ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
MAIO, QUARTA  08    CAMPO GRANDE 32º

Capital

Mulher afirma que medo impediu de denunciar marido e desconfiava de abusos

Criança deu entrada em posto de saúde já em óbito, com várias lesões no corpo e sinais de abuso sexual

Dayene Paz | 27/01/2023 11:11
Carrinho encontrado em residência da família, na Vila Nasser. (Foto: Henrique Kawaminami)
Carrinho encontrado em residência da família, na Vila Nasser. (Foto: Henrique Kawaminami)

Presa pela morte da filha de 2 anos na noite desta quinta-feira (26), em Campo Grande, a mulher, de 24, afirmou que tinha medo de denunciar as agressões contra a menina feitas pelo padrasto. Em depoimento, afirmou que era ameaçada de perder a guarda da outra filha que tinha com o homem. O casal foi preso em flagrante por homicídio qualificado e estupro de vulnerável.

À polícia, a mãe contou que na noite anterior à morte, quarta-feira (25), a menina começou a passar mal. Tudo que ingeria, ela vomitava. A mãe afirma ter dado remédio, sendo que a filha melhorou e dormiu.

Na manhã do dia seguinte, quinta-feira (26), tomou iogurte e vomitou. A mulher novamente ministrou remédio, mas a menina reclamava de dores no estômago. Entre vários remédios, nada parava na barriguinha da criança, mas a mãe optou por não levar ao posto de saúde, pois o padrasto pediu para que esperasse ela melhorar. A mãe acredita que ele estivesse com medo de que ela procurasse o médico, por causa das lesões na menina.

A criança dormiu novamente e, segundo a mãe conta, acordou por volta das 15h30. A menina rolava na cama com dores na barriga, que começou a inchar. Foi então que a mulher decidiu levá-la ao médico. No caminho, em carro de motorista de aplicativo, percebeu que a filha estava mole e passou a fazer respiração boca a boca.

Já na unidade de saúde, após trajeto de dez minutos no carro, afirmou que a menina estava viva. Contudo, as médicas que atenderam a menina constataram que havia rigidez cadavérica e o óbito ocorrido havia cerca de quatro horas. Informada sobre as lesões na criança, inclusive os indícios de abuso sexual, disse que ficou nervosa.

À polícia, alegou que as lesões foram causadas pelo padrasto da menina, que batia com socos como correção. A mãe trabalhava e a criança ficava sob os cuidados do homem, que fazia "bicos" como garçom. A última agressão teria ocorrido há três dias, quando a vítima foi agredida na cabeça.

A mãe ainda relata que percebeu que a filha estava assada na região íntima e que, há cerca de três dias antes da data da morte, não olhou a menina, pois quem dava banho era o padrasto. Ela chegava e a filha já estava vestida. A mulher finaliza o depoimento dizendo que tinha medo de que o marido tirasse a outra filha do casal, por isso não denunciou.

O padrasto não quis dar declarações e se resguardou ao direito de falar apenas em juízo. Ele tem 25 anos.

Entenda - A criança já deu entrada sem vida na UPA Coronel Antonino, na noite desta quinta-feira. As médicas constataram que ela já estava morta havia cerca de quatro horas "com sinais de rigidez cadavérica", muitas lesões no corpo e indícios de violência sexual.

As médicas disseram que mesmo após notícia da morte, a mãe "continuou calma". Apenas expressou preocupação ao ser informada que a polícia seria acionada.

As equipes policiais foram na casa da família, na Vila Nasser, e quando chegaram o suspeito disse que já esperava pela polícia. O padrasto confessou que corrigia a enteada com socos e tapas, mas na data da morte não havia batido na menina. A agressão teria ocorrido três dias atrás.

A menina tinha ficha com 30 atendimentos médicos, segundo a própria unidade de saúde. Segundo o delegado Pedro Henrique Pillar Cunha, que atendeu o caso, são "várias ocorrências para uma criança de dois anos e sete meses".  Entre os atendimentos anteriores à morte, em um deles a menina deu entrada com fratura na tíbia.

O pai, de 28 anos, afirmou que quando a menina ia para sua casa notava que ela estava sendo agredida e já tinha registrado boletins de ocorrência. O delegado afirma que o pai tinha todos os recursos para que essa criança fosse afastada do padrasto.

Sobre a possível violência sexual, apenas exame irá confirmar. O caso foi atendido pela delegacia de plantão, mas deve ser investigado pela DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente).

Nos siga no Google Notícias