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Capital

Em 2 anos, 520 médicos deixaram as unidades de saúde de Campo Grande

Número equivale a mais da metade do quadro de profissionais da Sesau

Tainá Jara e Fernanda Palheta | 27/08/2019 16:26
Falta de médicos na atenção básica levam a sobrecarga no atendimentos das unidades de emergência (Foto: Henrique Kawaminami)
Falta de médicos na atenção básica levam a sobrecarga no atendimentos das unidades de emergência (Foto: Henrique Kawaminami)

Com 520 médicos deixando a rede municipal de saúde de Campo Grande, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) trocou mais da metade do quadro de profissionais em apenas dois anos. Entre as evasões verificadas neste período, 120 são de especialistas, o que equivale a 70% do total de profissionais que atendem nestas áreas.

Os números foram apresentados nesta terça-feira, na Câmara de Vereadores, pelo secretário municipal de Saúde, José Mauro Filho, em prestação de contas da gestão. Ele assumiu a pasta em abril deste ano, em substituição a Marcelo Vilela. 

Conforme o atual responsável, o principal reflexo do número restrito de profissionais é a sobrecarga da Upas (Unidades de Pronto Atendimento) e CRs (Centros Regionais de Saúde), de atendimento 24h.

“O que analisamos quando chegamos foi, um medicina extremamente emergencializada , uma epidemia de dengue, evasão de médicos e alto custo. Diante disto tudo, a equação começa a ter planejamento”, explicou.

Depois de quatro meses de gestão, o cenário de limitação e alta rotatividade de profissionais permanece preocupante. O relatório apresenta a evasão de 520 médicos entre 2017 e 2019, frente a um quadro que, até o final do ano passado, era de 930 profissionais. Entre os especialistas, 120 deixaram a rede municipal de atendimento de um total de 175 profissionais, portanto, uma troca de 70% do quadro.

Solução de curto prazo ainda não há. O concurso realizado em agosto deste ano para compor o quadro de servidores da Sesau abriu 663 vagas e teve 17 mil inscritos. Do total de cargos a serem ocupados, 285 são para médicos, sendo 37 especialistas com remunerações que podem chegar a quase R$ 26 mil. Apesar das vantagens, o número de vagas é muito inferior ao de profissionais que deixaram o setor nos últimos dois anos.

Produtividade – A secretaria aposta na mudança do regime de trabalho dos médicos especialistas para ampliar o quadro de servidores saúde.

Na semana passada, a Câmara de Vereadores aprovou, depois de acordo judicial, projeto de autoria do Executivo Municipal, convertendo às 20h semanais de trabalho dos médicos em produtividade. A medida ainda aguarda sanção do prefeito Marquinhos Trad.

A alternativa surgiu a partir de irregularidades relacionada ao registro de ponto dos médicos. O problema foi apresentado à Justiça em ação civil pública proposta pelo MPE (Ministério Público Estadual), em 2016, na intenção de cobrar o município medidas para rigorosas para controle de horário dos servidores.

Problemas com médicos que não cumpriam o horário ou iam até as unidades de saúde, mas não realizam atendimentos, estavam entre as constatações das investigações. No caso dos especialistas, o resultado do quadro limitado e baixo índice de atendimento são filas de pelo menos 12 mil pessoas aguardando por consultas na rede pública de saúde da Capital.

No regime de produtividade, as metas são quantitativas, baseada no número de atendimentos feitos, e qualitativas, que podem ser avaliadas por questionários respondidos pelos próprios pacientes. Com isto, os médicos podem fazer carga horária menor em determinados dias, desde que cumpram pelo menos 50% do tempo de trabalho. O número de consultas será estabelecido de acordo com a demanda do município.

A previsão é que com a flexibilização dos horários, o quadro de médicos aumente pelo menos 30%.

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