De falta de serviço a dia menos produtivo, chuva afeta rotina dos mais pobres
A chuva deve continuar nesta quinta-feira com os maiores acumulados previstos para o Estado
“No caso de chuva, não tem trabalho”, reclamou o jardineiro e pedreiro Paulo Américo Francisco de Almeida, de 37 anos. Com a enxada nas costas e na companhia de um dos filhos, Paulo procurava um “bico” pelo bairro Noroeste, na manhã desta quinta-feira (22), em Campo Grande. Quando não consegue serviço, o morador deixa de levar R$ 100 para a casa, onde mora com a esposa e os três filhos, de 13, 7 e 1 ano.
Além dos estragos e transtornos a moradores, principalmente da periferia, a chuvarada dos últimos dias também atrapalhou a rotina dos mais necessitados. Segundo Paulo Américo, que trabalha fazendo bico de servente de pedreiro no setor da construção civil ou como jardineiro, a chuva acaba prejudicando muito, porque os clientes deixam para contratar depois que o tempo fica mais firme. O dinheiro que consegue fazendo diárias, somado ao benefício do Auxílio Brasil, é o sustento da família.
“A chuva acaba atrapalhando, na construção e na pintura de uma casa”, lamentou. Ele seguia a pé com o filho do Jardim Noroeste para o Parque Residencial Maria Aparecida Pedrossian, onde tentaria uma diária para não voltar para a casa sem nada.
Compartilha da mesma opinião, Vanderlei Pereira da Silva, de 46 anos. Também morador do Jardim Noroeste, ele aproveita a calçada de casa para fazer manilhas de cimento (tubos de concreto utilizados em construções de esgotos pluviais). Nos dias chuvosos, a produção cai de 12 para 3. “Quando a gente está trabalhando e de repente começa a chover, tem que jogar uma lona por cima para não perder o serviço”, lamentou. Situação que dificulta a produção e a entrega do material para o cliente. Cada peça custa R$ 90.
Para quem tem loja de roupas, o movimento também cai muito em dias de tempo instável. “Tem dia que não vem gente. A maioria das pessoas passa de carro e não vai parar para comprar. Esse tempo atrapalha muito a rotina. Já estou vendo que hoje o dia não vai ser bom para as vendas”, lamentou Maria Graciela Benites, de 65 anos, que tem um brechó, no Bairro Tiradentes.
Segundo o Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima), a chuva deve continuar nesta quinta-feira (22), com os maiores acumulados previstos para o Estado. Após esse período, a tendência meteorológica indica o retorno das chuvas em MS a partir dos dias 25 e 26 de setembro.