erick Inserra, 41 anos, morto pelo ex-cunhado, o médico veterinário José Bernardino Prado Lo Pinto, 25 anos,

Em setembro, ela diz ter registrado boletim de ocorrência e solicitado medida protetiva, depois de vários "escândalos e ameaças de morte", que pioraram com o pedido oficial de divórcio. "Ele bebia demais. Mas mesmo sóbrio, era muito impulsivo", detalha.

Ana conta que o relacionamento dos dois começou de forma muito rápida. Com um mês de namoro, ela engravidou e veio o casamento. "Moramos 1 ano e meio na casa da minha sogra. Mas ai a família rompeu com ele e a partir daí o Erick nunca mais foi o mesmo. Começou a beber e usar drogas. Ele começou a me agredir, me humilhar, ai ficou insustentável", afirma.

Chorando sem parar, Ana faz questão de repetir: "Meu filho não viu nada moça, escreve ai, ele não viu nada". Ela fala sobre o menino de 7 anos que ontem (3) pegava os cabos de videogame dentro de casa, quando pai e tio começaram a discutir em frente da residência da família, no Bairro Monte Castelo.

Apesar da separação conturbada, Erik era pai presente, admite Ana. Os dois alternavam os fins de semana com o filho. Como a mãe viajou para treinamento em São Paulo, a quinta-feira seria de Erik com o menino. "Ele disse que ia pegar de manhã, não foi, ai de tarde apareceu. Meu filho tinha esquecido de pegar o videogame, voltou para pegar, ai começou a discussão", relata

No momento do crime, só estavam na casa o veterinário, o sobrinho e a avó. "Ele (Erik) começou a ofender meu irmão do nada. Ai começou a discussão. Minha mãe ouviu os gritos e segurou meu filho dentro de casa. Até agora ele não sabe que o pai morreu, mas ouviu a briga e já me falou: 'mãe, nunca mais quero ver meu pai'", diz Ana.

Durante a briga, José entrou, pegou a arma, voltou e atirou. Com Erick no chão, ele ainda fez mais um disparo, dizem testemunhas. "Essa arma não é dele. Está com a família há muitos anos. Meu irmão ia viajar para fazenda, nem era para estar aqui. Foi tudo uma fatalidade", avalia.

A família, segundo ela, está "destruída". "Minha mãe está em choque. Meu irmão é muito tranquilo, ninguém acredita. Mas foram quase dois anos engolindo sapo. Ele perdeu a cabeça. Ninguém mais aguentava tanta ameaça".

Por ironia, ontem, quando pegou o avião de São Paulo, rumo a Campo Grande, a advogada diz que encontrou a ex-cunhada no mesmo voo, voltando para casa depois de saber do assassinato de Erick. "A gente só se abraçou e chorou", diz.

O Campo Grande News tentou contato com a irmã de Erick, mas até o fechamento dessa reportagem, não obteve resposta. O médico veterinário passou por audiência de custódia na Justiça nesta manhã (3) e teve a prisão em flagrante convertida em preventiva.

Nos siga no Google Notícias