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Capital

Comerciantes reclamam de faixa exclusiva para ônibus há anos sem utilidade

Comerciantes afirmam que Agetran "deixou" carros e motos pararem porque a faixa não está ativa

Por Cassia Modena e Raíssa Rojas | 23/06/2025 13:26
Comerciantes reclamam de faixa exclusiva para ônibus há anos sem utilidade
Carro, motos e caminhonete ocupam metada de faixa de ônibus da Avenida Bandeirantes (Foto: Marcos Maluf)

Os cerca de 4 quilômetros rodados pelos ônibus do transporte coletivo de Campo Grande desde o Trevo Imburussu e passando pela Avenida Bandeirantes até o encontro com a Avenida Afonso Pena, possuem uma faixa exclusiva para esses veículos que virou um grande ponto de interrogação principalmente para comerciantes e clientes de comércios que querem estacionar ali.

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Faixa exclusiva para ônibus na Avenida Bandeirantes, em Campo Grande, causa confusão entre motoristas e comerciantes. A via, que deveria ser utilizada pelo transporte coletivo, está sendo usada como estacionamento, apesar da sinalização proibitiva. Comerciantes alegam que a faixa atrapalha as vendas e que foram informados por agentes da Agetran que o estacionamento seria permitido. A Agetran, no entanto, não confirmou a informação. Motoristas e comerciantes divergem sobre a permissão para estacionar e alguns temem multas. A situação gera reclamações sobre a falta de estacionamento para clientes e riscos à segurança. Um deputado estadual solicitou à prefeitura um estudo para readequação ou liberação da faixa. O projeto dos corredores de ônibus em Campo Grande, iniciado em 2009, ainda não foi totalmente concluído.

A reportagem percorreu o trecho nesta manhã (23) e encontrou diversos veículos estacionados em cima da faixa exclusiva para ônibus localizada à esquerda, ironicamente o lado oposto ao dos pontos de ônibus para embarque e desembarque dos passageiros e ao sentido em que estão posicionadas as portas dos próprios coletivos.

Os ônibus, no entanto, não transitam por essas faixas. Ocupam a faixa do meio, disputando espaço com outros veículos, e eventualmente a faixa da esquerda. A proposta de haver uma via rápida para esses veículos não está funcionando e, atualmente, só serve para confundir quem transita na região.

Pode estacionar? - A unanimidade entre os comerciantes e funcionários dos comércios é que a faixa exclusiva não faz sentido, atrapalha as vendas e que nunca ouviram qualquer previsão de quando será ativada, enquanto cada vez mais pessoas têm estacionado, apesar de haver várias placas de sinalização proibindo.

Comerciantes reclamam de faixa exclusiva para ônibus há anos sem utilidade
Motos à venda estacionadas em cima da faixa exclusiva para ônibus (Foto: Marcos Maluf)

Eles divergem quanto ao estacionamento. Dois que a reportagem conversou disseram ter ouvido de servidor da Agetran (Agência Municipal de Trânsito) que estacionar é permitido porque a faixa não está "ativa".

"Falaram que pode estacionar porque essa faixa não vai existir mais e vão passar recolhendo as placas", disse funcionário de loja de estacionamento de 38 anos, que não quis se identificar.

O outro é o garagista Maycon de Andrade e Silva, 27. "Orientação da própria Agetran foi que, por enquanto, pode estacionar e não estamos recebendo multa. Mas, após isso, de qualquer forma vai atrapalhar a gente", diz.

Comerciantes reclamam de faixa exclusiva para ônibus há anos sem utilidade
Garagista Maycon afirma que servidor da Agetran informou que estacionamento é permito, por enquanto (Foto: Marcos Maluf)

O também garagista Jackson Dias Pedrosa, 40, se revolta com a delimitação da faixa em sentido que põe a vida de pessoas em risco e afasta clientes.

"Se tivesse qualquer tipo de abaixo-assinado ou rebelião dos comerciantes, com certeza eu participaria. O pessoal normalmente vem para o comércio de carro, não ter estacionamento nos atrapalha", diz Jackson.

Lucimara Almeida Gonçalves, 56, proprietária de uma madeireira conta sobre a medida que ela mesma tomou ao ver vários veículos estacionando na faixa de ônibus e na calçada em frente ao comércio dela: "estacionavam aqui em frente ou na nossa calçada e atrapalhava muito. Há 6 meses colocamos uma placa de exclusividade e isso parou. Praticamente só conseguimos 'tomar' nosso estacionamento depois das plaquinhas", afirma.

Comerciantes reclamam de faixa exclusiva para ônibus há anos sem utilidade
A solução que dona de madeireira encontrou foi afixar placas por conta própria (Foto: Marcos Maluf)

Proprietária de uma sacaria que tem 38 anos e também preferiu não ter o nome divulgado, diz que alguns não estacionam por medo de serem multados, o que já aconteceu quando a faixa foi pintada. O comércio dela tem duas vagas de estacionamento regulamentadas na faixa de ônibus, o que os outros não têm. "Faz falta para o comerciante essas vagas. Duas vagas ainda é pouco para mim", fala.

Indicação - Em 18 de junho, o deputado estadual Pedro Caravina (PSDB) fez indicação à prefeita Adriane Lopes (PP) pedindo fiscalização da Agetran na Avenida Bandeirantes "visando à remoção de veículos estacionados irregularmente na faixa exclusiva de ônibus" e a realização de estudo técnico para readequação e "possível liberação da referida faixa ao tráfego geral, tendo em vista o uso indevido da mesma e os transtornos causados à mobilidade urbana".

O Campo Grande News questionou a assessoria de imprensa da Prefeitura da Capital se o estudo técnico está sendo feito ou se ainda será. Pediu, ainda, a confirmação de que houve sinal verde para os condutores estacionarem.

Nota da Agetran informou que as obras de infraestrutura na via — que envolvem drenagem, pavimentação e implantação de sinalizações horizontais, verticais e semafóricas — já foram concluídas, em conformidade com o Código de Trânsito Brasileiro e que a ativação da faixa exclusiva depende apenas da instalação das ilhas e estações de embarque e desembarque de passageiros, etapa final para o funcionamento completo do corredor.

"Enquanto a faixa não estiver oficialmente em operação, a fiscalização de trânsito ainda não aplica autuações no local, conforme prevê a legislação vigente. Ainda assim, a orientação da Agetran é para que os motoristas redobrem a atenção quanto aos limites da via e demais sinalizações instaladas", conclui.

Comerciantes reclamam de faixa exclusiva para ônibus há anos sem utilidade
Ônibus trafegando por uma das faixas do meio, em vez da exclusiva (Foto: Marcos Maluf)

Projeto na cidade - Segundo recapitulou a diretora-adjunta da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), Andréa Figueiredo, em audiência pública sobre os corredores de ônibus realizada em 30 de maio deste ano, o projeto dos corredores foi apresentado em 2009, com a elaboração do primeiro Plano Diretor de Transporte e Mobilidade Urbana de Campo Grande. A proposta segue diretrizes da Lei Federal nº 12.587/2012, que obriga os municípios a adotar políticas voltadas à mobilidade urbana sustentável.

A primeira implementação do projeto foi em 18 de abril de 2022, no corredor da Rua Brilhante, seguido pelas avenidas Marechal Deodoro, Bandeirantes e Calógeras, além das ruas Rui Barbosa e Bahia. Os investimentos contaram com recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) do Governo Federal. Em 16 de projeto, a conclusão de 100% dos 70 quilômetros de corredores prometidos ainda não ocorreu.

Matéria editada às 15h08 para adicionar nota da Agetran.

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