ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, SÁBADO  20    CAMPO GRANDE 21º

Capital

Testemunha conta que policiais morreram após perguntarem sobre ouro a assassino

William Cormelato é casado com sobrinha de Ozeias Silveira, homem que atirou e matou dois policiais civis, ontem

Silvia Frias | 10/06/2020 15:49
William relatou à advogada que só saiu do carro depois que sangue espirrou nele (Foto/Divulgação)
William relatou à advogada que só saiu do carro depois que sangue espirrou nele (Foto/Divulgação)

“Você vai ter que contar onde está o ouro”. Essa foi uma das frases ditas pelos policiais civis ao vigilante Ozeias Silveira de Morais, 45 anos, dentro da viatura descaracterizada, ontem à tarde. Pouco depois, o homem, sentado no banco de trás, tirou a arma de uma pochete e atirou contra a nuca dos dois investigadores.

A dinâmica das mortes dos policiais Antônio Marco Roque da Silva, 39 anos, e Jorge da Silva Santos, 50 anos, foi contada pelo tapeceiro William Dias Duarte Comerlato, que estava na viatura quando os dois homens foram mortos pelo vigilante para a advogada dele, Regina Berni.

Regina esteve esta manhã na sede do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos, Assaltos e Sequestros) e contou ao Campo Grande News que conversou com o cliente e detalhou o que teria ocorrido ontem.

Segundo ele, o tapeceiro estava em casa, no bairro Tiradentes, quando os dois policiais lotados na Derf (Delegacia Especializada de Roubos e Furtos) foram até a casa dele para cumprimento de mandado de prisão, por conta de sentença dada em 14 de agosto de 2018, da 1ª Vara da Família, de dois anos, um mês e 20 dias de prisão.

No carro, segundo relato de William à advogada, os policiais teriam perguntado se ele conhecia Ozeias Silveira de Morais. “Ele [William] respondeu que sim, que o Ozeias era tio da esposa dele”, contou. Em seguida, os investigadores perguntaram se sabia onde o homem morava. Nova afirmação e eles foram até o endereço indicado.

Ozeias foi morto após intensa perseguição (Foto/Divulgação)
Ozeias foi morto após intensa perseguição (Foto/Divulgação)

Na casa, conforme William, eles foram recebidos por Ozeias. No relato do tapeceiro, os policiais teriam dito que o homem teria que acompanhá-los para “prestar esclarecimentos na delegacia”.

Dentro do carro, William e Ozeias sentaram no banco de trás. Foi no caminho que as perguntas começaram. “Eles diziam para o Ozeias: ‘nós queremos saber onde está o ouro’”. A cada negativa, eles voltam a perguntar. “Você vai ter que contar onde escondeu o ouro”.

O ouro é referente a roubo ocorrido em uma joalheria na Avenida Calógeras na manhã do dia 21 de maio. O ladrão não levou nem 30 segundos para render duas pessoas e roubar cerca de R$ 300 mil.

Na ocasião, foram levadas duas correntes de ouro, 58 gramas de ouro, 16 gramas de ouro branco, aproximadamente 300 peças com brilhantes, lâminas de cheque e R$ 4,8 mil em dinheiro.

William disse à advogada que Ozeias não ficou nervoso com o questionamento. “Pararam no farol e, inopinadamente, ele deu tiro nos dois”, disse Regina, referindo-se ao relato do cliente do crime ocorrido na Rua Joaquim Murtinho.

 O tapeceiro teria dito que ficou paralisado. Nas palavras dele, segundo a advogada, “minha perna batia tanto que não consegui sair do carro, saí quando o sangue do moço da frente começou a espirrar em mim”.

Logo depois, William saiu do carro e começou a correr e foi recapturado três quarteirões depois. Segundo a advogada, o cliente “nunca soube de ouro” ou tem qualquer envolvimento com o roubo na joalheria. Ainda conforme Regina Berni, embora houvesse parentesco, não havia relação próxima entre a mulher dele e o tio.

A advogada disse que depois do ter acesso ao depoimento formal do cliente irá avaliar a situação e deve pedir revogação da prisão preventiva e, se for negado, habeas corpus no TJ-MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul).

Nos siga no Google Notícias