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Capital

Castração de cães e gatos a R$ 50 terminava com animais sem pontos cirúrgicos

Estabelecimento no Bairro Universitário vai responder administrativamente por mutirão irregular

Gabriela Couto | 06/08/2021 18:38
Suspeita é que veterinários castravam dois animais ao mesmo tempo em uma única mesa cirúrgica para ganhar dinheiro com quantidade de procedimentos. (Foto: Divulgação)
Suspeita é que veterinários castravam dois animais ao mesmo tempo em uma única mesa cirúrgica para ganhar dinheiro com quantidade de procedimentos. (Foto: Divulgação)

Ao menor preço, cuidado! Proprietários de cães e gatos denunciaram uma clínica veterinária localizada na Rua Francisco dos Anjos, no Bairro Universitário, em Campo Grande, após os animais voltarem da castração com os pontos cirúrgicos soltos.

O valor cobrado pela campanha de esterilização era bem abaixo do praticado no mercado. Para pets machos, era cobrado apenas R$ 50 e fêmeas, o valor era de R$ 100. Segundo o CRMV (Conselho Regional de Medicina Veterinária), o procedimento custa a partir de R$ 300 na Capital.

“Quando é muito barato, o proprietário precisa desconfiar se existe falta de boas práticas, protocolo e estrutura adequada. Abrimos procedimento administrativo contra a clínica e os profissionais podem sofrer processo ético”, explicou o presidente do conselho em Mato Grosso do Sul, Rodrigo Piva.

Ele também explica que projetos que garantam mutirão de castração de empresas privadas não são autorizados. Apenas a saúde pública pode realizar esse tipo de serviço gratuito. Enquanto a clínica não se regularizar das irregularidades encontradas, o serviço não poderá ser retomado.

A suspeita era que os médicos-veterinários operavam em uma única mesa cirúrgica, dois animais ao mesmo tempo. Outro fato que chamou a atenção, é que dezenas de animais aguardavam o “mutirão de castração” em local inadequado, sem levar em consideração o bem-estar dos animais.

Durante a fiscalização, também foi observado que não eram realizadas orientações pré-operatórias, muito menos recomendações aos tutores sobre os cuidados pós operatórios. Não foi observado preenchimento de prontuário dos animais e termo de consentimento livre e esclarecido dos riscos anestésicos, cirúrgicos e autorização do procedimento pelo tutor.

Foi identificado que o projeto captava mais de 30 animais por dia para realização das castrações, o que não era suportado na lotação da clínica onde os procedimentos eram realizados. Isso significa que os responsáveis conseguiam lucrar até R$ 3 mil de uma vez.

Procon encontrou medicamentos e materiais cirúrgicos com nove anos vencidos sendo utilizados. (Foto: Divulgação)
Procon encontrou medicamentos e materiais cirúrgicos com nove anos vencidos sendo utilizados. (Foto: Divulgação)

O Procon (Superintendência para Orientação e Defesa do Consumidor) também participou da fiscalização. Foram encontrados fios para sutura de diversos tipos e marcas com data de validade de 2012. Havia medicamento, Ivergard, por exemplo, vencido desde  2013 e  agulhas cirúrgicas com vencimento em 2014.

Seringas e outros instrumentos para anestesia, no total de 62, além de vencidas, vários estavam expostos  sobre a mesa de cirurgia onde, segundo os próprios funcionários da clínica, poderiam ser realizadas mais de uma intervenção simultânea. Também, entre os vencidos, foi encontrado oxigênio medicinal, gel anti-inflamatório e soro fisiológico.

Devido às irregularidades constatadas, os responsáveis pelo estabelecimento foram autuados e terão prazo para apresentarem defesa, devendo o Procon Estadual arbitrar multa independentemente do que  for decidido pelo CRMV.

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