Carandiru escondia de furtos a homicídios, diz polícia
A área que abrigava pelo menos 46 famílias escondia até espaço possivelmente usado para homicídios e tortura
“Centro de criminalidade”. Foi assim que a Polícia Civil se referiu ao antigo Residencial Atenas, na Mata do Jacinto, conhecido hoje como Carandiru e onde houve a Operação “Abre-te Sésamo” nesta manhã. Foram 13 pessoas presas, entre elas duas mulheres e um adolescente. A área que abrigava pelo menos 46 famílias escondia até espaço possivelmente usado para homicídios e tortura.
O delegado Régis de Almeida, da 3ª Delegacia de Polícia e um dos responsáveis pela ação de hoje, contou que durante a busca e apreensão no prédio foi identificado um espaço com muitas marcas de sangue e fezes. Chamado de “cantoneira”, a área encontrada era certamente usada para torturar, castigar e matar desafetos ou pessoas que desrespeitavam as regras dos líderes da localidade. “Seriam para pessoas que não respeitavam as regras da criminalidade”, disse.
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Almeida disse ainda que após inúmeras denúncias de roubos e furtos no bairro Mata do Jacinto, em agosto do ano passado, começou-se a planejar alguma ação para acessar os prédios inacabados. Rumores eram de que a polícia não conseguiria entrar devido à hostilidade com que sempre eram recebidos. Esta manhã, no entanto, após meses de planejamento, 277 policiais acessaram a área.
“Não existe local onde a Polícia Civil não entre”, disse o diretor do Departamento de Polícia Civil de Campo Grande, Wellington de Oliveira, presente na coletiva. Ele destacou que não foi preciso usar força policial excessiva ou haver troca de tiros e que, apesar do avanço, a operação foi pacífica. “Foi uma ação calma e sem tiros”. Não houve fuga ou resistência.
Das 13 prisões, duas já tinham mandado. Foram apreendidos ainda duas armas de fogo, 50 munições, 12 kg de maconha, 2 kg de cocaína e dois caminhões lotados de objetos sem origem lícita comprovada, como aparelhos de televisão, bicicletas, computadores, ferramentas e instrumentos musicais.
Social – Além da polícia, fizeram parte da ação militares do Corpo de Bombeiros, agentes da Defesa Civil e profissionais do serviço social, totalizando 321 servidores envolvidos. Isso porque mulheres, idosos e crianças tiveram um atendimento específico durante a “Abre-te Sésamo”, até mesmo com lanche.
Essa parte ficou sob responsabilidade da delegada adjunta da 3ª DP, Jennifer Estevam de Araújo, que antes da operação fez palestra com os policiais e outros profissionais para que todos ficassem atentos aos aspectos humanos e sociais da ação. “Para se lembrarem a todo tempo que ali também estariam mulheres grávidas, idosos e crianças”, comentou. Para estes, foi preparado lanche, com cachorro-quente e chocolate.