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Capital

Com creche abandonada ao lado de casa, mães têm de contratar babá

Christiane Reis e Yarima Mecchi | 11/11/2016 08:48
Moradores do Jardim Talismã reclamam que obra está tomada por lixo e entulho. (Foto: Christiane Reis)
Moradores do Jardim Talismã reclamam que obra está tomada por lixo e entulho. (Foto: Christiane Reis)

Quem tem criança pequena e mora nos bairros como Zé Pereira, Noroeste e Talismã tem duas opções: fica em casa para cuidar dos filhos ou precisa pagar alguém para ficar com eles enquanto trabalha. Esta também é a realidade de muitas famílias que moram em outros 11 bairros de Campo Grande, onde existem obras de creches paradas.

Esta semana, o Governo Federal anunciou que vai retomar 44 obras paralisadas em Mato Grosso do Sul, 16 delas estão na Capital. Duas são CEUs (Centro de Artes e Esportes Unificados) e 14 são creches.

No Bairro Zé Pereira, a placa indica o investimento total de R$ 2,1 milhões na obra, que começou em 2012. A Prefeitura da Capital e o FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) não informaram o quanto já foi executado. Mas, em visita ao local, o que se vê é abandono e dinheiro público indo para o ralo.

Ali, a obra aparentemente adiantada é reduto de vândalos, segundo moradores eles quebram o que existe e é possível ver as paredes pichadas, a obra está cercada por muro nas laterais e tapumes na frente. Enquanto isso, quem precisa do serviço da creche para poder trabalhar não encontrou outra solução que não seja desembolsar R$ 380 mensais para alguém cuidar do filho. Para quem recebe um salário mínimo, a despesa pesa muito no orçamento.

“Aquela creche é lenda. Nunca saiu, falam, falam e nada fazem. Eu trabalho fora e por isso tive de encontrar alguém para ficar meu bebê que só tem sete meses. Muitas mães acabam saindo do serviço depois que têm filho, porque é difícil pagar. Um Ceinf aqui ajudaria muitas mães”, disse a frente de caixa, Vânia de Amorim Souza, 31 anos.

Do outro lado da cidade, no Noroeste, a realidade das mães não é diferente. A doméstica Francilene da Costa Oliveira , 34 anos, contou que tem quatro filhos, três em idade escolar, e para poder trabalhar paga R$ 300 para uma vizinha cuidar da caçula, que tem 2,7 anos.

“É uma situação muito difícil para gente, porque esse dinheiro faz falta”, disse. Na obra da creche do Noroeste a placa indica o valor total do investimento de R$ 2,04 milhões, também com início em 2012. Ali o lugar está mais protegido dos vândalos, pois é murada e com grades.

Sujeira toma conta da obra no Jardim Talismã. (Foto: Christiane Reis)
Sujeira toma conta da obra no Jardim Talismã. (Foto: Christiane Reis)

Abandono – Na quinta-feira (10), durante a abertura da pré-matrícula para os alunos da Reme (Rede Municipal de Educação), o prefeito de Campo Grande, Alcides Bernal (PP), divulgou lista com as obras de creches que estão paradas na Capital. Ele não informou valores das obras, apenas disse que serão concluídas na próxima gestão e que há dinheiro para isso.

Na lista divulgada pelo prefeito aparecem as obras do Noroeste e do Zé Pereira, visitadas pela reportagem e que contam com recursos do Governo Federal, conforme a placa indicativa.

No Jardim Talismã, outro local visitado pela reportagem, a situação é bem mais crítica e nem a placa com informações sobre a obra resistiu. O cenário é de abandono, não há cercamento, lixo e entulho incomodam quem mora por ali e aumenta a insegurança.

No Bairro Zé Pereira, prédio está todo pichado. (Foto: Christiane Reis)
No Bairro Zé Pereira, prédio está todo pichado. (Foto: Christiane Reis)
No Noroeste a obra é toda cercada por muro e grade. (Foto: Christiane Reis)
No Noroeste a obra é toda cercada por muro e grade. (Foto: Christiane Reis)

“Nessa época de chuva é preocupante por causa da dengue, chicungunya e outras doenças que o mosquito transmite. Sem contar que muita gente entra aí e a nós acabamos ficando inseguros”, disse Thaís da Silva , 22 anos. Ela tem um bebê de 1,8 ano e disse que quando precisa trabalhar ou fazer alguma coisa deixa a criança com a mãe dela.

Já Silvana Sobrinho, 28 anos, disse que trabalha como doméstica, mas que não tem pego trabalho porque não tem com quem deixar o filho de 3 anos de idade. “ Aqui nunca teve Ceinf, ficamos animados quando começou essa obra, mas vocês estão vendo como ela está. Só tem entulho e só serviu para jogar dinheiro fora”, reclamou.

Andamento - Segundo a lista divulgada pela Prefeitura estão paradas as obras dos Ceinfs do Jardim Radialista; Zé Pereira; Vila Popular; Sarandi/Inápolis; Oliveira III; São Conrado; Jardim Noroeste; Nascente do Segredo e Jardim Talismã, além da Escola Padrão no Bairro Parati.

As obras dos Ceinfs do Jardim Serraville, Jardim Nashville, Jardim Colorado e Moreninha II tiveram os contratos reincididos, segundo o prefeito, porque a empresa que tocava a obra abandonou o trabalho. Alcides Bernal disse que a responsável já foi notificada e intimada.

Em andamento estão as obras da Escola Padrão Varandas do Campo, que deve ser finalizada em maio de 2017; Ceinf do Jardim Centenário, com previsão de ser finalizada em fevereiro de 2017; Ceinf Vespasiano Martins, que também deve ser finalizada em março do ano que vem; Ceinf Tijuca II, com finalização prevista para fevereiro de 2017 e Ceinf Anache/ Nova Lima que também deve ser finalizado em março do ano que vem.

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