É golpe: Prefeito não faz convite para festa pós-pandemia em hotel
Novo enredo de estelionatários para sequestrar contas de aplicativo de mensagem é bem criativo

O golpe é velho, aquele do código enviado por SMS para confirmar presença no evento “x”, mas o novo texto usado por estelionatários para fazer vítimas de Campo Grande tem enredo no mínimo criativo: uma festa pós-pandemia organizada pelo prefeito Marquinhos Trad (PSD) em um hotel de Campo Grande.
Nesta quarta-feira (8), um publicitário da Capital, Rodrigo Shiguemoto, recebeu ligação de número com DDD de São Paulo (011) e depois que percebeu que se tratava de um golpe, resolveu divulgar. Do outro lado da linha, um homem convidava para o “after” no dia 20 de outubro, no Hotel Mohave, que fica na Avenida Afonso Pena, na Capital.
“Vou te passar via SMS o código do seu convite e o prefeito faz questão da sua presença”, disse o estelionatário para o alvo do golpe. “Qual é o código do seu convite, por me confirmar, por gentiliza?”, questionou logo em seguida o criminoso.
O publicitário percebeu que havia recebido na mensagem o número que na verdade se trata da senha para a verificação em duas etapas do seu próprio WhatsApp (recurso para evitar justamente a clonagem das contas no aplicativo). E, mesmo com o interlocutor se negando a passar o número, o golpista insiste.
“Eu disse que não ia confirmar o código e ele disse que era necessário, que era assessor do prefeito. Questionei por que estava ligando de São Paulo e ele justificou que havia se mudado recentemente para Campo Grande. Já tinha meu endereço de e-mail, meu telefone”, ressalta o publicitário sobre a “pesquisa” que o estelionatário faz previamente para parecer mais convincente.
Ao Campo Grande News, o prefeito Marquinhos Trad disse já havia sido comunicado do golpe usando o nome dele e que “acionou o jurídico” para verificar como proceder.

Outros casos – Nesta semana, a senadora Soraya Thronicke (PSL) usou as redes sociais para avisar que o celular foi clonado, mesmo com a “dupla verificação habilitada”. É a terceira vez desde que assumiu o cargo em Brasília. “Os criminosos não estão para brincadeira. Absurdo”, postou a senadora.
Em abril, golpistas usavam o nome da churrascaria Manura e ofereciam "almoço grátis" para clonar números de WhatsApp. Munir Saad Filho, dono do restaurante, publicou vídeo nas redes sociais avisando sobre o golpe.
“Estão entrando em contato dizendo que a pessoa foi contemplada com o voucher para retirar a comida no restaurante. Mandam um link pelo WhatsApp e quando a pessoa entra neste link eles acabam furtando a conta”, detalha.
Com o número da WhatsApp, os estelionatários começam a mandar mensagens para os contatos da vítima se passando pela mesma e pedindo dinheiro. Assim, conseguem que amigos e familiares depositem valores em contas correntes da quadrilha.
O que fazer? – Recentemente o delegado João Eduardo Davanço, titular das DEPACs (Delegacias de Pronto Atendimento Comunitário) de Campo Grande, deu entrevista ao Campo Grande News sobre o golpe, cada vez mais comum. Ele afirma que para quem for enganado e tiver o WhatsApp clonado, a primeira coisa a fazer, é dar um jeito de avisar todos os contatos sobre o golpe.
Em seguida, deve-se registrar boletim de ocorrência e apresentar todos os dados disponíveis sobre o caso. Equipe de suporte do aplicativo também deve ser acionada através de encaminhamento de e-mail para support@whatsapp.com, com assunto "URGENTE - WHATSAPP HACKEADO", com pedido para que a conta seja desativada e informe seu número de telefone com o código do País. No caso do Brasil, é 55.
Depois disso, o passo seguinte é tentar reinstalar o aplicativo em seu celular e reinsira seu número de telefone. Caso não consiga, "digite códigos errados até bloquear a conta".
O delegado ainda orienta que ninguém forneça, nunca, códigos SMS a terceiros e habilite a verificação em duas etapas, prevista no app, para dar mais segurança à conta. Por fim, o delegado diz para “sempre desconfiar de ligações de números desconhecidos”.