Confundido com matador de policiais, Oséias levou susto com foto nas redes
Nome e fotografia de morador no Recanto dos Rouxinós circularam na internet como autor de assassinato de policiais
Na terra de ninguém das redes sociais, o nome e a foto de Oséias Vieira de Souza, de 39 anos, circularam e ainda estão rodando identificado como o responsável pelo assassinato de dois policiais civis ocorrido nesta terça-feira (9) em Campo Grande. O boato foi tão forte que ele chegou a ser alvo de batida policial, embora, como anunciado, o assassino dos agentes de segurança pública fosse outro, um Ozeias com z.
O autor apontado pela Polícia Civil, Ozeias Silveira de Morais, 45 anos, com sobrenome e aparência bem diferentes, acabou sendo morto nesta madrugada, após confronto com equipes de segurança no Bairro Santa Emília, conforme as informações tornadas públicas.
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Na cadeira de rodas em razão de cirurgia recente na coluna, para colocação de seis pinos de metal, o Oséias que está vivo - e não tem qualquer relação com o episódio criminoso - conversou com a reportagem. “Foi desesperador”, ele e a mãe descreveram em uníssono sobre a descoberta de estar sendo apontado como o autor do crime em grupos de WhatsApp e perfis do Facebook e do Instagram.
Durante o tempo em que o Campo Grande News esteve na casa, pelo menos quatro amigos de Oseias estiveram por lá para saber se ele estava vivo e bem, e ainda oferecer ajuda para esclarecer a confusão.
Alívio – Oséias soube de seu nome e foto circulando como suspeito do duplo homicídio primeiro por meio de familiares, que viram publicações nas redes sociais., e depois por matérias jornalísticas sobre o caso, no calor da caça aos bandidos, em meio a uma das maiores mobilizações policiais já vistas em Campo Grande.
Para a mãe, de 59 anos, foi um pesadelo revisitado. Oseias já cumpriu pena e hoje está em liberdade condicional. Durante 10 anos, a mulher o visitou na cadeia, para onde foi por infrações criminais envolvendo tráfico e roubo.
No quintal da casa do Bairro Recando dos Rouxinóis, na região sul de Campo Grande, a diarista contou que apelou a Deus pelo filho, quando policiais chegaram no local. Segundo eles, um amigo já havia alertado as equipes sobre o engano.
Quando ficou esclarecido que Oséias nada tinha a ver com a situação, emenda, ela agradeceu à providência divina.“Eu também falei para Deus abençoar eles”, disse sobre os policiais.
Segundo a diarista, um dos homens da segurança que foi ao local chegou a perguntar se havia arma por ali. “Eu devia ter dito que a única arma que tenho é a minha Bíblia”, cita.
Oséias, que entrou em contato com o Campo Grande News pedindo que a situação fosse esclarecida, diz ter mudado a vida nos últimos anos. Conta ter se tornado evangélico, como a mãe. Afirma ter se arrependido do tempo envolvido com o crime. “Seu eu pudesse voltar atrás...”, disse, sem concluir a frase.
No local, funciona um lava-jato, segundo ele a forma encontrada para ganhar a vida. Moram na casa, além dele, a mãe e a vó, de 85 anos, também na cadeira de rodas, relatou.
Sem saber de onde surgiu seu nome nessa história, ele imagina que o fato de ter tido problemas anteriores com a justiça possa ter sido o motivo. Avalia, ainda, se vai adotar medida judicial.
A reportagem buscou informações junto às polícias e não foi identificada a equipe que esteve no lugar. Segundo apurado, desde o início os investigadores responsáveis pelo caso tinham o vigia Ozeias Silveira de Morais como suspeito, uma vez que era considerando como participante de assalto a joalheiro.