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Capital

"Chefe" do tráfico e mais 4 respondem por execução no "quadrilátero das mortes"

Justiça decretou prisão de Tiago Paixão de Almeida e do "funcionário" Marcelo Rodolfo por morte em março

Marta Ferreira | 24/06/2021 17:55
Policiais na casa onde rapaz de 22 anos foi morto, que funcionava como boca de fumo. (Foto: Paulo Francis)
Policiais na casa onde rapaz de 22 anos foi morto, que funcionava como boca de fumo. (Foto: Paulo Francis)

Decisão judicial desta semana impôs nova ordem de prisão contra Tiago Paixão de Almeida, 34 anos, o “Boy”, preso desde 2019 como chefe do tráfico na região do Bairro Tijuca em Campo Grande, onde trecho conflagrado tem o apelido de “quadrilátero das  mortes”. Ali, neste ano, foram três execuções em intervalo curto de dias, atribuídas à briga pelo controle do comércio de drogas ilegais.

É justamente como mandante do mais recente assassinato no bairro, em março deste ano, que Tiago é réu, junto com mais quatro homens. São eles Marcelo Rodolfo das Neves Oliveira, 23 anos, Thiago da Silva Gomes, 23 anos, Caio Cesar da Silva, 34 anos, e Fabiano Saraiva, 20 anos,  apontados como “funcionários” do esquema ilegal mantido por Tiago Paixão, mesmo preso.

De dentro do EPJFC (Estabelecimento Penal Jair Ferreira de Carvalho), conforme o trabalho de investigação policial, Tiago Paixão deu a ordem para ataque à "biqueira" na Rua Rua Antônio Meirelles Assunção, no dia 31 de março. No lugar, um dos lados do "quadrilátero das mortes", Luiz Felipe da Silva, de 22 anos, foi morto com 13 tiros.

Dois adolescentes de 15 anos sobreviveram, um deles ferido de raspão e o outro ileso.

Foi deles que partiu a informação sobre o envolvimento de Tiago na situação.  O inquérito do 6º Delegacia de Policia Civil chegou à conclusão de que Luiz Felipe foi executado por comercializar entorpecentes sem a autorização de “Boy”,  comprando de outros fornecedores.

A dinâmica – Na denúncia da promotoria, baseada no caderno inquisitório da Polícia Civil, está descrito que Marcelo Rodolfo das Neves Oliveira intermediou a ação criminosa entre o mandante Tiago Paixão Almeida e os executores Caio Cesar Oliveira da Silva e Fabiano Saraiva, “fornecendo o automóvel utilizado na prática delitiva, para que os executores se deslocassem até o local do homicídio”.

Marcelo Rodolfo, de 23 anos, teve a prisão decretada esta semana. (Foto: Reprodução das redes sociais)
Marcelo Rodolfo, de 23 anos, teve a prisão decretada esta semana. (Foto: Reprodução das redes sociais)

Thiago da Silva Gomes, que “trabalhava” com Marcelo Rodolfo das Neves Oliveira, foi quem entregou o automóvel de Marcelo Rodolfo para Caio Cesar Oliveira da Silva e Fabiano Saraiva praticarem o homicídio, bem como acionou um motorista de aplicativo para que os executores se deslocassem até suas residências depois de praticada a ação criminosa e devolvido o carro utilizado na empreitada”, prossegue peça processual.

No dia dos fatos, policiais militares, a partir da descrição do veículo usado pelos executores, chegaram até outra boca de fumo, na Rua Coribe, no Bairro Guanadi, onde foi apreendida droga e balança de precisão, além de R$ 300, 00.

Os responsáveis pelo imóvel eram Thiago da Silva Gomes e Marcelo Rodolfo como levantou a equipe de investigação. Thiago foi preso no lugar e disse trabalhar para Marcelo embalando drogas.

Na sequência das diligências, foram presos, cada um num lugar, Caio e Fabiano. O último tentou fugir mas foi pego no telhado de residência.

Os autos informam confissões às equipes que atuaram no dia das prisões revelando o mando por parte de Tiago Paixão. A determinação recebida era para "acabar" com pontos de venda de entorpecentes de "inimigos".

Equipes de duas unidades da Polícia Militar, entre elas o Batalhão de Choque, e do GOI (Grupo de Operações e Investigações) atuaram no caso no dia. Depois, a delegacia da área assumiu.

Diante das descobertas, o inquérito foi relatado, a denúncia feita e acatada. Os cinco homens já são réus por homicídio, duas tentativas de homicídio, tráfico de drogas e associação criminosa. Foi denunciado também o crime de receptação, em relação ao veículo usado, um Uno prateado, que era produto de crime, além de porte ilegal de arma.

O único em liberdade é Marcelo Rodolfo, apurou a reportagem. Ele se apresentou na delegacia depois do crime, negou participação, assim como disse não residir no imóvel onde houve uma das prisões.

Tiago Paixão durante audiência de processo em 2015. (Foto: Arquivo/Campo Grande News)
Tiago Paixão durante audiência de processo em 2015. (Foto: Arquivo/Campo Grande News)

Alegações - As defesas já apresentaram manifestação prévia. A de Tiago Paixão contesta a atribuição de culpa a ele, afirma que está preso desde dezembro de 2018, e nem visita recebe. O defensor, João Paulo Calves, alega, ainda, que as confissões citadas não são válidas, pois foram “informais”, feitas a policiais militares e não à autoridade de polícia judiciária.

O juiz a quem os autos foram confiados, Aluizio Pereira dos Santos, em despacho do dia 22 de junho, marcou audiências para ouvir testemunhas e os réus, em agosto e outubro, além de determinar a prisão preventiva de Tiago Paixão e Marcelo Rodolfo nesta ação.

A pedido do promotor Douglas Oldegardo dos Santos, o juiz deferiu a quebra do sigilo telemático dos envolvidos e o rastreamento de três celulares apreendidos no dia dos fatos.

Marca - Quando Tiago Paixão foi preso, durante a operação "Progresso", em 19 de dezembro de 2018, foi descoberto laboratório onde o grupo chefiado por ele produzia drogas, na Vila Fernanda, em Campo Grande. No imóvel, cujas faturas estavam em nome da mulher de “Boy”, Marília Teixeira de Freitas, 36 anos - havia 2,5 mil “gotas” de droga, divulgou a Denar (Delegacia Especializada de Repressão ao Narcotráfico). Ela é alvo de processo e está em liberdade.

A embalagem usada pela quadrilha é diferente das normalmente vendidas: é um invólucro de saco de lixo preto, fechado com uma chama de vela, de modo a parecer uma gota.

Tiago está preso aguardando esse julgamento. Também já cumpriu pena por homicídio e já sofreu um atentado a tiros.

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