Cansada de acidentes e perigos, maioria quer pagar por BR duplicada
Vai doer no bolso, mas o cansaço diante de tantas tragédias e perdas faz com que a maioria dos moradores de cidades do entorno aprove o pagamento de pedágio para circular pela BR-163.
“Se for duplicar, sou a favor. Mas se for só terceira faixa, não vira”, afirma o pecuarista César Augusto Ferreira, 36 anos. Ele conta que morava em Jaraguari, mas veio de mudança para São Gabriel do Oeste com o intuito de reduzir as idas e vindas pela rodovia.
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De acordo com dados divulgados pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) em dezembro de 2013, serão nove praças de pedágio. Para percorrer os 140 quilômetros entre Campo Grande e São Gabriel do Oeste, por exemplo, serão três pontos de cobrança.
“Vai encarecer um pouco mais. Mas a BR é mal conservada e tem a questão dos acidentes. Mas vale à pena se for para manter a rodovia tranquila e com segurança”, avalia o comerciante Edenir Marcon, 43. Ele viaja de São Gabriel à Capital a cada 15 dias. “Quando vou para o Paraná, pago pedágio. Mas, se estragar o carro, tem sistema de auxílio”, diz, sobre os serviços oferecidos pela concessionária.
O frentista Elder da Silva Ribeiro, 28, que mora em Jaraguari, também espera que as obras de duplicação resultem em mais segurança e melhor infraestrutura. “Pode melhorar bastante. Estão fazendo recapeamento, mas já apareceram 50 buracos”, reclama.
Ele conta que na semana passada foi testemunha de mais uma tragédia na estrada. A passageira de uma caminhonete morreu a poucos metros do posto Carretão, onde trabalha.
Mas há quem esperava ver o dinheiro público custeado as obras na rodovia. “Os gastos já são demais da conta, tinha que usar melhor o dinheiro dos imposto”, afirma a comerciante Elair Balzan, 53. Para viajar de São Gabriel do Oeste a Florianópolis, ida e volta, ela pagou R$ 600. “Tem pedágio de R$ 30, R$ 40 e assim vai”, relata.
O contrato com a CCR (Companhia de Participações em Concessões), empresa que venceu leilão para explorar os 847 km da BR-163 em Mato Grosso do Sul, vai assinar contrato no próximo dia 6 de março.
Na análise positiva, a duplicação vai resolver um gargalo logístico, proporcionar maior segurança e reduzir gastos (como combustível e pneu). Porém, a mesma cobrança de pedágio deve encarecer o frete em até 20%, com reflexo direto no bolso dos consumidores.