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Capital

Defesa de assassino alega legítima defesa, mas família de vítima contesta versão

Pai de suspeito diz que filho foi agredido por vinte pessoas e que faca usada no crime seria para descascar laranja

Ana Oshiro | 24/11/2020 17:03
Delegado Giuliano Biacio da 6ª Delegacia de Polícia Civil está investigando morte de Everton (Foto: Paulo Francis)
Delegado Giuliano Biacio da 6ª Delegacia de Polícia Civil está investigando morte de Everton (Foto: Paulo Francis)

Duas versões diferentes foram apresentadas à Polícia Civil sobre o caso de Everton Quebra de Oliveira, de 29 anos, morto a facadas, na noite do último domingo (22), durante uma festa de aniversário no Portal Caiobá II, em Campo Grande. Enquanto os familiares e amigos de Everton alegam homicídio, a família de Petterson Ribeiro Dutra, de 27 anos, autor do crime, garante que foi legítima defesa.

De acordo com o delegado Giuliano Biaccio, titular da 6º Delegacia de Polícia Civil, Zildo dos Santos Dutra, de 55 anos, pai de Petterson, alegou que o filho agiu para se defender, após ser agredido por 20 pessoas que estavam na festa.

Em depoimento na manhã de hoje (24), Zildo contou que estava em frente à sua casa, ao lado do local onde a festa era realizada, junto com seu neto, filho de Petterson, como de costume, e estava com uma faca que usaria para descascar uma laranja. Petterson chegou de carro, acompanhado da esposa, e parou em frente à casa do pai.

"Zildo contou que duas meninas saíram da festa e estavam histéricas, elas teriam esmurrado o veículo de Petterson, mas sem danificar. Segundo o pai do investigado, o filho apenas empurrou uma das meninas para longe do carro e tirou o veículo do local.", conta Biaccio.

Everton foi morto no último domingo (22) no Portal Caiobá II (Foto: Arquivo Pessoal)
Everton foi morto no último domingo (22) no Portal Caiobá II (Foto: Arquivo Pessoal)

Logo após, segundo o pai de Petterson, cerca de 5 ou 6 pessoas saíram da festa e passaram a agredir seu filho, em seguida mais alguns se juntaram à briga, totalizando umas vinte pessoas, entre homens e mulheres. "O pai do investigado diz que o filho conseguiu pegar a faca, que seria usada para descascar a laranja, e passou a desferir golpes de forma aleatória, apenas para se defender. Com isso as pessoas se dispersaram, Petterson entrou no carro, junto com sua esposa, e fugiu do local", explica o delegado.

Já os parentes de Everton, e as pessoas que estavam na festa, contam outra versão, de que Petterson teria tentado agredir uma adolescente que estava escorada em seu carro, após isso uma discussão se iniciou.

"A adolescente também prestou depoimento hoje pela manhã e disse que não chegou a ser atingida pelo tapa, mas se assustou e, chorando, procurou pelo seu pai, que foi tirar satisfação com Petterson", explica o delegado.

Segundo os depoimentos de quem estava na festa, o pai da menina e um sobrinho de Everton começaram a discutir com o suspeito, Everton chegou para ajudar a separar a briga e acabou sendo atingido por um golpe de faca no peito. Um amigo de Everton foi socorrê-lo e foi atingido com quatro golpes nas costas.

De acordo com o delegado responsável pelo caso,  aproximadamente dez pessoas foram ouvidas hoje, mais testemunhas serão ouvidas ao longo da semana e o inquérito deve ser finalizado até o fim desta semana.

Aproximadamente dez pessoas foram ouvidas na 6ª Delegacia de Polícia nesta terça-feira (Foto: Ana Oshiro)
Aproximadamente dez pessoas foram ouvidas na 6ª Delegacia de Polícia nesta terça-feira (Foto: Ana Oshiro)

De acordo com a irmã de Everton, que também prestou depoimento hoje, não teve nenhuma discussão ou briga em frente à festa.

"Se vinte caras tivessem brigado com esse rapaz, não teria nem como ele pegar a faca e fazer o que fez", explica a jovem que não quer ser identificada.

Em entrevista ao Campo Grande News, ela conta que Petterson ficou bravo ao ver a adolescente encostada no carro. "Ele ficou bravo, começou a brigar e xingar ela, aí deu um tapa no rosto dela, que assustou e foi chorando procurar o pai dentro da festa. Meu filho, sobrinho do Everton, estava junto na hora, eles foram só conversar com o menino, perguntar porque ele tinha feito aquilo.", conta a irmã da vítima.

Ao ser questionado sobre o tapa no rosto da menina, Petterson teria ficado ainda mais bravo, pego uma faca de dentro do carro e atacado o sobrinho de 18 anos de Everton. "Ele arrancou a faca de dentro do carro e veio pra cima de mim, eu fui dando pulos pra trás pra fugir dos golpes.", disse o jovem, que também não quer ser identificado, em entrevista ao Campo Grande News.

Agora a irmã de Everton diz que espera por justiça, "tirando a dor de ter perdido meu irmão, eu tô confiando em Deus, que Deus vai fazer a justiça, e confiando na justiça do homem. Deus sabe o que aconteceu, vamos ter fé, Deus sabe como foi", comenta a jovem.

Petterson ainda não se apresentou à polícia, mas segundo o advogado de defesa, Marcus Ramos, ele deve se apresentar ainda essa semana, em momento oportuno. O delegado do caso deve aguardar a apresentação, mas caso o combinado não seja cumprido, entrará com pedido de prisão na justiça.

Velório de Everton foi realizado ontem (23) e reuniu dezenas de amigos e familiares (Foto: Kisiê Ainoã)
Velório de Everton foi realizado ontem (23) e reuniu dezenas de amigos e familiares (Foto: Kisiê Ainoã)


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