"Como burlar luminol", pesquisou assassino após matar "Alma" em oficina
Nesta terça aconteceu a 1ª audiência do caso; três homens foram indiciados, mas corpo nunca foi encontrado
Com três indiciados por homicídio qualificado, a Justiça começou a ouvir nesta terça-feira (7) testemunhas do caso do garagista Carlos Reis Medeiros de Jesus, o "Alma". Na audiência, investigadores revelaram detalhes do desaparecimento até a morte do garagista em uma oficina do Bairro Aero Rancho. "Tinha pesquisado como burlar luminol", disse um policial sobre o que foi encontrado no celular de um dos suspeitos do crime.
Alma desapareceu em 30 de novembro de 2021, em Campo Grande, e o corpo nunca foi encontrado. Desde a data do sumiço, o caso virou uma incógnita, desvendada em investigação da DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídio), que chegou a três homens como autores do crime.
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Thiago Gabriel Martins da Silva, conhecido como "Thiaguinho PCC" ou "Especialista" (filho de José Venceslau Alves da Silva, ou "Celau", homem com extensa ficha criminal e que tinha negócios com o garagista), Vitor Hugo de Oliveira Afonso, e Kellisson Kauan da Silva. Os três foram indiciados pela polícia no fim do ano passado e apenas Vitor está preso.
Também em dezembro a investigação chegou ao Corsa Classic, cor prata, utilizado para levar o corpo de Carlos Reis ao local onde foi desovado, ainda desconhecido pelas autoridades. Há vestígios que um corpo foi levado no veículo e a polícia aguarda laudos que coincidam com DNA da vítima.
Contudo, para a polícia, a autoria do trio é certa e, inclusive, o crime foi confessado por Kelison, quando preso durante a investigação. Ele afirmou que sabia do plano e presenciou a morte de Carlos no escritório da oficina no Aero Rancho.
Na audiência, os investigadores confirmaram que o garagista emprestava dinheiro a juros e que fazia negócios com o trio. A apuração policial também aponta que Alma tinha negócios com "Tio Arantes", um dos líderes do PCC em Mato Grosso do Sul e da maior rebelião que o Presídio de Segurança Máxima de Campo Grande já teve.
Morte - Toda a trama, em resumo, envolveu alta quantia em dinheiro. O que foi usado como isca para atrair Alma até a oficina na data da morte. Ele foi fazer um "acerto" com Thiaguinho PCC e estava sentado em uma cadeira, quando levou golpes de faca no pescoço dados por Vitor. Thiaguinho disfarçava contando o dinheiro, mas se levantou e disparou três vezes contra a vítima.
Thiaguinho mandou que Kelisson limpasse o local e comprasse uma lona. Em seguida colocaram o corpo no porta-malas do Classic, para onde foi levado em local incerto. Câmeras de segurança mostram Kelisson saindo do local e voltando com uma sacola nas mãos. Também mostraram Thiaguinho no banco do passageiro do Classic, deixando a oficina na data da morte - uma tatuagem no pescoço dele ajudou na identificação. Vitor Hugo dirigia o carro.
Após o crime, alguns carros foram retirados da oficina do garagista, o que foi flagrado pela esposa dele naquela noite. Ela estranhou e foi então que decidiu procurar a polícia.
Depois da execução, Thiaguinho pesquisou na internet, pelo celular, como "burlar luminol". O que foi confirmado pela perícia no aparelho. Quando a polícia esteve na oficina, o local foi totalmente quebrado, até o contrapiso. Em seguida, massa de cimento foi colocada em cima, o que dificultou o trabalho pericial.
Na audiência, a esposa e filha da vítima também foram ouvidas. A esposa confirmou a relação de Alma com Thiaguinho e Vitor Hugo - este último que devia R$ 60 mil ao garagista. Thiaguinho também devia uma quantia, mas a mulher afirma não saber qual.
Ela acredita que o marido foi marcado para morrer após não autorizar a execução de um devedor, o "Alemão". "Teve uma reunião para acertar a cabeça do Alemão e viriam dois irmãos de SP para matar. Acho que eles queriam quitar a dívida e ganhariam dinheiro de Alma para matar o Alemão. Mas o Carlos não autorizou a execução e por isso que a cabeça dele foi pra jogo", afirmou.