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Capital

Conjunto residencial tem noite de guerra e excesso da polícia

Luana Rodrigues | 04/09/2015 19:50
Moradores acusam polícia e proprietários de imóveis de agressão. (Foto: Marcos Ermínio)
Moradores acusam polícia e proprietários de imóveis de agressão. (Foto: Marcos Ermínio)

Um cenário de guerra. É assim que os invasores do Residencial Celina Jallad, no Portal Caiobá II, em Campo Grande, definem as noites no local, principalmente a de ontem(03). A Polícia Militar e a Guarda Municipal estiveram por lá na noite desta quinta-feira (3) e se confrontaram com supostos invasores das casas populares. Houve troca de agressões, e algumas pessoas denunciam o uso de arma de fogo por parte dos policiais. Na tarde desta sexta-feira(04), o Campo Grande News foi até o local para saber como estava a situação. Os disseram que moradores temem um novo conflito hoje.

Claudia Eguez da Silva, de 21 anos, diz que foi uma noite de horror. (Foto: Marcos Ermínio)
Claudia Eguez da Silva, de 21 anos, diz que foi uma noite de horror. (Foto: Marcos Ermínio)

Segundo o relato da moradora Claudia Eguez da Silva, de 21 anos, foi uma noite de horror. Muito abalada, a moça conta que fez uma cirurgia recentemente, porque havia desenvolvido uma gravidez fora do útero e ontem a noite foi empurrada e agredida por policiais e a proprietária da casa, que ela assume ter invadido, por necessidade. "Tenho uma filha de quatro anos, e não temos condições de pagar. Meu marido foi me defender e acabamos sendo presos", contou.

Claudia e o marido Rafael Corrêa de Souza, 22, foram parar na delegacia porque, segundo o boletim de ocorrência, desacataram ordens da Polícia Militar e não quiserem sair da residência, iniciando confusão na região. Rafael afirma que foi agredido na delegacia e impedido de registrar um boletim contra os policiais.

Cristina Augusta, de 24 anos, que está grávida de sete meses. (Foto: Marcos Ermínio)
Cristina Augusta, de 24 anos, que está grávida de sete meses. (Foto: Marcos Ermínio)

Cristina Augusta, de 24 anos, que está grávida de sete meses, também diz que foi agredida pelos agentes na ação. "Me jogaram spray de pimenta no rosto, empurraram e depois mesmo em meio a muitas crianças atiraram contra nós, com munição de verdade", afirmou. Os moradores até mostraram algumas munições que, segundo eles, foram recolhidas ontem.

A queixa de Fernanda de Almeida de 23 anos, é de que algumas pessoas de poder aquisitivo maior, foram contempladas com casas populares, enquanto que pessoas de baixa renda, sem local pra morar, aguardam na fila de espera das agências habitacionais do Governo do Estado e da Prefeitura. "Fiz minha inscrição há mais de seis anos, e até agora nada, pra mulher vir aqui e dizer na minha cara que tem uma mansão e vais nos tirar daqui só por capricho, isso é um absurdo. Eu não vou sair porque eu tenho duas crianças de 4 meses e seis anos, eu preciso, já mulher disse que vai vender ", reclamou.

Fernanda diz ainda que teme mais uma confusão durante a noite de hoje. "Nós invadimos, mas é porque precisamos, esperamos uma resposta da Prefeitura. Porque se continuar desse jeito, vai morrer alguém", lamentou.

Rafael Corrêa de Souza, 22, afirma que foi agredido por policiais e guardas. (Foto: Marcos Ermínio)
Rafael Corrêa de Souza, 22, afirma que foi agredido por policiais e guardas. (Foto: Marcos Ermínio)

O Campo Grande News entrou em contato com a PM(Polícia Militar). Segundo o tenente-coronel Francisco Assis Ovelar, comandante do policiamento metropolitano, a polícia está fazendo apenas o patrulhamento da região e ontem a noite esteve no local para acompanhar a proprietária de um imóvel que foi ao local para retomar a casa e teria sido agredida.

Ovelar afirmou ainda, que não foi informado sobre o uso de arma de fogo na ação e também não soube de nenhum excesso por parte dos policiais, mas que a situação deve ser investigada pelo responsável pelo 1º Batalhão da PM.
Também foi tentado contato com a GCM(Guarda Civil Municipal), porém, talvez pelo horário avançado, as ligações não foram atendidas.

Enquanto o problema não é resolvido, moradores que de fato ganharam as casas, estão construindo muros, com medo da confusão. "Já íamos construir o muro pelas minhas crianças, para não irem para a rua, mas estamos preocupados sim e agilizando a construção", disse a atendente Janaina Santos de Souza, 34 anos.

Moradores mostraram algumas munições que, segundo eles, foram recolhidas ontem. (Foto: Marcos Ermínio)
Moradores mostraram algumas munições que, segundo eles, foram recolhidas ontem. (Foto: Marcos Ermínio)
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