ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, SEXTA  26    CAMPO GRANDE 26º

Capital

Criança e cão choravam o dia todo e padrasto fez até festa após matar menina

Vizinhos relatam dias de angústia vividos por menina morta, outras duas crianças e cão que está preso na casa

Caroline Maldonado e Mariely Barros | 27/01/2023 11:32
Área da casa onde cachorro está preso na Vila Nasser (Foto: Henrique Kawaminami)
Área da casa onde cachorro está preso na Vila Nasser (Foto: Henrique Kawaminami)

O padrasto que matou e estuprou a enteada de 2 anos na Vila Nasser fez uma festa com familiares logo após a mãe da menina sair com a filha desacordada no colo. A menina chegou morta à unidade de saúde na quinta-feira (26). Vizinhos contaram que três crianças e um cão choravam dia e noite na casa e, hoje (27), o animal permanece preso no quintal sem alimento e água, mesmo após a visita das autoridades.

Mãe e padrasto foram presos por homicídio qualificado e estupro ontem (26). A mãe também foi autuada por omissão. Na casa, além do cão, há latinhas de cerveja, embalagens de cigarro e muita sujeira pelo que se vê de fora.

Com medo, os vizinhos preferem não se identificar, mas revelam fatos cruéis vivenciados pelas crianças e o animal. Além da menina que morreu, havia outras duas crianças.

“Era choro dia, tarde e noite. A casa vivia suja. A menina ficava com o padrasto e os irmãos durante o dia e a mãe saía cedo para trabalhar. O cachorro apanhava muito, vivia preso e inclusive está preso na casa, sem comida nem água, porque o casal foi preso e o animal ficou lá. O homem batia na menina e no cachorro”, conta um vizinho.

Cachorro permanece preso em área da residência (Foto: Henrique Kawaminami)
Cachorro permanece preso em área da residência (Foto: Henrique Kawaminami)

Uma vizinha relata que o casal vivia consumindo bebida alcoólica, cigarro e drogas. “Só escutava choros, eram os três chorando e o cachorro o dia todo. De madrugada, ele ficava bebendo, com música alta e de dia trancava as crianças e eu só ouvia os choros”, diz.

A mulher conta que ontem a mãe da menina saiu, por volta das 15h30, em carro de aplicativo com a criança no colo. “Vimos e percebemos que pelo jeito já estava morta”, diz.

Depois que a mãe saiu às pressas com a menina, chegaram parentes e fizeram festa na casa junto com o padrasto.

“Na hora que a polícia chegou estavam em festa”, lembra a mulher. A mãe da menina foi presa na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) e o homem na casa.

Vizinhos relatam também que a avó paterna da menina buscava a menina, às vezes. Ela e o pai já tentavam conseguir a guarda da criança na Justiça.

O casal já foi processado por maus-tratos por causa da morte de um cachorro em uma outra casa em que moraram, no Jardim Columbia, segundo vizinhos.

Área da casa na Vila Nasser (Foto: Henrique Kawaminami)
Área da casa na Vila Nasser (Foto: Henrique Kawaminami)

Caso - O pai da criança já havia denunciado a situação de maus-tratos à polícia e ao Conselho Tutelar. A menina tinha 30 atendimentos médicos na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Coronel Antonino, segundo a própria unidade.

O pai, de 28 anos, afirmou que quando a menina ia para sua casa notava que ela estava sendo espancada e já tinha registrado boletins de ocorrência. Entre os 30 atendimentos anteriores à morte, em um deles a menina deu entrada com fratura na tíbia. O delegado afirma que o pai tinha todos os recursos para que essa criança fosse afastada do padrasto, de 25 anos.

A criança já deu entrada em óbito na UPA, na noite desta quinta-feira. As médicas constataram que ela já estava morta havia cerca de quatro horas "com sinais de rigidez cadavérica", muitas lesões no corpo e indícios de violência sexual.

As médicas disseram que mesmo após notícia da morte, a mãe "continuou calma". Apenas expressou preocupação ao ser informada que a polícia seria acionada. As equipes policiais foram na casa da família, na Vila Nasser, e quando chegaram o suspeito disse que já esperava pela polícia. O padrasto afirmou que corrigia a enteada com socos e tapas, mas na data da morte não havia batido na menina. A agressão teria ocorrido três dias atrás.

Nos siga no Google Notícias