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Capital

Choque e incredulidade na despedida de rapaz assassinado na Afonso Pena

Rhennan Matheus, 19 anos, foi morto com tiro no abdômen nos altos da Afonso Pena; dois foram presos pelo crime

Silvia Frias e Bruna Marques | 02/11/2021 08:36
Vanessa, mãe de Rhennan, precisou ser amparada quando caixão deixou capela. (Foto: Marcos Maluf)
Vanessa, mãe de Rhennan, precisou ser amparada quando caixão deixou capela. (Foto: Marcos Maluf)

Quando o caixão com o corpo de Rhennan Matheus Oliveira Tosi, 19 anos, foi retirado da capela da Funerária Campo Grande e levado para o carro, com destino ao cemitério das Moreninhas, a mãe do rapaz teve que ser amparada. Os amigos, em silêncio, optaram por homenageá-lo com buzinaço e “randandandan”.

O estudante de Enfermagem Rhennan foi morto com tiro no abdômen, na noite de domingo (31), nos altos da Avenida Afonso Pena, justamente durante um desses eventos de manobras de motociclistas. Dois homens foram presos pelo crime, que teve como motivação uma briga banal, que ambos dizem não se recordar direito como começou.

Massai, pai de Rhennan, lembra domingo que passou com filho. (Foto: Marcos Maluf)
Massai, pai de Rhennan, lembra domingo que passou com filho. (Foto: Marcos Maluf)

“Destruíram nossa família, como vamos ficar agora, como que fica minha filha?”, questionou Elenir Borges da Silva, 67 anos, avó materna de Rhennan. Ela o descreve como um rapaz trabalhador, carinhoso e que “não tinha maldade com ninguém”. Disse que “ignorante foi o rapaz” que atirou, identificado como Johnny Souza, 23 anos. Descrente, acredita que ele será liberado após audiência de custódia.

O pai de Rhennan, o autônomo Massai Barduco Tossi, 49 anos, lembrou o último dia de vida do filho mais novo de casal de irmãos. Separado da mãe de Rhenna há dois anos, mantém relação amistosa e moram no mesmo bairro, na Vila Duque de Caxias. “Ele me ligou e me chamou para ir com ele no Santo Amaro, no campeonato de pipa, fiquei o dia todo com ele”, contou à reportagem.

No fim da tarde, diz que o filho recebeu ligação dos amigos, o convidando para ir até a Avenida Afonso Pena. “Eu falei para ele não ir, mas ele disse que iria”. Na sequência, recebeu ligação de Rhennan, que dizia ter esquecido a carteira.

Capela lotada na despedida de Rhennan, com homenagens na saída até o cemitério. (Foto: Marcos Maluf)
Capela lotada na despedida de Rhennan, com homenagens na saída até o cemitério. (Foto: Marcos Maluf)

Massai Tossi parou num barzinho para esperar o rapaz, mas como ele não foi, ligou para Vanessa para que buscasse a carteira que o filho ia precisar na segunda-feira, numa empresa em que trabalhava com esterilização cirúrgica.

“Ficamos conversando, passou tempo e minha filha ligou, chorando desesperada, dizendo que o Rhennan tinha levado um tiro e estava morto”, contou.

A reação dele foi direta. “Mataram nosso filho”, disse a Vanessa. Os dois foram para casa e já encontraram alvoroço na frente de casa, de pessoas que já souberam da notícia.

“Estou me sentindo péssimo, perdi meu filho, uma criança cheia de saúde e esperança na vida, nunca deu problema para nós, ele adorava sair, gostava de fumar o narguilé, era um cara dez, não tem do que reclamar”, lamentou o pai. “Ele é meu campeão, por ele, eu dava minha vida”.

Além da aceleração ruidosa, amigos também levaram cartaz em que dizia “Cria não morre, vira lenda”. Vários usavam camisas falando sobre a falta que Rhennan irá fazer.

A professora Dayane Barbosa falou que a filha era amiga dele. “A gente viu o vídeo, ele era muito brincalhão, não tem o que falar, era menino muito bom, não dá para entender, não tem o que falar dele, foi crueldade sem tamanho”.

Na estacionamento do cemitério, todos se reuniram para ouvir a música “Que Mundo é esse Tão Cruel”, do MC Kevin o Chris e MC Cajá, em homenagem ao rapaz. (Que mundo é esse tão cruel que a gente vive/ A covardia superando a pureza/ O inimigo usa forças que oprimem Oprime!!!/ Eh vai na paz irmão ficar com Deus/ Eu sei que um dia eu vou te encontrar/ Valeu menor espera eu chegar).

No sepultamento, o silêncio era quebrado pelo choro e o lamento da mãe, que dizia a todo momento "Não, meu filho, não, por quê?". Todos rezaram Pai Nosso e aplaudiram o rapaz.

A morte – Jhonny Souza, 23 anos, foi preso na manhã de segunda-feira (1º), escondido na casa da mãe no Bairro Chácara das Mansões, e confessou ser autor do tiro que matou Rhennan.

A equipe do GOI (Grupo de Operações de Investigações) também prendeu Diego Laerte, 23 anos, amigo de Jhonny e dono da arma usada no crime.

O carro de Jhonny, uma Volkswagen Saveiro, foi apreendido junto com ele. Já a arma do crime, que não possui registro, estava com Diego e também foi apreendida. De acordo com o GOI, os dois contaram a mesma versão para o crime, que todos estavam bêbados e o motivo da briga teria sido por besteira. Os dois amigos ainda afirmaram que não conheciam Rhennan.

Um vídeo divulgado pelo Campo Grande News mostra o momento do que teria sido o motivo da briga. Rhennan teria girado uma cadeira, simulando o “randandandan” no momento que Diego fazia manobra e teria atrapalhado o “zerinho” do rapaz.

No vídeo, o motociclista ainda joga a moto para cima de Rhennan e começa a falar com ele. Em seguida, um outro rapaz de camiseta preta com escrita amarela e boné - descrito como Jhonny Souza, de 23 anos - autor confesso do disparo que matou o estudante, fica ao lado do amigo e passa a apontar o dedo em direção à vítima.

A partir deste momento, segundo testemunhas, teve início a discussão que levou a morte de Rhennan.

Camisa usada em homenagem ao rapaz (Foto: Marcos Maluf)
Camisa usada em homenagem ao rapaz (Foto: Marcos Maluf)
No sepultamento, a mãe de Rhennan passou mal novamente e teve que ser carregada. (Foto: Marcos Maluf)
No sepultamento, a mãe de Rhennan passou mal novamente e teve que ser carregada. (Foto: Marcos Maluf)
Cartaz com os dizeres "Cria não morre, vira lenda". (Foto: Marcos Maluf)
Cartaz com os dizeres "Cria não morre, vira lenda". (Foto: Marcos Maluf)


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