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Capital

Assassinato foi tragédia após "2 anos de pressão", diz ex-mulher de agrônomo

Irmã do assassino e ex-mulher da vítima, Ana Leonilda diz que até agora o filho não sabe que o pai morreu

Ângela Kempfer | 03/12/2020 11:23
Assassinato foi tragédia após "2 anos de pressão", diz ex-mulher de agrônomo
Arma usada no crime que, segundo irmã, "já está na família há anos". (Foto Divulgação)

Ana Leonilda Lo Pinto estava em São Paulo quando recebeu a ligação da família com a notícia: o ex-marido morreu, assassinado com 4 tiros pelo irmão dela, na porta de casa. Segundo  Ana, foi o fim trágico para quase 2 anos de "pressão e ameaças".

"A gente se separou tem 1 ano e meio. Desde então, nunca mais a minha família teve paz. Ele era violento, ameaçava todo mundo. Disse várias vezes que ia vir aqui matar meu pai. Um dia, tentou esganar a minha mãe", garante a advogada de 35 anos sobre o engenheiro agrônomo Erick Inserra, 41 anos, morto pelo ex-cunhado, o médico veterinário José Bernardino Prado Lo Pinto, 25 anos,

Em setembro, ela diz ter registrado boletim de ocorrência e solicitado medida protetiva, depois de vários "escândalos e ameaças de morte", que pioraram com o pedido oficial de divórcio. "Ele bebia demais. Mas mesmo sóbrio, era muito impulsivo", detalha.

Ana conta que o relacionamento dos dois começou de forma muito rápida. Com um mês de namoro, ela engravidou e veio o casamento. "Moramos 1 ano e meio na casa da minha sogra. Mas ai a família rompeu com ele e a partir daí o Erick nunca mais foi o mesmo. Começou a beber e usar drogas. Ele começou a me agredir, me humilhar, ai ficou insustentável", afirma.

Chorando sem parar, Ana faz questão de repetir: "Meu filho não viu nada moça, escreve ai, ele não viu nada". Ela fala sobre o menino de 7 anos que ontem (3) pegava os cabos de videogame dentro de casa, quando pai e tio começaram a discutir em frente da residência da família, no Bairro Monte Castelo.

Apesar da separação conturbada, Erik era pai presente, admite Ana. Os dois alternavam os fins de semana com o filho. Como a mãe viajou para treinamento em São Paulo, a quinta-feira seria de Erik com o menino. "Ele disse que ia pegar de manhã, não foi, ai de tarde apareceu. Meu filho tinha esquecido de pegar o videogame, voltou para pegar, ai começou a discussão", relata

No momento do crime, só estavam na casa o veterinário, o sobrinho e a avó. "Ele (Erik) começou a ofender meu irmão do nada. Ai começou a discussão. Minha mãe ouviu os gritos e segurou meu filho dentro de casa. Até agora ele não sabe que o pai morreu, mas ouviu a briga e já me falou: 'mãe, nunca mais quero ver meu pai'", diz Ana.

Durante a briga, José entrou, pegou a arma, voltou e atirou. Com Erick no chão, ele ainda fez mais um disparo, dizem testemunhas. "Essa arma não é dele. Está com a família há muitos anos. Meu irmão ia viajar para fazenda, nem era para estar aqui. Foi tudo uma fatalidade", avalia.

A família, segundo ela, está "destruída". "Minha mãe está em choque. Meu irmão é muito tranquilo, ninguém acredita. Mas foram quase dois anos engolindo sapo. Ele perdeu a cabeça. Ninguém mais aguentava tanta ameaça".

Por ironia, ontem, quando pegou o avião de São Paulo, rumo a Campo Grande, a advogada diz que encontrou a ex-cunhada no mesmo voo, voltando para casa depois de saber do assassinato de Erick. "A gente só se abraçou e chorou", diz.

O Campo Grande News tentou contato com a irmã de Erick, mas até o fechamento dessa reportagem, não obteve resposta. O médico veterinário passou por audiência de custódia na Justiça nesta manhã (3) e teve a prisão em flagrante convertida em preventiva.

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