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Capital

Assassino afirma estar em paz após execução de “Opala do PCC”

Eriton Amaral de Souza diz que crime foi motivado após morte do filho de 2 anos em 2018, mas negou vingança

Por Ana Paula Chuva e Geniffer Valeriano | 04/09/2025 10:59
Assassino afirma estar em paz após execução de “Opala do PCC”
Eriton sentado no banco dos réus durante julgamento nesta quinta-feira (Foto: Marcos Maluf)

Sentado no banco dos réus da 1ª Vara do Tribunal do Júri, Eriton Amaral de Souza, o “Tonzinho do Lageado”, confessou ter matado Matheus Pompeu Dias, o “Opala do PCC”. O crime aconteceu em março de 2024, quando a vítima saía do local onde trabalhava no bairro Jardim Montevidéu, em Campo Grande. O julgamento acontece nesta quinta-feira (4).

RESUMO

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Em julgamento na 1ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande, Eriton Amaral de Souza confessou o assassinato de Matheus Pompeu Dias, ocorrido em março de 2024. O crime teve origem em uma desavença durante período em que ambos estavam presos. O réu alegou que a motivação do crime está relacionada à morte de seu filho prematuro, nascido após um atentado em 2016, quando Matheus teria atirado contra o carro onde Eriton estava com a esposa grávida. A mãe da vítima, Maria Lucia Pompeu, contestou a versão apresentada e pede justiça pela morte do filho.

Ao juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida, o réu contou que teve um desentendimento com Matheus ainda quando estavam presos. Os dois trocaram socos e tapas e Eriton foi ameaçado de morte pela vítima. Em meados de 2016, Tonzinho relatou que estava levando a esposa para fazer uma ultrassonografia por conta da gravidez e uma motocicleta parou ao lado do carro onde o casal estava.

O motociclista seria Matheus, que efetuou disparos contra o carro. Tonzinho afirma que saiu correndo e, quando retornou, a bolsa da esposa havia estourado. Eles seguiram para o hospital, onde a mulher passou meses internada, e o bebê nasceu prematuro, com seis meses de gestação e malformação.

Sobre não ter chamado a polícia, o réu alegou que “não tem como envolver polícia” no meio em que ele vivia. Em 2018, o filho de Eriton acabou morrendo e então nasceu o desejo de matar Matheus, mas negou ser vingança.

"Não foi uma vingança; é uma coisa dentro de mim. Porque meu filho veio a falecer depois de um tempo. Aí eu fiquei com aquele vazio no coração, no peito. Não dormia bem, não conseguia viver bem, sempre pensando nele, mas não tinha uma vingança, assim. É uma coisa que só quem perdeu o ente querido vai dizer como é", afirmou Eriton.

Eriton seguiu a vida trabalhando até que, uma semana antes do crime, em 2024, viu um vídeo de Matheus em uma rede social. Ele então lembrou de tudo o que havia acontecido e decidiu comprar uma arma e uma motocicleta para matar a vítima, porém não queria cometer o crime quando a vítima estivesse acompanhada. O réu negou ter rondado a casa de Opala.

"Eu não fiquei procurando [o endereço dele]. Eu estava vendo um vídeo e vi um que mostrava a região onde ele estava; era no serviço dele. Nisso, ele postou um vídeo em um dia em que carregava o caminhão no serviço dele. Ele mesmo postou o endereço, não que eu estava procurando ele. Naquele momento, ele postou o vídeo e eu lembrei do caso, de tudo o que aconteceu", declarou.

No dia do crime, ele contou que passou em frente ao local e viu que Matheus estava com um colega de trabalho. Ele então decidiu dar a volta na quadra e, ao retornar, encontrou a vítima saindo de carro sozinha e decidiu, então, efetuar os disparos. “O problema era só com ele”, pontuou Eriton.

Ele estava solto há 4 meses e comprou a arma e a motocicleta em grupos de rede social. Sobre o sentimento após a execução, Eriton afirmou que vive em paz. “Agora posso descansar. Não tenho mais aquele aperto no coração que tinha antigamente”, finalizou.

Assassino afirma estar em paz após execução de “Opala do PCC”
Maria Lúcia, mãe da vítima, acompanha o julgamento de Eriton (Foto: Geniffer Valeriano)

Ao acompanhar o julgamento, a mãe de Matheus afirmou que Eriton estava, sim, rondando a casa da vítima. Emocionada, ela conversou pouco com a imprensa e contou que é um período doloroso. “Espero que ele fique preso por muito tempo. Ele seguiu o Matheus e mentiu que o Matheus estava sozinho. Ele estava com o irmão. Eu sinto uma dor no meu coração. A justiça de Deus é mais forte que tudo”, desabafou Maria Lucia Pompeu, 60 anos.

Crime - Segundo relatos do atirador, ele foi preso em flagrante por um policial do Batalhão de Choque, à paisana, que presenciou o crime. O caso aconteceu na Avenida Ana Rosa Castilho Ocampos, na saída para Cuiabá. Matheus morreu no local, dentro do Fiat Uno que dirigia.

Conforme o tenente-coronel Rigoberto Rocha, comandante do Batalhão de Choque, o assassino relatou que o desentendimento entre os dois começou na cadeia, quando cumpriam pena juntos. Mas não contou mais detalhes.

Matheus já havia sido alvo de atiradores, em abril de 2020, mas os autores acabaram matando a esposa dele por engano. Sônia Estela Flores dos Santos estava no carro da família, um Chevrolet Celta, ao lado do marido e com a filha de 4 meses no colo, quando foi ferida pelos disparos feitos por homens em uma motocicleta.

Assassino afirma estar em paz após execução de “Opala do PCC”
Corpo da vítima dentro do carro onde foi executado (Foto: Henrique Kawaminami | Arquivo)

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