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Capital

Com 'gato' cortado, comida e até remédios estragam vão para o lixo

Como área onde estão é considerada irregular, eles não têm rede elétrica e só tinham acesso à energia pelas fraudes

Nyelder Rodrigues e Luana Rodrigues | 11/08/2017 19:31
Moradora, que tem filha com bronquite, relata as dificuldades enfrentadas após corte (Foto: João Paulo Gonçalves)
Moradora, que tem filha com bronquite, relata as dificuldades enfrentadas após corte (Foto: João Paulo Gonçalves)

Várias famílias que estão em uma favela localizada na rua Catiguá, bairro Mário Covas - região sul de Campo Grande -, estão enfrentando dificuldades após o corte da energia elétrica do local, que só era obtida através dos famosos "gatos". Alimentos e até medicamentos foram perdidos.

Já que a permanência das família na área é tida como irregular, as 200 famílias que estão lá não têm acesso à rede elétrica e eram obrigadas a fazer as fraudes para conseguir ter energia em suas casas.

Porém, na quinta-feira (10), os "gatos" foram retirados por equipes da Energisa, não sendo possível fazer religações, pois, segundo os moradores, houve redução da fase no poste e apenas a lâmpada fica acesa.

"Pedimos um pouco de compaixão, principalmente por causa das crianças. Não temos para onde ir e elas sofrem muito", comenta Kelly de Oliveira Gondin Duarte, de 30 anos. Ela é dona de casa e mora na favela com dois filhos, de nove e cinco anos.

A filha mais velha dela tem Transtorno do Espectro Autista, doença que a obriga a tomar medicamento em gotas que precisa de refrigeração. O último frasco que ela tinha em casa estragou por causa da falta de energia, sendo então jogado fora.

"Esse medicamento serve para controlar as crises dela, ela tem desmaios", conta Kelly, completando ainda que também perdeu alimentos, e que mesmo após receber doações, poderá perder de novo por causa da falta de energia.

Moradores dizem que não querem energia elétrica gratuita, apenas acesso à rede, como todos
Moradores dizem que não querem energia elétrica gratuita, apenas acesso à rede, como todos
Kelly mostra alimentos que recebeu de doações na geladeira, mas podem estragar por causa da falta de energia (Fotos: João Paulo Gonçalves)
Kelly mostra alimentos que recebeu de doações na geladeira, mas podem estragar por causa da falta de energia (Fotos: João Paulo Gonçalves)

Situação semelhante passa a operadora de caixa Silvana Vilalba Freitas, de 26 anos, mãe da Vitória, de três anos, que tem bronquite asmática e precisa realizar diariamente inalação e dormir com umidificador. "Essa noite minha filha não conseguiu dormir", lamenta Silvana, que diz não querer nada de graça.

"Queremos pagar pela energia", frisa a moradora, assim como Leandro Cavalcanti, de 26 anos. Ele é auxiliar de cozinha e também pede uma solução para a situação. "Queremos uma solução da prefeitura, não queremos nada de graça. Todo mundo aqui é trabalhador e pode pagar pela energia, mas até agora ninguém falou com a gente sobre isso".

No caso, o prefeito Marquinhos Trad (PSD) já informou que a área onde esses moradores estão não poderá ser regularizada, já que ela fica em região de nascente e esbarraria em questões ambientais, não podendo ser habitada.

"Ainda assim, Leandro quer uma ação do Poder Público. "Todo mundo tem cadastro na EMHA (Agência Municipal de Habitação de Campo Grande) e estão ali já há muito tempo, não tem como sair, já construíram barracos, existe uma estrutura", destaca.

Nesta sexta-feira (11) à tarde, um protesto foi realizado no local, sendo acompanhado pelo BPChoque (Batalhão de Polícia Militar de Choque). Não houve confusão. Os moradores também não preveem realizar nenhuma manifestação no fim de semana, mas caso não haja evolução na situação, prometem ir para a frente da prefeitura na segunda-feira (14).

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