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Capital

Capital espera aval do Ministério da Saúde para 3ª dose em idosos

Foi encaminhado ofício no começo do mês e não houve resposta; falta de definição atrasa campanha

Guilherme Correia | 18/08/2021 13:40
Idosos com comorbidades seriam os primeiros a tomar novo reforço de vacina contra a covid-19. (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)
Idosos com comorbidades seriam os primeiros a tomar novo reforço de vacina contra a covid-19. (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)

O secretário municipal de Saúde, José Mauro Filho, afirmou nesta quarta-feira (18), em entrevista na TV Câmara, que Campo Grande aguarda resposta do Ministério da Saúde, sobre ofício encaminhado no começo do mês, que pedia permissão para aplicar novas doses de reforço a pessoas que já tenham recebido duas vacinas contra a covid-19.

Autoridades de saúde locais têm notado redução na imunidade de pacientes mais velhos, passados sete meses de vacinação. No começo de agosto, o Campo Grande News já havia reportado essa questão, ao indicar que a média de idade dos pacientes de covid voltou a crescer, e que uma das hipóteses era a "imunossenecência", um fator de envelhecimento do organismo do indivíduo, mais comum em pessoas idosas.

O que falta para que a "terceira dose" aconteça em território campo-grandense, para Mauro Filho, é a falta de um consenso entre órgãos federal, estaduais e municipais, além da impossibilidade de que sejam registradas as novas aplicações de vacina. "Não tem como cadastrar no SI-PNI (Sistema de Informações do Plano Nacional de Imunização), tem que abrir no sistema para cadastrar esse paciente".

Além disso, outras questões teriam de ser discutidas, tais como quais vacinas poderiam ser utilizadas, se seriam as mesmas aplicadas inicialmente no indivíduo ou se haveria mudança na patente, como foi verificado em gestantes. "Há estudos na Alemanha e Canadá dizendo da vacinação heteróloga, vacinação em que você utiliza uma dose de vacina e dose de outra vacina", disse.

A falta de um direcionamento, para ele, implica também numa dificuldade na logística da campanha, caso fosse preciso dispensar servidores de saúde e desmontar estruturas de vacinação e serem reativadas posteriormente, sem planejamento.

Fila de pessoas para serem vacinadas em Campo Grande, no Estádio Guanandizão. (Foto: Paulo Francis/Arquivo)
Fila de pessoas para serem vacinadas em Campo Grande, no Estádio Guanandizão. (Foto: Paulo Francis/Arquivo)

Falha vacinal - No encontro com os vereadores Sandro Benites (Patriota) e Loester Nunes (MDB), divulgado por meio da página oficial da Câmara Municipal de Campo Grande, o titular da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública) destacou que há uma "falha vacinal" evidente em pacientes mais velhos.

Segundo dados apresentados pela pasta, menos de 8% das mortes por covid eram de pessoas completamente vacinadas. Ainda que haja pelo menos uma vítima que recebeu qualquer tipo de imunizante, pacientes que tomaram Coronavac podem ter sido os mais afetados, o que não indica, necessariamente, numa menor eficácia deste antígeno.

Secretário municipal de Saúde, José Mauro Filho, em entrevista na TV Câmara. (Foto: Reprodução)
Secretário municipal de Saúde, José Mauro Filho, em entrevista na TV Câmara. (Foto: Reprodução)

Mauro Filho explicou que por se tratar da vacina mais utilizada em boa parte da campanha vacinal, inicialmente, em pessoas mais idosas e com mais comorbidades, era esperado que haveria esse déficit. "Todas as vacinas tiveram falha vacinal. Começamos a vacinar pela Coronavac e tivemos ali um público mais idoso, com maior número de comorbidades".

Ele comentou que países como Israel, por exemplo, que já tem aplicado o reforço do imunizante, por meio de uma terceira dose, também apresentaram falha vacinal preocupante, com imunizantes da Pfizer. "Nenhuma vacina tem 100% de segurança", disse, ao reforçar que é importante garantir máxima cobertura para existir imunidade coletiva e controlar a pandemia.

Adolescentes ou reforço - Para o secretário municipal de Saúde, não haverá tempo de discutir qual deve ser a nova prioridade no calendário de vacinação, já que nas próximas semanas todos os adolescentes, de 12 a 17 anos, poderão ter tomado a primeira dose de vacina contra a covid, em Campo Grande.

Em seguida, o município deverá focar em imunizar a população com a segunda dose e "pleitear a terceira dose".

Ele comentou sobre o posicionamento da OMS (Organização Mundial da Saúde), que prioriza vacinar todos os indivíduos antes de dar início ao reforço anual da vacinação. "A discussão a nível mundial é que muitos países que não fizeram a segunda dose e nós estamos com índice avançado de vacinação".

No Brasil, isso reflete em estados como São Paulo, por exemplo, que tem registrado falta de imunizantes para a segunda dose, enquanto outros lugares já discutem essa continuidade. "Por isso estamos aqui, um assunto importante e polêmico, porque estamos falando de terceira dose onde não tem vacina para fazer a segunda".

Realmente é um assunto polêmico, no entanto temos dados, com números indicando falha vacinal acima de 60 anos. Precisamos melhorar esse desempenho"

Ainda assim, ele reforça que Campo Grande, assim como Mato Grosso do Sul, tem preconizado a vacinação de pessoas com menos de 18 anos, de forma a garantir mais segurança nas aulas presenciais e evitar a transmissão e mutação do coronavírus, já que as estruturas de saúde não são preparadas para internação em massa de crianças.

"Nos Estados Unidos, houve aumento do número de óbitos em crianças por não estarem vacinadas. Lá, eles começaram a perceber que [a covid] começou a pegar o público que não estava vacinado", finalizou.

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