Em cerimônia rápida, família se despede de pai e filho mortos em acidente

Dez minutos é pouco tempo para relembrar as histórias de duas vidas que se foram de forma tão trágica. Mas foi o quanto durou o sepultamento de Joel da Silva de Lima, 52 anos, e o filho Jeiel Santana de Lima, 27 anos, mortos no engavetamento envolvendo cinco veículos pela BR-163, na saída para São Paulo, na tarde de ontem (13).

A cerimônia rápida foi com os dois caixões fechados, por conta do estado dos corpos, completamente carbonizados após o acidente. Pouco tempo, mas que foi bem aproveitado com uma série de homenagens, lembranças, orações, pesares. Cerca de 50 pessoas estiveram pelo CemiterioPark Monte das Oliveiras para um último adeus.

A tristeza dava o tom para o choro dos familiares, amigos, como quem ainda não acreditava no que havia acontecido e até evitava relembrar o acidente com a reportagem.

Ao canto o avô acompanhava a pequena cerimônia, sentado, tremendo e chorando muito por perder filho e neto. Mesma dor sentida pela mãe, agora viúva e também sem um dos três filhos.

Quão dolorida não deve ser a dor de uma mãe ao enterrar o filho e marido, de uma só vez?

“Pessoa doce, delicada. Agradeço pelo seu carinho e amizade para sempre porque você era uma pessoa maravilhosa”, disse um amigo de Jeiel, durante o momento de despedidas.

“Homem trabalhador, guerreiro. Que ia para fazenda trabalhar e trazer sustento da família. Um homem de garra" se orgulhou um amigo da família ao falar do caminhoneiro.

Joel trabalhava também com condutor de maquinas agrícolas e passava a maioria dos dias em fazendas. Jeiel que era dentista em Nova Alvorada era conhecido pelo jeito cuidadoso e carinhoso com a família.

Seguia dieta rigorosa contra diabetes mesmo sem sofrer com o transtorno só para apoiar a mãe. Ainda segundo uma familiar, de 41 anos, ontem (13) ele e o pai teriam saído da casa do avô para testar a mecânica do veículo Citrôen C3 pela rodovia.

Foi quando próximo ao Aeroporto Teruel, no quilômetro 465 da rodovia os dois foram atingidos pela traseira por uma carreta, no engavetamento com mais três veículos.

O Citroen explodiu, pai e filho morreram na hora, assim como o caminhoneiro Adeilton Rosa da Veiga, 38 anos. O trabalho de resgate se “arrastou” por toda a tarde, mas só no início da noite que os socorristas conseguiram tirar os dois corpos da ferragem do veículo que foi completamente destruído. Após as homenagens, Joel foi enterrado primeiro e em seguida o filho.

Acidente – Além das três mortes uma mulher, não identificada, também teve ferimentos leves por conta do engavetamento. Outras três pessoas não tiveram ferimentos e recusaram atendimento.

O acidente aconteceu na rodovia BR-163, na saída para São Paulo, próximo do perímetro urbano de Campo Grande. A primeira carreta foi quem causou as colisões, ao não perceber o tráfego parado por causa de obras na pista, funcionando no sistema pare-e-siga, e bater na traseira do carro, que foi prensado na traseira de outra carreta.

Houve explosão e além do veículo, as duas carretas e até pastagem às margens da pista pegaram fogo. A carreta ainda colidiu em uma F-4000 baú e outra carreta. Os trabalhos de resgate ocorreram por toda a tarde enquanto o tráfego pela 163 era desviado por fora da pista.