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Capital

"É tragédia que não tem palavras", diz parente de vítimas de atropelamento

Nadyenka Castro | 07/05/2012 12:37

Famílias estão abaladas. Enquanto velavam Luiz Carlos de Souza Silva, 47 anos, souberam da morte do filho dele, Luiz Vinícius Ramires Silva, 12 anos

Arão, irmão de Luiz Carlos, fala da dor de perder irmão e sobrinho no mesmo acidente. (Foto: Minamar Júnior)
Arão, irmão de Luiz Carlos, fala da dor de perder irmão e sobrinho no mesmo acidente. (Foto: Minamar Júnior)

Se já é triste perder um familiar, a dor é ainda maior quando, no meio do velório desta, morre outro parente. A situação complica mais quando as vítimas são pai e filho.

O chefe de transportes Arão de Souza Silva tentou resumir a dor que duas famílias que vivem esta situação estão sentindo. “É uma tragédia que não tem palavras”.

Arão é um dos 12 irmãos do vendedor Luiz Carlos de Souza Silva, 47 anos, que morreu na Santa Casa de Campo Grande na noite de sábado (5), após ter sido atropelado em frente de casa, no Jardim Zé Pereira, em Campo Grande.

Na manhã desta segunda-feira, enquanto velavam Luiz Carlos, familiares foram informados que o filho dele, Luiz Vinícius Ramires Silva, 12 anos, havia morrido. O menino foi vítima do mesmo acidente que o pai e estava internado no CTI (Centro de Tratamento Intensivo) do pronto socorro da Santa Casa.

“Estamos enterrando nosso cunhado e agora vamos ter que velar nosso sobrinho”, diz, em lágrimas, a dona de casa Zunilda Alvarenga, 36 anos, uma das cinco irmãs de Virginia, a viúva e mãe do menino.

Enquanto Virginia recebia atendimento na Santa Casa, após saber da morte do filho, a família tentava ser forte e lembrava dos bons momentos com os dois entes queridos.

“Ele sempre me dava um brinquedo dele”, fala Zunilda. “Meu irmão vivia para brincar, para sorrir”, diz a empresária Débora Rodrigues, irmã de Luiz Carlos. “Ele era cuidadoso em relação ao trânsito”, lembra Antônio Márcio da Silva, 34 anos, co-cunhado da vítima.

Entre lembranças, buscas de respostas e expectativa de que tragédias não aconteçam em outras famílias, parentes das vítimas limpavam os olhos de lágrimas com a preocupação focada na mãe, na esposa. “Ela é uma mãe dedicada, esposa maravilhosa”, afirma a cunhada Débora.

“Ela perdeu o filho, o marido, e até a casa onde mora. Porque, como você vai abrir a porta de sua casa e lembrar o que aconteceu?”, diz Arão, referindo-se ao local em que pai e filho foram atingidos por um carro de passeio no fim da tarde de sábado (5). “Marido, a gente arruma outro. Filho é insubstituível”, lembra Arão. “

Luiz Vinicius era filho único. “Foi muito desejado, muito esperado”, diz Zunilda, referindo-se aos problemas de saúde da mãe, durante a gestação, e, do garoto, após o nascimento.

Os cuidados especiais com o sobrinho fizeram que Zunilda ficasse bastante apegada a ele, a quem ela chamava carinhosamente de ‘fofão’. “Ele era meu fofão. Gorduchinho e bochechudinho”. Ao descrever o menino, um sorriso singelo aparece em meio às lágrimas.

O acidente- Pai, mãe e filho estavam em frente de casa, na ciclovia da avenida José Barbosa Rodrigues.

A família ia andar de bicicleta, como de rotina. Pai e filho foram atingidos pelo Escort dirigido por Manoel do Carmo Castro, 49 anos.

Virginia testemunhou o acidente e por pouco também não foi atingida. De acordo com familiares, ela contou que o filho não queria ir andar de bicicleta e sim, se arrumar para ir a uma festa.

O pai insistiu para que fizessem o exercício físico, pois o filho estava ‘gordinho’. Quando se preparavam para seguir pela ciclovia, foram atingidos. “Eles não chegaram nem a andar”, conta Arão.

O motorista do Escort ficou ferido, também foi levado para a Santa Casa e já recebeu alta. Ele foi indiciado por homicídio culposo (sem intenção de matar).

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