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Capital

“Cada dia pior”: vídeos mostram drogas, tráfico e medo em bairro centenário

“Digo: Cara sai dessa vida, a gente te ajuda. Mas a grande parte não quer”, relata morador

Aline dos Santos e Ana Oshiro | 05/01/2021 12:39
Vida nas ruas: o flagelo que não muda em região que leva a fama de cracolândia. (Foto: Marcos Maluf)
Vida nas ruas: o flagelo que não muda em região que leva a fama de cracolândia. (Foto: Marcos Maluf)

O ano mal começou e já trouxe um cenário velho conhecido no bairro Amambaí,  em Campo Grande: a presença de drogas, usuários e tráfico.

No mês de novembro, o Campo Grande News alertou que todas as noites a Rua Alan Kardec é  tomada por usuários de drogas, que amedrontam os frequentadores e diminuem os lucros dos empresários.

Nesses primeiros dias de 2021, câmeras de videomonitoramento do programa Cidadão Integrado CDL  (Câmara de Dirigentes Lojistas) mostram os dependentes químicos pelas ruas do Amambaí, que vai completar cem anos em dezembro.



Proprietário de centro automotivo, Juraci Pereira, 58 anos, relata preocupação e fuga dos clientes. “Os clientes não chegam até a gente por medo. O movimento caiu muito. À noite, a gente não consegue dormir de preocupação. Só piora, está cada dia pior. Se continuar do jeito que está, penso em sair daqui”, afirma.

A esquina mais problemática é entre Dom Aquino e Alan Kardec. Sob a condição de não ser identificado na matéria, um morador de 61 anos já tem até data para deixar o Amambaí, onde viveu os últimos 35 anos.

Morador mostra no celular imagens da câmera que vigia ruas. Ele pensa em desistir do Amambaí após 35 anos. (Foto: Marcos Maluf)
Morador mostra no celular imagens da câmera que vigia ruas. Ele pensa em desistir do Amambaí após 35 anos. (Foto: Marcos Maluf)

“Se não melhorar até março, abril, vamos sair. O problema aqui é o tráfico, tem traficante pesado na região”, afirma. Para proteger a casa, ele instalou grades, enquanto câmeras vigiam a rua. O morador conta que também já ofereceu ajuda para os usuários que perambulam pelo Amambaí. “Digo: Cara sai dessa vida, a gente te ajuda. Mas a grande parte não quer”.



Para o morador, restam as boas lembranças do passado, quando não tinha medo de  caminhar pelas cinco quadras que separam sua casa do Centro, e a longeva história do bairro, que comemora 100 anos em dezembro.

“Tenho um quintal gostoso, moro perto do Centro, mais da metade da minha vida foi aqui, criei meus filhos. É difícil abandonar essa casa e ir para outro lugar. Mas se não cuidar, vai virar uma cracolândia”.

 A Barão do Rio Branco recebeu um posto da PM (Polícia Militar), mas que só resultou na migração dos dependentes para outros pontos.

Moradia improvisada dos usuários que perambulam pelo bairro Amambaí. (Foto: Marcos Maluf)
Moradia improvisada dos usuários que perambulam pelo bairro Amambaí. (Foto: Marcos Maluf)

Intimidação e medo - “Perdemos diariamente milhares de jovens para as drogas, muitas famílias são destruídas pelas ações dos traficantes e o nosso comércio, que já sofre com outras crises é mais uma vítima que vê seu trabalho minguando pelas intimidações e o medo que o consumidor tem de frequentar a região. É uma emergência. Precisamos de soluções que salvem nossas famílias”, afirma o presidente da CDL, Adelaido Vila.

Segundo o diretor da Câmara de Dirigentes Lojistas, Denison Zubieta, os pontos  mais complicados envolvem as ruas Dom Aquino, Joaquim Nabuco, Alan Kaderc e Saldanha Marinho.

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