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Capital

Em júri, irmão diz que PM foi morto por quem tinha obrigação de proteger

Tanto vítima quanto autor eram policiais militares. O crime aconteceu após dicussão sobre a compra de um carro

Viviane Oliveira e Bruna Marques | 22/10/2021 09:46
Sebastião, de blusa colorida, se preparando para entrar no Tribunal do Júri. (Foto: Henrique Kawaminami)
Sebastião, de blusa colorida, se preparando para entrar no Tribunal do Júri. (Foto: Henrique Kawaminami)

É julgado desde as 8h desta sexta-feira (27), o ex-sargento da Polícia Militar César Diniz da Silva, 47 anos, pelo assassinato do tenente aposentado João Miguel Além Rocha, 50 anos, ocorrido há mais de 4 anos, no Bairro Nova Lima, em Campo Grande. Presidido pelo juiz Aluísio de Azevedo, o julgamento acontece na 2ª Vara do Tribunal do Júri.

O crime aconteceu no dia 1º de julho de 2017, durante uma discussão entre os dois militares sobre a compra de um Nissan Sentra. “Ele era funcionário do governo, tinha obrigação de proteger, mas sempre tem umas coisas torpe na vida, que leva o ser humano para outro caminho”. O desabafo é do comerciante Sebastião Alberto Além Rocha, 56 anos, irmão da vítima, que mora em Corguinho e veio acompanhar o julgamento com outro irmão e um sobrinho.

Em entrevista à reportagem, Sebastião contou que João Miguel deixou três filhos, dois deles já adultos entraram em depressão após a morte do pai. “A minha de 86 anos também teve problema após o assassinato. Meu irmão convivia muito com ela. Era ele quem a levava ao médico e cuidava dela. Depois disso, ela perdeu a vontade de viver”, contou.

Segundo o comerciante, nada vai trazer o irmão de volta, mas espera que a justiça seja feita. “Sempre há brechas na Justiça brasileira, mas contratei um advogado que auxiliou no inquérito e vai auxiliar no júri também. Até para termos garantia de uma Justiça mais rígida”. Hoje, será a primeira vez que o irmão vai ficar cara a cara com o réu.

“Aprendi a ter naturalidade ao me deparar com os problemas. Quero que a justiça seja feita. Ele [o réu] acabou com a vida de uma pessoa que tinha tudo pela frente. Eu tinha planos de viajar com o meu irmão Brasil afora", disse. A família da vítima contratou os criminalistas Fábio Trad Filho e Luciana Abou Ghattas como assistentes de acusação, conforme a lei permite.

Caso - Durante a explanação aos jurados, o advogado Sebastião Francisco dos Santos Júnior, responsável pela defesa de César, irá apresentar uma animação, que mostra a dinâmica do crime. O vídeo ilustra a discussão que resultou na morte do policial aposentado durante uma discussão entre os dois militares sobre a compra de um Nissan Sentra.  Veja, abaixo, a animação.

Na ocasião, conforme relataram testemunhas à polícia, César e João Miguel discutiram e trocaram agressões por volta das 10h, na Avenida Gualter Barbosa, no Bairro Nova Lima. Durante a briga, o ex-sargento sacou a arma e atirou contra o tenente aposentado, que chegou a ser socorrido, mas morreu no hospital.

Uma terceira pessoa que estava no local também ficou ferida. César Diniz estava, na época, afastado do trabalho nas ruas, em razão de problemas nos ligamentos do tornozelo. Dias depois após o crime, ele se apresentou à Polícia Civil e confessou o assassinato. Quase dois anos depois do crime, em junho de 2019, o terceiro sargento da Polícia Militar foi expulso da corporação.

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