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Capital

Em dia de confraternização, calçadas são a cama de quem vive na rua

Em 2017, atendimentos no Cetremi aumentaram 20%. Durante o ano mais de 116 pessoas em situação de rua receberam assistência

Geisy Garnes e Bruna Kaspary | 25/12/2017 10:08
Homem dorme na calçada de uma farmácia da 14 de julho (Foto: André Bittar)
Homem dorme na calçada de uma farmácia da 14 de julho (Foto: André Bittar)

Uma cena que tem ficado cada vez mais aparente em Campo Grande, a presença de moradores de rua em vários locais, repete-se nesta manhã de Natal. Em apenas uma volta pelas ruas da cidade, a reportagem encontrou pessoas dormindo nas calçadas em uma data que é marcada pela confraternização entre as famílias.

A manhã de Natal na Capital seria marcada por uma cidade quase vazia, se não fosse os moradores de rua dormindo, encolhidos na frente dos comércios, igrejas e até cemitérios. Invisíveis aos olhos da maioria das pessoas, seguem reclusos nos cantos que “escolheram para chamar de seu”.

Nesta segunda-feira, em frente a uma farmácia da Avenida Afonso Pena, um homem de aparentes 35 anos dorme. Sem cobertor e com os pés descalço, ele se encolhe para afastar o frio. A cena no local é comum para quem trabalha no local e chega a despertar o sentimento de insegurança.

“Todo dia tem gente aqui, tem um que é morador mesmo, nunca sai daqui. É normal”, contou um dos funcionários da farmácia, que por medo de represália, preferiu não se identificar. "Sempre ficam dois aqui. Um dorme na parede da Afonso Pena e o outra na da 14 de julho. Mas eles não causam transtorno, levantam e vão embora”, contou o funcionário da farmácia.

Olhando para o rapaz que dormia na calçada, ele lembrou que não é o que sempre encontra ao chegar ao trabalho. “O outro é mais novo".

Encolhido para afastar o frio, o homem dorme na calçada de uma farmácia (Foto: André Bittar)
Encolhido para afastar o frio, o homem dorme na calçada de uma farmácia (Foto: André Bittar)
A rampa de um prédio virou 'casa' para o morador de rua (Foto: André Bittar)
A rampa de um prédio virou 'casa' para o morador de rua (Foto: André Bittar)

Conhecida como ponto de ‘encontro’, a Igreja Santo Antônio amanheceu ‘cheia’. O grupo se reuniu mais uma vez no local. Encostados na paredes da catedral alguns fazem uso de droga, enquanto outros dormem. A cena se repete no Cemitério Santo Amaro, onde várias pessoas em situação de rua decidiram fazer abrigo as calçadas da Avenida Presidente Vargas.

Com base nos dados do Cetremi (Centro de Triagem e Encaminhamento do Migrante) e no trabalho as abordagens dos próprios funcionários da secretaria, a SAS (Secretaria Municipal de Políticas e Ações Sociais e Cidadania) registrou aumento no número de atendimentos a moradores de rua em 2017.

Em 2016, a média mensal de atendimentos no Cetremi foi de 97 pessoas. Neste ano, essa média subiu para 116 assistências a pessoas em situação de rua. A alta é de quase 20%. As abordagens também tiveram um crescimento significativo, passaram de 54 pessoas por mês, para 77, uma alta de 42%.

Na Capital, a SAS conta com centros de apoio essas pessoas em situação de rua. O Cetremi é o abrigo onde eles podem passar a noite, e é procurado, principalmente em épocas de baixas temperaturas.

Além de lá, essas pessoas também têm o Centro Pop e a Casa de Passagem, locais onde podem passar o dia, se alimentar e tomar banho, em seguida, se desejarem, são recolhidos ao abrigo para passar a noite. As abordagens são outra forma de fazer com que os moradores das ruas tenham algum apoio, mas muitas vezes esse é recusado.

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