“Bate na cara, espanca até matar”: grito de guerra da PM assusta e abre debate
Letra da canção chamou atenção pela violência explícita
RESUMO
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Grito de guerra de novos PMs em MS gera polêmica por discurso violento. A frase "Bate na cara, espanca até matar", com referências a tortura e assassinato, foi entoada durante a formação de 427 soldados e criticada por especialistas em direitos humanos e segurança pública. A advogada Giselle Marques, ex-presidente do Centro de Defesa dos Direitos Humanos Marçal de Souza, considera o discurso inaceitável e uma apologia ao crime. Nas redes sociais, o caso divide opiniões entre os que defendem a "cultura militar" e os que denunciam o estímulo à violência policial. A PM ainda não se pronunciou sobre o ocorrido.
Um grito de guerra entoado por novos soldados da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul gerou forte repercussão nas redes sociais e levantou questionamentos sobre o discurso violento dentro da corporação. A frase inicial: “Bate na cara, espanca até matar”, seguida de menções a tortura, assassinato e cancelamento de CPF, tem sido criticada por organizações de direitos humanos e especialistas em segurança pública.
A reportagem apurou que o grito de guerra foi durante o curso, mas não há informações se os soldados chegaram a cantá-lo durante a formatura da 38ª turma, realizada na quarta-feira (31), em Campo Grande. Ao todo, 427 novos soldados participaram da cerimônia. Eles passaram por 1.554 horas de formação, entre aulas teóricas e práticas.
O conteúdo do grito chamou a atenção pela violência explícita. Um dos trechos diz: “Arranca a cabeça e joga ela pra cá. O interrogatório é muito fácil de fazer, eu pego o vagabundo e bato nele até morrer. Essa daqui poucos conhecem, é faca da PM que cancela CPF”.
Para a advogada Giselle Marques, ex-presidente do Centro de Defesa dos Direitos Humanos Marçal de Souza, o discurso é inaceitável: “não podemos permitir que a PM continue a naturalizar o espancamento. Usar a tortura em interrogatório é algo que repugna nossa condição de pessoa civilizada! Viola o princípio constitucional da dignidade humana. Ensinar isso aos nossos jovens é apologia ao crime”, diz.
Nas redes sociais, internautas dividem opiniões - enquanto alguns veem o grito como parte da "cultura militar", outros denunciam o estímulo à violência policial e à tortura.
"É normal dentro da polícia, para incentivo durante o desfile, na formatura, um estímulo. É apenas uma canção, sempre existiu. Cantos de guerra, nada que vá trazer para o psicológico do formando algo ruim ou instigue a fazer algo de ruim. Isso faz parte", disse um militar à reportagem, que preferiu ter o nome preservado.
"Temos vivenciado uma sociedade cada dia mais violenta e, em vez do aprendizado de técnicas humanizadas de atendimento e de táticas de imobilização, vemos essa apologia e incentivo à barbárie", diz uma internauta.
Até o momento, o comando da Polícia Militar não se manifestou oficialmente sobre o caso. A reportagem procurou o secretário de Justiça e Segurança Pública, Antônio Carlos Videira, o Governo de MS e a Polícia Militar. O espaço encontra-se aberto.
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