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Capital

Deputado usa PM para escolta particular e Polícia Federal investiga caso

Imagens monstram diálogo de deputado com guarda municipal durante "fiscalização" promovida por ele em unidade de saúde da Capital

Liniker Ribeiro | 16/07/2020 17:59
Deputado Loester Carlos (no meio da imagem) e no canto direito, policial militar à paisana, com máscara do Bope (Foto: Reprodução)
Deputado Loester Carlos (no meio da imagem) e no canto direito, policial militar à paisana, com máscara do Bope (Foto: Reprodução)

O deputado federal Loester Carlos, do PSL, se envolveu em mais uma confusão na manhã desta quinta-feira (16).  Escoltado por um policial militar de folga, o parlamentar tentou fazer uma “batida” de fiscalização no interior do CEM (Centro Especializado Municipal) e foi acusado por servidores de usar a força para ter acesso ao local. Como policias militares não podem prestar serviço particular de segurança privada, a contratação será investigada pela Polícia Federal.

Loester chegou ao local com a intenção de vistoriar o estoque de medicamentos e insumos da unidade de saúde, sem autorização. Segundo servidores municipais, usou, inclusive de "constrangimento" contra os funcionário, que se sentiram coagidos.

Em vídeo enviado ao Campo Grande News, Loester aparece em uma sala usada para estocar itens e, quando questionado por um guarda civil metropolitano, ameaçou ordem de prisão ao servidor da segurança municipal, alegando estar acompanhado do PM, que nas imagens aparece sem farda, mas com a máscara do BOPE (Batalhão de Operações Especiais).

No vídeo, o guarda questiona o deputado: “Você sabe que não pode fazer essa fiscalização, né?”. Loester responde alegando que pode sim, mas recebe outro pedido para sair do local: “Eu vou pedir para o senhor se retirar, temos uma ordem da prefeitura para o senhor sair”, reforça o servidor, mas o parlamentar continua. “Eu estou com a Policia Militar aqui”, afirma.

O guarda lembra que o policial em questão está à paisana e que não há mandado para o deputado "estar fiscalizando”. Mas Loester ameaça: "Ele não está, ele está fazendo a minha escolta e se você me encostar eu vou ordem de prisão".

Como não houve acordo, o servidor municipal solicitou apoio de outras equipes da Guarda Civil Metropolitana. Junto de funcionários da unidade de saúde, deputados, PM foram parar na Depac (Delegacia de Polícia Centro) registrar boletim de ocorrência.



Irregularidade – Ao Campo Grande News, o major Vinicius Souza, do Bope, afirmou ainda não ter recebido documentação oficial sobre a atividade particular desempenhada pelo militar, mas que assim que receber, um processo administrativo será instaurado para apurar possíveis irregularidades.

Ainda segundo Souza, o militar que aparece no vídeo estava de folga, após quatro dias de serviço no interior do Estado.

O major também faz questão de ressaltar que, apesar do PM aparecer com máscara do Bope, a fiscalização “não teve nada a ver com o Policia Militar”.

Sesau - Em nota, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), afirmou que “o parlamentar tem prerrogativa de fiscalizar como os serviços estão sendo ofertados à população, no entanto, conforme relatado pelos servidores, houve excesso e os mesmos se sentiram intimidados, inclusive com suposta ameaça de voz de prisão por parte do parlamentar, caso não fosse autorizada a entrada dele e de sua equipe no local onde são armazenados os materiais, insumos e medicamentos”.

Perante isto, a secretaria confirmou ter sido necessário acionar a Guarda Municipal para intervir. “A Sesau lamenta esse tipo de situação e reforça que em nenhum momento foi procurada oficialmente pelo deputado para esclarecer o que fato estaria acontecendo”.

Já Valério Azambuja, secretário municipal de Segurança e Defesa Social, afirmou que assim que eu estiver de posse do termo de declaração da Polícia Federal, vai "fazer um expediente e encaminhar a promotoria". 

A reportagem entrou em contato com a assessoria do deputado Loester Carlos, pedindo esclarecimentos, mas não obteve resposta até a publicação da reportagem.

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