Cadeirante em situação degradante foi atendido em posto de saúde e liberado
Socorro foi feito pelos bombeiros, mas se rapaz não tivesse ferimentos, Assistência Social se responsabilizaria pelo atendimento

Em situação degradante, cadeirante foi encaminhado ao posto de saúde 24 horas do bairro Tiradentes na noite de ontem, após ser socorrido por moradores do bairro Vilas Boas caído em calçada, semi despido, em estado aparente de embriaguez e ferido na cabeça.
Inconformados, vizinhos procuraram a reportagem através do Direto das Ruas para relatar que haviam entrado em contato com o Corpo de Bombeiros, Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e Secretarias de Assistência Social do Estado e do município, mas que nenhum deles havia se responsabilizado pelo atendimento.
Nesta quinta-feira, o Campo Grande News procurou as instituições citadas para saber o que de fato ocorreu com o rapaz, cujo nome não será divulgado.
O Corpo de Bombeiros nega qualquer negligência. Garante que atendeu a ocorrência, a primeira chamada para atendimento foi às 18h31, mas o endereço informado – na rua Domingos Jorge Velho – foi incorreto, sendo que equipe foi deslocada ao numeral 112.

Mais tarde, às 19h07, nova ligação foi feita, sendo então informado o número 1112, onde a equipe de resgate encontrou o rapaz e o encaminhou ao posto do bairro Tiradentes. Lá, segundo a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), ele é conhecido, sendo corriqueiro ser atendido no local.
Tanto que somente na quarta-feira, antes de ser levado para lá à noite, às 10h30 do mesmo dia já havia passado por atendimento. Nesse horário, ele também foi encaminhado pelos bombeiros até lá, “com sinais de embriaguez e bastante agitado”, conforme a secretaria.
Ele teria sido atendido pela equipe, medicado e liberado no início da tarde. No entanto, à noite, “retornou com o mesmo quadro clínico, sendo medicado novamente, passou a noite na unidade e saiu na manhã dessa quinta-feira”. Não foi informado se ele teria família ou se seria morador de rua.
Assistência Social – segundo a SAS (Secretaria Municipal de Assistência Social), a entidade se responsabiliza por esse tipo de atendimento somente se o caso não necessitar de intervenção de saúde. Como o rapaz estava ferido e aparentava embriaguez, Samu ou bombeiros é que deveriam prestar socorro.
Mesmo assim, equipe da Seas (Serviço Especializado em Abordagem Social), vinculada à SAS, foi até o local da denúncia ontem à noite, mas como os bombeiros já haviam feito o resgate, o rapaz não estava mais lá.

Conforme a assessoria de imprensa da secretaria, caso haja necessidade, o próprio posto de saúde, através da assistência social local, acionaria encaminhamento para algum abrigo municipal. Esse pedido, no entanto, não foi feito até o momento.
Para denúncias ou atendimentos, a SAS informou que disponibiliza os seguintes telefones do Seas: (67) 98404-7529 ou (67) 98471-8149, que funcionam 24 horas.
A reportagem entrou em contato com a Sedasth (Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos), mas não houve retorno.
Samu – o coordenador municipal do Samu, Ricardo Rapassi, informou que o serviço não recebeu nenhuma ligação sobre o caso em questão e que não há registros de chamada para o endereço citado. Afirmou, no entanto, que seria sim atribuição da instituição prestar o socorro em caso de problemas de saúde.
“Não fomos acionados”, sustentou, explicando que se o caso envolvesse apenas abandono ou pessoa em situação de rua, sem necessidade de atendimento à saúde, a SAS é que deveria ser acionada.