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Capital

Conselho vê precariedade e déficit de profissionais em hospitais de MS

Nyelder Rodrigues | 25/08/2017 22:55
Corredores lotados por falta de leitos, cena típica de hospitais e que demonstra déficit geral na saúde
Corredores lotados por falta de leitos, cena típica de hospitais e que demonstra déficit geral na saúde
Sala seguiu ativa e buraco no teto não foi corrido (Fotos: Divulgação/Coren-MS)
Sala seguiu ativa e buraco no teto não foi corrido (Fotos: Divulgação/Coren-MS)

Durante quatro dias, a força tarefa do Cofen (Conselho Federal de Enfermagem), em parceria com o Coren-MS (Conselho Regional de Enfermagem de Mato Grosso do Sul), constatou déficit de profissionais e sobrecarga de trabalho na área de enfermagem no Estado, além de precariedade na estrutura de saúde.

A fiscalização foi finalizada nesta sexta-feira (25), após visitas às principais instituições e postos de atendimento de saúde, abordando 3,2 mil profissionais da enfermagem, quantitativo que representa 15% da classe em Mato Grosso do Sul.

Diversas situações consideradas graves foram constatadas, tais como medicamentos vencidos, pacientes internados em cadeiras e estrutura precária, porém a situação que predomina no sistema de saúde é a sobrecarga aos profissionais.

Também foram registradas situações relacionadas a estrutura física, com casos em que ela está completamente inadequada, por exemplo, com buracos no teto de sala de esterilização do CME e realização de reforma em setor de internação de pacientes.

"A sobrecarga de trabalho associada a alta demanda provoca um acumulo de atividades, que colocam em risco o exercício dos profissionais e a saúde dos pacientes", frisa a coordenadora da ação em Mato Grosso do Sul e membro da câmara técnica de fiscalização do Cofen, Luana Ribeiro.

Ela ainda completa que, aliado a situação dos profissionais, os problemas de estrutura, falta de insumos e condições gerais do trabalho que agravam ainda mais a situação encontrada pelo grupo nas unidades.

Santa Casa – No maior hospital do Estado, foram necessários dois dias intensos de trabalhos, já que lá situações críticas foram encontradas e registradas pelos fiscais como irregularidades.

Entre as principais ocorrências, um paciente entubado utilizando ventilação mecânica alocado em sala cirúrgica desde a noite anterior, aguardando leito para internação. Enquanto a fiscalização ocorria, o mesmo foi mantido no local, sem alteração da situação enfrentada por ele.

Outras constatações foram na questão de medicamentos. Um remédio de uso controlado foi encontrado vencido, disponível para uso na UTI. Já na clínica psiquiátrica, foi verificado outra medicação também de uso controlado à disposição, sobre uma mesa, a qual deveria estar acondicionada em local fechado e de acesso restrito.

Atuação irregular - Ainda na Santa Casa, foi averiguado o exercício ilegal da profissão de enfermagem, onde o auxiliar estava atuando diretamente com paciente grave, sendo que este profissional somente pode exercer atividades simples e de natureza repetitiva, o que não condiz com o perfil de paciente grave que exige cuidados complexos.

Na psiquiatria não existe enfermeiro responsável pelo plantão noturno e além disso, em áreas importantes, como sala de emergência, UTI e área vermelha 2, não foi verificado enfermeiro exclusivo em todo o período de funcionamento.

Segundo o Coren, diante dos problemas, a presidência da Santa Casa solicitou uma reunião com os membros da força-tarefa para discutir os apontamentos feitos, se prontificando a sanar as irregularidades o mais breve possível.

Validade na ampola mostra que medicamento estava vencido, mas não foi descartado
Validade na ampola mostra que medicamento estava vencido, mas não foi descartado
Pacientes eram mantidos em meio a área em reforma (Fotos: Divulgação/Coren-MS)
Pacientes eram mantidos em meio a área em reforma (Fotos: Divulgação/Coren-MS)

Outros hospitais - Já no HU (Hospital Universitário) de Campo Grande, foram encontrados pacientes internados na recepção por falta de leito. Quanto a estrutura física do hospital, existem alas em condições precárias como a sala de parto, onde faltam pisos no chão. Medicamentos com prazo de validade vencido encontram-se em uso.

A falta de materiais também é um fato que denota deficiência por parte da instituição, a exemplo de um frasco de água destilada improvisado com uma agulha no respiro, por ausência de ampola.

Também foi constatada a carência do "saco hamper", usado para o correto acondicionamento das roupas sujas dispensadas nos hospitais, que pode evitar acidentes e potencial risco de dispersão de microrganismos, protegendo pacientes e os trabalhadores da área de saúde.

No HR (Hospital Regional), também em Campo Grande, a fiscalização visualizou corredores lotados de pacientes e que dificilmente estão recebendo a atenção necessária, devido o quadro diminuto de profissionais da enfermagem.

Além disso, foram encontrados diversos medicamentos vencidos nos setores da clínica médica e oncologia. Também foi constatado descarte inadequado de perfurocortantes, o que pode gerar o risco de acidentes.

Medidas – As instituições serão notificadas, emitidos prazos e o Coren acompanhará a resolução dos problemas, monitorado pelo Cofen. No caso da permanência das irregularidades, esses processos serão encaminhados para que sejam tomadas medidas judiciais e éticas cabíveis.

O resultado dessas ações podem ir desde e firmamento de TAC (Termo de Ajuste de Conduta) junto ao Ministério Público até o fechamento do setor ou hospital indicado.

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