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Capital

Dor de Zenaide com túmulo destruído traduz abandono dos cemitérios

Ela foi notificada pelos funcionários do Cemitério Santo Amaro da destruição das sepultura dos pais

Bruna Kaspary | 26/09/2017 14:49
Túmulo foi completamente destruído no Cemitério Santo Amaro (Foto: André Bittar)
Túmulo foi completamente destruído no Cemitério Santo Amaro (Foto: André Bittar)

Uma notícia que fez revivar a dor da morte dos pais foi recebida ontem pela auxiliar administrativo Zenaide Nair Bassani, 62. Um telefonema dos funcionários do Cemitério Santo Amaro informava que o túmulo, reformado há cerca de 40 dias, tinha sido completamente destruído e até os restos mortais estavam espalhados no lugar. Uma cena devastadora e completamente incompreensível, por que isso? E por que com eles? A resposta dói, também: eles não estão sós, pois casos de vandalismo aos túmulos têm se tornado rotineiros nos cemitérios públicos de Campo Grande.

A cena, segundo Zenaide, é comum no cemitério, e o túmulo, quando ainda somente o pai estava enterrado, já tinha sido vandalizado uma vez. "Primeiro eles só quebraram o vidro de onde a gente colocava foto. Nunca trocamos, minha mãe, inclusive, sempre dizia que aquilo estava muito feio e que precisávamos arrumar". Quando questionada sobre o acontecido, as lágrimas tomam conta de seus olhos e logo transbordam. A sepultura foi comprada há 25 anos, quando o pai de Zenaide faleceu. "Nós nunca deixamos, nunca abandonamos nada lá, não sabemos porque fizeram isso".

"Eles mexeram em tudo, reviraram tudo", lamenta Zenaide. O cemitério é público e, de acordo com a prefeitura, não há um controle de visitas, então não se sabe quem pode ter destruído o túmulo dos pais da auxiliar administrativo. "O delegado até perguntou se tinha algum dente de ouro ou algo de valor lá dentro, mas não tem nada. É um túmulo bem simples até", conclui.

Restos mortais foram retirados dos caixões e jogados no chão (Foto: André Bittar)
Restos mortais foram retirados dos caixões e jogados no chão (Foto: André Bittar)
Na manhã de hoje (26), entulho do túmulo ainda estava jogado ao redor da sepultura (Foto: André Bittar)
Na manhã de hoje (26), entulho do túmulo ainda estava jogado ao redor da sepultura (Foto: André Bittar)

Ao todo, no cemitério Santo Amaro são mais de 41 mil sepulturas e, assim como nos outros dois cemitérios municipais, a manutenção está por conta da prefeitura desde dezembro de 2015.

Atualmente a prefeitura está com processo seletivo em aberto para contratação de novos funcionários que cuidarão da manutenção, administração, conservação e limpeza, e as inscrições para os cargos vão até hoje.

Zenaide reclama da facilidade de entrar e falta de cuidados com quem circula pelo cemitério. "Antes, só podia entrar com carro se fosse idoso, hoje nós conseguimos ir até o túmulo deles no nosso carro sem problema nenhum". Ela ainda completa: "A moça de lá já me disse que se colocam cadeado para fechar, ele amanhece quebrado do dia seguinte, não há respeito nenhum".

Conforme os coveiros do cemitério, que preferiram manter a identidade em sigilo, o estrago foi muito grande, e demoraria cerca de três horas para destruir da forma como ficou. Eles ainda afirmam que há dúvidas que tenham sido somente uma pessoa na ação. Depois das duas gavetas, onde estavam os pais de Zenaide, ainda havia mais vinte centímetros de terra e a placa de concreto que vedava a sepultura.

O caso foi registrado na polícia, que está investigando quem pode ter destruído o túmulo.

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